Polícia descartou a participação de um casal que havia doado peixes
para a família, mas agora busca identificar quem colocou a substância no arroz.
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Mária de Fátima, irmã de Francisca, afirmou que preparou o arroz TV ANTENA 10 |
Maria de Fátima, irmã de Francisca, que está internada e perdeu dois
filhos por envenenamento, afirmou em entrevista à TV Antena 10 que foi a
responsável por preparar o arroz que foi consumido pela família, em
Parnaíba, litoral do Piauí. Laudos apontaram que havia a substância Terbufos no
alimento, e o fato deixou três mortos. A terceira vítima, Lauane da Silva,
de 3 anos, faleceu na manhã desta segunda-feira (06), e outras seis pessoas
também chegaram ser internadas com os sintomas. Apesar dessa informação, a
Polícia Civil busca identificar quem colocou a substância no alimento.
No dia do ocorrido, 1º de janeiro, a mulher afirmou que o arroz havia
sido preparado para o jantar da virada de ano, e todos comeram
normalmente. Ela disse que contou com o auxílio da irmã, e que estavam
suspeitando das manjubas recebidas pela família. Ela foi enfática ao dizer
que a contaminação não seria no prato que ela havia preparado, mas, sim, no
alimento doado. Ela também disse que não consumiu o arroz.
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Alimento apreendido pela polícia na casa | Reprodução |
"Nós estamos condenando a manjuba porque a única coisa diferente
que comemos. Nós, não, eles, porque eu não estava aqui. Esse arroz fui eu. A
gente preparou esse arroz na virada. Todo mundo jantou, tudo normal. Quando
foram comer com a manjuba, passaram mal. Então, pra mim eu acho que não foi o
arroz, mas misturando com o arroz o alimento, contaminou tudo. Mas o arroz eu
tenho certeza que não foi porque quem fez fui eu e minha irmã", destacou a
mulher durante entrevista à TV Antena 10 no dia 2 de janeiro.
Com a constatação, a Polícia Civil descartou de suspeita o casal que
fez a doação das manjubas e agora busca identificar quem inseriu a
substância no arroz. Não é ignorada a possível participação de algum membro da
família, considerando que o veneno teria sido adicionado durante a preparação
do almoço.
Os laudos confirmaram a presença da substância Terbufos no arroz
consumido pela família. De acordo com as autoridades, essa substância é
extremamente tóxica e amplamente utilizada na formulação de pesticidas e
agrotóxicos.
"Os laudos constataram a presença da substância terbufós, considerada
venenosa, que causa um dano, que pode chegar a morte. Encontramos apenas no
arroz, não tinha nada no peixe, segundo o laudo do instituto de criminalista. A
partir dos laudos do IML, a gente alinha o entendimento de que houve homicídio,
então temos até o momento, um duplo homicídio e sete tentativas", afirmou
o delegado em entrevista à TV Antena 10, na manhã desta segunda-feira
(06).
Segundo o delegado, a substância trata-se de um agrotóxico, e o uso é
permitido apenas na agricultura. "É vendido de forma livre, mas não se usa
em residências. É um desvio do uso que acaba levando uma substância perigosa
para dentro de casa. Algumas pessoas usam como veneno de rato", destacou.
Durante essa semana, a polícia vai ouvir mais pessoas para aprofundar
as investigações e identificar a autoria do crime. "Vamos ouvir todas as
pessoas que estavam dentro do imóvel no momento da preparação [ do almoço] , e
esclarecer se entrou algum estranho na casa nesse período. Depois disso, vamos
trabalhar em cima da autoria", destacou.
Das sete vítimas, seguem internadas Francisca Maria Silva e a filha
Gabriela. Ela é mãe também do pequeno Davi que faleceu. O A10+ apurou
que ela se encontra entubada em estado grave no Hospital Nossa Senhora de
Fátima. As duas crianças foram transferidas para o Hospital de Urgência de
Teresina (HUT), sendo que a de 3 anos faleceu nesta madrugada.
Sobre as vítimas
O caso foi registrado na quarta-feira (01), no conjunto Dom Rufino
II, em Parnaíba, litoral do Piauí. Três pessoas da família faleceram; foram
elas Manoel Leandro da Silva, de 18 anos e o pequeno Davi Ígno
Fontenelle Pereira Silva, de apenas 1 ano e 8 meses, e Lauane, a criança
de 3 anos. Outras vítimas foram internadas com os mesmos sintomas.
As vítimas são parentes dos irmãos que, em agosto de 2024, foram
envenenados após consumirem cajus. Francisca Maria da Silva, de 32 anos,
mãe dos meninos Ulisses Gabriel e João Miguel, encontra-se em estado
gravíssimo.
Por: Renayra de Sá e Verônica Costa | Fonte: Portal A10+