Filhote ficará cerca de dois
anos em Centro de Reabilitação até ser devolvido à natureza.
O filhote de peixe-boi (Trichechus manatus) que encalhou na praia de Luis
Correia, na última terça-feira (6) e que estava na base do ICMBio, em Cajueiro
da Praia, está sendo transferido neste sábado (10) de avião para uma das bases do Centro
Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste
(CEPENE). Lá, ele será assistido por profissionais especializados que devem
trabalhar na sua adaptação.
O bebê, que mede aproximadamente 1,30 metro e deve ter de 30 a 40 dias de vida,
encalhou pela primeira vez na praia e foi socorrido por turistas que tentaram
devolvê-lo ao mar onde sua mãe aguardava ansiosamente. Porém, logo depois, o
filhote voltou a encalhar e desta vez não foi possível juntá-lo à mãe.
“Aquela é uma região com ondas fortes e rebentação, o que facilitou o encalhe,
ainda mais de um animal tão jovem”, explicou o servidor da Área de Proteção
Ambiental (APA) Delta do Parnaíba, Heleno Francisco dos Santos, que participou
de toda a operação de resgate.
O bebê peixe-boi foi levado à base do ICMBio em Cajueiro da Praia onde ficou
provisoriamente e amanhã será concretizada a sua transferência para Itamaracá
(PE) que deve ser o lar do filhote por pelo menos dois anos. “Por ser muito
pequeno, ele deve passar toda a sua infância no Centro, até a sua idade
adulta”, explica dos Santos. Nos dois primeiros anos, o peixe-boi-marinho será
amamentado com um composto de leite de soja e posteriormente será introduzido à
alimentação natural da espécie, como algas e o capim-agulha, o favorito dos
animais.
O filhote será o 13º animal na Base de Itamaracá e terá um tanque individual
para si. Após os dois anos no Centro, ele deve ser levado a um cativeiro
natural na Costa dos Corais onde será monitorado para avaliar sua adaptação.
“Só depois disso poderemos saber se o peixe-boi-marinho tem condições de
sobreviver no ambiente selvagem”, explica o coordenador do CEPENE, Leonardo
Messias.
Se tudo der certo, a expectativa, de acordo com Heleno dos Santos, é que o
animal volte às águas piauienses. “É incerto se ele vai voltar a ter contato
com a mãe, mas em reabilitações anteriores já constatamos sucesso na interação
de machos e fêmeas reabilitados com outros de sua espécie, inclusive com
reprodução”, conta Messias.
A espécie
O peixe-boi-marinho é uma espécie de mamífero marinho que ocupa a costa dos
Estados Unidos, Caribe e litoral nordeste brasileiro. No Brasil, a população é
estimada em cerca de 500 indivíduos, sendo considerada, portanto, uma espécie
em perigo de extinção. Estes animais podem atingir até 4 metros de comprimento
e até 2 anos são completamente dependentes da mãe.
Em condições normais, esses animais podem viver até 60 anos na natureza. As
fêmeas geralmente tem um filhote por vez e se dedicam somente a eles nos dois ou
três primeiros anos de vida.
Este animal já esteve em vias de extinção devido à caça predatória que visa seu
couro e carne. Atualmente, a degradação dos ambientes marinhos causadas pela
poluição e lançamento de resíduos sólidos são grandes ameaças às vidas do
mamífero. Em relação aos filhotes, o fato deles ficarem presos acidentalmente
em redes de pesca também é um grande risco.
Por Ramilla Rodrigues/ICMBio | Jornal da Parnaíba