Família morreu no Piauí após comer baião-de-dois envenenado
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Casa destruída pela população |
A defesa de Lucélia Maria da Conceição Silva, 53, que chegou a ser
presa e teve a casa destruída pela população após ser suspeita de matar duas
crianças envenenadas com cajus, vai processar o Estado por danos morais e
materiais.
O valor calculado até agora pelo advogado gira em torno de R$ 300 mil.
O caso aconteceu em Parnaíba (a 340 quilômetros de Teresina).
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Lucélia Maria da Conceição Silva, 53 anos |
No total, a polícia investiga oito mortes por envenenamento. Estão
presos Francisco de Assis Pereira da Costa, 53, desde 8 de janeiro, e a mulher
dele, a dona de casa Maria dos Aflitos da Silva, 52, desde o dia 31.
Ela é avó de quatro dos mortos, todos crianças, e mãe de dois dos
adultos. Maria dos Aflitos confessou, segundo a polícia, ter matado no dia 22
de janeiro com café envenenado uma outra vizinha, Maria Jocilene da Silva, 41.
A dona de casa acusa o marido de ter matado os integrantes da família.
Francisco nega os crimes.
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Lucélia Maria da Conceição Silva |
Segundo o advogado Sammai Cavalcante, Lucélia Silva vive com medo e
evita sair na rua. Antes em casa própria, hoje precisa arcar com aluguel, que
paga com a aposentadoria.
A vida dela mudou radicalmente no dia 23 de agosto do ano passado
quando foi acusada de envenenar duas crianças, um de 7 anos e outro de 8 anos,
seus vizinhos.
No dia da prisão, a polícia encontrou veneno no quarto de Lucélia. No
mesmo dia, o marido, que tem deficiência visual, e o filho de Lucélia tiveram
que chamar a polícia, pois a casa dela foi apedrejada e incendiada.
Ela passou quatro meses e 20 dias na Penitenciária Feminina em Teresina
e só foi solta após perícia constatar que os meninos não foram envenenados com
cajus.
Segundo a polícia, as frutas foram recolhidas para serem analisadas no
dia do envenenamento, mas o resultado do exame demorou mais de quatro meses
para sair.
O Departamento de Polícia Científica do Piauí alegou falta de insumos,
porque o laboratório de toxicologia de Teresina era recém-inaugurado. De acordo
com a polícia, os meninos foram intoxicados com suco.
O advogado de Lucélia informou que pediu ao Ministério Público do Piauí
a antecipação do julgamento e a dispensa de produção de provas testemunhais.
"Lucélia Maria é 100% inocente e passou por uma experiência brutal
na cadeia com ameaças de morte. Vamos pedir a extinção do processo, pois não
existe a necessidade de produção de provas com a confissão de Maria dos Aflitos
e a prisão de Francisco de Assis", disse Sammai Cavalcante.
Sobre o veneno encontrado na casa da aposentada, Sammai disse que é
hipocrisia da polícia, pois é frequente os moradores de Parnaíba usarem o
produto para matar ratos, formigas e cupins.