Foram feitos mais de 150 exames periciais no caso. Antônio Nunes disse que demora no laudo dos cajus é mito e que fazer perícia “não é como passa no CSI”.
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IML rebate e críticas e diz que agiu “da forma mais perfeita possível” | |
O principal deles foi a informação de que os cajus, que supostamente teriam sido dados por dona Lucélia aos meninos, não estavam envenenados, como havia sido divulgado anteriormente. A demora na perícia das frutas levantou questionamentos sobre o trabalho de perícia da Polícia Civil do Piauí. No entanto, o perito-geral do Instituto de Criminalística do Estado, Antônio Nunes, é contundente ao afirmar que não houve erros no processo e que o IML agiu com perfeição no caso e que fazer exames não é como se vê em séries de TV.
Em entrevista ao programa Comando Geral, da FM O Dia, nesta quinta
(06), o chefe do IML do Piauí negou que tenha havido atraso no laudo dos cajus.
Este laudo foi entregue no começo de janeiro deste ano, após o envenenamento de
mais nove pessoas da mesma família. O envenenamento de João Miguel e Ulisses
aconteceu em agosto de 2024. Segundo Antônio Nunes, o que houve foi demora
na chegada dos reagentes para a realização dos exames no laboratório
toxicológico recém-aberto no Piauí.
Este laboratório só foi entregue em outubro, mas sua aparelhagem total
demorou mais algumas semanas. A polícia optou por aguardar a conclusão das
instalações e a chegada dos reagentes recém-comprados para fazer aqui os exames
toxicológicos relacionados aos envenenamentos. Isso, porque se mandasse para
outros estados as amostras para a perícia, o resultado demoraria mais a sair.
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Antônio Nunes é perito-geral da Polícia Científica do Piauí | |
Antônio Nunes explica: “Agimos da forma mais perfeita possível. Há um mito de que houve um atraso. Não houve. Os reagentes chegaram no final do ano e entregamos no começo de janeiro o resultado da perícia nos cajus. Os exames nos estômagos das vítimas mostrando o veneno foram entregues bem antes, porque na época do ocorrido, já tínhamos o reagente. Por que não mandamos para outro estado os cajus? Vou dar um exemplo: em 2014, passei quatro anos tentando mandar para outros estados um exame em um sorvete e no sangue de uma vítima suspeita de envenenamento. Eles não faziam os exames ou quando faziam, estavam abarrotados pelas próprias demandas. Só podiam receber em quatro a cinco meses”, diz o perito-geral do Piauí.
No caso dos envenenamentos em Parnaíba, a Polícia Científica do Piauí
fez mais de 150 exames para anexar aos autos e apontar as provas técnicas. Para
que fosse emitido um laudo, foram precisos pelo menos seis a sete exames com
cada amostra para calibrar as máquinas e ver a dosagem mínima de detecção do
veneno. Antônio Nunes diz que se fossem enviar todos os exames para serem
feitos em outros estados, a demora na emissão dos laudos seriam infinitamente
maior.
“Veja bem. A lei obriga que todo cadáver vítima de acidente de trânsito seja submetido a exame toxicológico. Vocês têm noção de quantas pessoas acidentadas no trânsito têm? Olha o tanto de exame. Todo laboratório no Brasil tem essa demanda. Quando tem um caso de envenenamento, várias coisas são feitas ao mesmo tempo. A gente não joga tudo em uma máquina e sai o laudo com dois minutos, como passa no CSI”, justifica.
Os laudos produzidos pelo IML foram todos anexados no inquérito
conduzido pelo delegado Abimael Silva, que deverá indiciar Francisco de
Assis Pereira Costa e Maria dos Aflitos da Silva pelas mortes dos filhos e
netos.
Por: Maria Clara Estrêla | O Dia
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