O acusado de atirar no advogado é integrante da facção criminosa
“Comando Vermelho”.
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Francisco Jefferson da Silva Cruz, mais conhecido como "Anjo da Morte" |
A Defensoria Pública do Estado do Piauí ingressou com recurso em
sentido estrito pedindo a absolvição de Francisco Jefferson da Silva Cruz, mais
conhecido como "Anjo da Morte", integrante da facção criminosa
“Comando Vermelho”, pronunciado pela juíza Maria do Perpetuo Socorro Ivani de
Vasconcelos, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Parnaíba, para ser julgado pelo
Tribunal Popular do Júri, acusado de tentar matar o advogado André de Almeida
Sousa e Silva, filho do presidente do Tribunal de Justiça do Piauí,
desembargador Hilo de Almeida.
Segundo a petição recursal, as provas juntadas aos autos demonstram que
o acusado não praticou crime, e que agiu em legítima defesa, sob domínio de violenta
emoção, logo após ser provocado pela vítima. O defensor relata que o acusado
agiu “moderadamente dos meios necessários de que dispunha”, por ter feito um
único disparo de arma de fogo para fazer cessar a agressão que sofria, e narra
que ele estava em visível desequilíbrio de forças, já que a vítima estava na
companhia de outro homem.
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Advogado André de Almeida Sousa e Silva |
O recurso ressalta que os depoimentos prestados em juízo dão conta que
o acusado foi provocado injustamente pelo advogado, em razão dele ter mostrado
suas partes íntimas para as mulheres que estavam na companhia do acusado, e
pelas agressões verbais e vias de fato provocadas pela vítima contra o acusado.
O defensor Antonio Caetano de Oliveira Filho refuta as qualificadoras
da decisão de pronúncia, que evidencia, segundo ele, um excesso de acusação,
pois foi imputado ao acusado as qualificadoras de motivo fútil e do meio que
dificultou a defesa do ofendido. Afirmando que precisam ser provadas, frisa que
a qualificadora aumenta e muito a pena: dobra a pena mínima e aumenta em um
terço a máxima e, ainda, transforma o crime em hediondo, prejudicando
injustamente o recorrente.
Caso não seja absolvido, o defensor pede a desclassificação da acusação
para o delito de homicídio privilegiado, e a exclusão das qualificadoras.
O recurso foi recebido ontem (28) pelo juízo da 1ª Vara Criminal de
Parnaíba.
Denúncia
De acordo com a denúncia, por volta das 02h da manhã, do dia 22 de
março de 2023, a vítima estava em uma mesa com outras pessoas no bar “Gela
Guela”, localizado na Avenida São Sebastião, próximo à Universidade Federal do
Delta do Parnaíba (UFDPar), em Parnaíba.
Consta ainda que em outra mesa, estava Francisco Jefferson, na
companhia de três mulheres, que eram: Suzana do Nascimento Gomes, vulgo
“Sereia”, sua companheira, Ana Caroline Lins de Carvalho e Jordania Santos
Carneiro de Brito.
Conforme o apurado, André tentou abrir a porta do banheiro para urinar,
todavia, já estava ocupado por Francisco Jefferson, que fechou a porta. Diante
disso, a vítima se afastou e urinou fora do banheiro, atrás de uma planta, o
que causou a indignação de Ana Caroline e Jordania, que passaram a xingá-lo.
O membro ministerial continuou relatando na denúncia que a vítima
voltou para a mesa em que estava, sendo seguido pelas mulheres, ocorrendo outra
discussão, que culminou na tentativa de agressão delas contra André. Contudo,
Francisco Jefferson se aproximou e empurrou a vítima, naquele momento,
ocorrendo uma brevíssima luta corporal.
“Todavia, abruptamente, o ora denunciado sacou de uma arma de fogo e
efetuou um disparo contra André, em seu rosto, que caiu ao chão, despejando
grande quantidade de sangue. Após o fato, todos empreenderam fuga, tendo o
denunciado tomado o sentido do Bairro Pindorama, pelo acesso da Rua Santa
Cecília”, diz trecho da denúncia.
Prisão
Francisco Jefferson foi preso, no dia 25 de março, no bairro Jardim
Vitória, em Parnaíba. Ele estava com a esposa, Suzana do Nascimento Gomes, que
está grávida.
Por: Gil Sobreira | GP1