sexta-feira, maio 10, 2024

Justiça do Piauí determina transferência de bebê de 10 dias com condição grave para hospital de Teresina

Maria Lyz foi diagnosticada com uma condição médica grave que impede a alimentação. O Estado do Piauí foi instruído a garantir a transferência imediata da paciente. A Sesapi informou que está agilizando os trâmites burocráticos para a transferência.

Hospital Dirceu Arvoverde (Heda), em Parnaíba — Foto: Patrícia Andrade/G1

Familiares da recém-nascida Maria Alzenira Lyz Santos Rocha, de 10 dias de vida, solicitam o cumprimento imediato de uma decisão judicial proferida pelo Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) que determina a transferência da bebê do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba, para o Hospital Infantil Lucídio Portela (Hilp), em Teresina.

Maria Lyz foi diagnosticada com uma condição médica grave que a impede a alimentação. Por conta disso, em 10 dias ela, que nasceu com 3,130 kg, já perdeu quase 500 gramas.

A decisão foi proferida na última segunda-feira (6), mas a criança ainda não foi transferida. De acordo com Laura Santos, tia da criança, o caso dela requer uma cirurgia que o Heda não tem estrutura para realizar.

“Estamos aguardando. A gente entrou com o pedido na Defensoria Pública, o juiz deu a liminar, só que essa liminar o Estado ainda não respondeu. Essa criança está sem ser alimentada, está cansada e precisa o mais rápido possível dessa cirurgia”, disse.

Além da cirurgia, a bebê necessita de um ecocardiograma para identificação do arco da aorta, um exame importante para que a cirurgia possa ser feita, mas que é feito pelo Heda apenas uma vez por mês. A família tentou fazer em um hospital particular, mas Maria Lyz não pode ser tirada do hospital.

A bebê foi diagnosticada com atresia do esôfago com fístula traqueoesofágica, condição congênita rara em recém-nascidos, na qual o esôfago (o tubo que transporta alimentos da boca para o estômago) não se desenvolve corretamente durante a gestação.

Nessa condição, o esôfago pode terminar em um saco cego, não se conectando ao estômago, e há uma conexão anormal entre o esôfago e a traqueia (fístula traqueoesofágica). Isso resulta em dificuldades para o bebê engolir alimentos e líquidos, pois eles não conseguem passar pelo esôfago normalmente.

A decisão, proferida pelo juiz Caio Emanuel Severiano, da 3ª Vara Cível da Comarca de Parnaíba, destaca a urgência do caso, enfatizando que a vida da criança está em risco devido à gravidade da condição.

"Determino que seja intimado o estado do Piauí, por sua Procuradoria, assim como o(a) diretor(a) responsável técnico pelo Hospital Estadual Dirceu Arcoverde e o coordenador da regional de saúde do estado do Piauí em Parnaíba da decisão de tutela de urgência, determinando que todos comuniquem a Central de Regulação do Estado do Piauí acerca da decisão, comprovando nos autos o cumprimento da medida. Cumpra-se com urgência, com as intimações e expedientes necessários”, consta na decisão.

O Estado do Piauí foi instruído a garantir a transferência imediata da paciente para um hospital capacitado, com preferência para o Hospital Infantil Lucídio Portela, em Teresina. Procurado, o Hilp afirmou que está apurando o caso.

Além disso, a decisão estabelece multa diária no valor de R$ 20.000,00, limitada a R$ 300.000,00, para o caso de descumprimento da determinação judicial. Aqueles que obstruírem o cumprimento da ordem também podem ser responsabilizados pessoalmente.

*Estagiária sob supervisão de Maria Romero.

Por Izabella Lima*, g1 PI

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