A Sejus diz que não pode proibir a entrada de crianças e adolescentes
dentro das unidades prisionais para visitar os pais. Para o STJ, os
estabelecimentos prisionais são ambientes impróprios à formação psíquica e
moral dessa faixa etária.
![]() |
Crianças transitam em pavilhões da Penitenciária Mista de Parnaíba — Foto: Divulgação/Sinpoljuspi |
A Secretaria de Justiça (Sejus) do Piauí abriu sindicância para apurar
a responsabilidade na presença de crianças em pavilhões da Penitenciária Mista
de Parnaíba, Litoral do estado. Um vídeo divulgado pelo G1 mostra uma
criança e um bebê de colo transitando pelos corredores do local onde os
presos estão alojado.
Matéria relacionada: Vídeo mostra criança e bebê de colo transitando em pavilhões de Penitenciária Mista de Parnaíba.
Matéria relacionada: Vídeo mostra criança e bebê de colo transitando em pavilhões de Penitenciária Mista de Parnaíba.
"A Sejus vai apurar se teve responsabilidade de algum servidor nesse caso. A penitenciária de Parnaíba tem uma brinquedoteca em funcionamento e vai apurar porque a criança foi visitar o pai dentro do pavilhão", declarou Charles Pessoa, diretor de inteligência da Sejus.
Segundo o diretor, a Secretaria não pode proibir a entrada de crianças
e adolescentes dentro das unidades prisionais para visitar os pais, que estão
privados de liberdade. Ele destacou que o secretário de Justiça, Carlos
Edilson, vem construindo brinquedotecas para tornar o sistema mais humanizado.
"Tem uma previsão legal no próprio Estatuto da Criança e
Adolescente, que permite visita infantil nos presídios", comentou Charles
Pessoa.
Denúncia
De acordo com o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí
(Sinpoljuspi), uma antiga sala de oficina foi pintada para servir como
brinquedoteca na Penitenciária de Parnaíba, mas o espaço não é utilizado porque
falta estrutura, como servidores e material para as crianças.
O sindicato denuncia que durante as visitas, as crianças chegam a ficar
o dia todo trancadas com as mães e os detentos na cela. "Não existe um
espaço lúdico para elas ficarem, algumas ficam tão nervosas com o ambiente que
choram", revelou o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do
Piauí (Sinpoljuspi), Kleiton Holanda.
O presidente do Sinpoljuspi destacou o caso registrado na Penitenciária
Major César em 2017. Um garoto de 13 anos foi encontrado dentro de uma
cela com sete presos por estupro. Para a polícia, o abuso sexual não ocorreu,
mas tudo leva a crer que o garoto poderia ser molestado, mas que a ação dos
agentes penitenciários na vistoria talvez tenha impedido o crime.
O que diz a lei
De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, embora o
direito de visitas seja expressamente assegurado pela Lei de Execução Penal
(Lei 7.210/84), essa lei não deve se sobrepor aos direitos dos menores. Até
mesmo porque, conforme o STJ, os estabelecimentos prisionais são ambientes
impróprios à formação psíquica e moral de crianças e adolescentes, protegidos
pelo artigo 227 da Constituição Federal.
Procurada pelo G1, a juíza da 1ª vara da infância e da juventude
de Teresina, Maria Luíza de Moura Melo, reprovou o acesso de crianças aos
pavilhões onde os presos são alojados.
"Não existe permissão ou autorização do juizado para esta prática,
mesmo que o menor esteja acompanhado do responsável", explicou a juíza.
Por Catarina Costa/G1 | Edição: Jornal da Parnaíba
Nenhum comentário:
Postar um comentário