Caos generalizado: Faltam médicos, ambulâncias, insumos e medicamentos além de atraso de
salários e fornecedores e problemas estruturais.
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Presidente do CRM-PI, Drª Mírian Palha Dias Parente durante a fiscalização do hospital de Campo Maior |
Após um áudio que vazou pela internet no início dessa semana, com
denúncia da então diretora geral do Hospital Regional de Campo Maior, Jardênia
Ribeiro de Sousa, a diretoria do Conselho Regional de Medicina – CRM-PI, fez
uma fiscalização em todas as dependências do hospital na tarde/noite desta
quinta-feira (23). Na oportunidade, a direção financeira do hospital reafirmou
que os recursos não estão sendo suficientes para cobrir as despesas necessárias
com insumos e medicamentos. Também falta uma série de medicamentos e a escala
médica encontra-se reduzida, principalmente para algumas cirurgias.
Diretoria do CRM-PI com o promotor de justiça durante a fiscalização do hospital |
Dívidas com fornecedores chega a 1 ano
A fiscalização contou com a presença da presidente do CRM-PI, Drª
Mírian Palha Dias Parente, do vice-presidente, Dr. Dagoberto Barros da
Silveira, além do promotor de Justiça da Comarca de Campo Maior, Dr. Maurício
Gomes de Sousa, e corpo técnico do CRM-PI. O diretor financeiro do hospital,
Robert Sousa Alves, confirmou as informações da ex-diretora Jardênia Sousa, de
que mensalmente os fornecedores estão sendo pagos apenas com parte da dívida,
pois o montante do recurso que chega não é suficiente para cobrir as despesas
com insumos e medicamentos. Para se ter uma ideia, neste mês de agosto, o
recurso que entrou na conta do hospital foi de R$ 402 mil (referente a julho),
aproximadamente R$ 239 mil são para pagar a folha de pagamento, além de outras
despesas e somente sobram R$ 70 mil para pagar fornecedores, recurso nem de
longe suficiente para tal. Segundo a direção do hospital, são necessários
mensalmente um montante de R$ 120 mil somente para a compra de medicamentos e
material hospitalar. Também foi informado que a dívida com fornecedores de
janeiro a agosto desse ano já passa de R$ 400 mil.
Diretoria do CRM-PI com a diretoria financeira do hospital. |
Profissionais sem vínculo empregatício
Além disso, o hospital que possui 110 leitos, conta com 140
profissionais, grande parte sem nenhum vínculo e nem contrato trabalhista, mas
que recebem salários, entre eles médicos, enfermeiros, técnicos e pessoal de
serviços gerais.
Suspensão de fornecedores por falta de pagamento
Recentemente, um dos fornecedores de material descartável para a
distribuição de quentinhas da cantina do hospital deixou de fornecer por falta
de pagamento. A fiscalização não registrou falta de alimentos para manter o
hospital, no entanto, a farmácia conta com uma lista com vários medicamentos
que estavam em falta no momento da fiscalização.
Promotor de Justiça da Comarca de Campo Maior, Dr. Maurício Gomes de Sousa, coletando dados da falta de medicamentos. |
Hospital não conta com dosímetros de radiação
Outro problema observado foi a não renovação do contrato com a
empresa responsável pelos dosímetros de radiação, utilizados pelos técnicos em
radiologia por falta de verba, comprometendo a proteção contra danos à saúde daqueles
profissionais.
Problemas estruturais e atendimento precário
O hospital não conta com nenhuma ambulância de suporte avançado, apenas
duas ambulâncias básicas; no momento da fiscalização, somente uma ambulância se
encontrava presente e em péssimas condições de uso. As cirurgias de
algumas especialidades médicas, como ortopedia não são realizadas diariamente,
como se espera em um hospital regional, que atende Campo Maior e mais 15
municípios circunvizinhos. Quando não é possível realizar alguns tipos de
cirurgias, os pacientes passam por regulação e são transferidos para Teresina.
O hospital também enfrenta vários problemas estruturais, como
infiltrações, paredes e tetos deteriorados e as enfermarias possuem ar
condicionados quebrados e os pacientes enfrentam o calor usando ventiladores.
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Ambulância sem equipamentos adequados para o transporte de pacientes. |
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Condicionadores de ar das enfermarias quebrados e em estado de péssimas conservação. |
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Vazamentos em tublinates de esgoto. |
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Enfermarias com condicionares de ar quebrados funcionam com ventiladores. Instalações elétricas com fios expostos. |
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Equipamentos de ar condicionado deteriorados e mau instalados |
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Paredes das enfermarias em péssimo estado. |
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Infiltrações e mau cheiro nas áreas externas |
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Estoque de alimento |
Por Márcia Cristina | Jornal da Parnaíba
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