Espécies invasoras são animais de outros lugares e foram trazidos para
o Brasil pelo ser humano, e que se adaptaram bem ao novo ambiente. Há pelo
menos cinco espécies marinhas invasoras presentes no litoral do Piauí.
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Praia do Arrombado, litoral do Piauí — Foto: Kairo Amaral/TV Clube |
Além do peixe-leão, espécie invasora que começou a aparecer no
litoral do Piauí desde março de 2022, os pesquisadores da Universidade Federal
do Delta do Parnaíba (UFDPar) também analisam outras populações de animais
marinhos que não são nativos, mas que estão presentes nas praias piauienses.
Segundo o professor Pedro Carneiro, doutor em ciências marinhas, espécies
invasoras são animais de outros ambientes que foram trazidos para o Brasil pelo
ser humano.
Algumas espécies, como o caramujo africano, foram trazidas com
propósito comercial. Outras, como o siri bidu, chegaram ao Brasil de
carona em navios vindos de outras partes do mundo. Ao chegar aqui, encontraram
ambientes favoráveis e se estabeleceram.
Há pelo menos cinco espécies marinhas invasoras presentes no litoral do
Piauí, conheça algumas delas:
Siri bidu
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O siri bidu — Foto: Reprodução - Wikipedia |
Segundo o professor Pedro Carneiro, o siri bidu é encontrado
no Piauí há alguns anos. O animal é oriundo da China, do oceano Índico, chegou
no Brasil ainda em meados da década de 1990, e se espalharam por todo o litoral
do país, formando populações residentes.
O siri bidu é pequeno, mede entre 7 e 8 centímetros, vive em ambientes
rochosos, como os corais da Praia do Coqueiro, em Luís Correia e na praia
de Barra Grande, em Cajueiro da Praia.
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Cajueiro da Praia fica no litoral do Piauí — Foto: Foto: Patrícia Andrade/g1 |
Ele não gera riscos para seres humanos, mas por ser de fácil
reprodução, não ter predadores e se alimentar de toda matéria orgânica
disponível, pode ser um risco para outras espécies de siri que são
nativas. O siri bidu pode ainda ser transmissor de uma doença que
prejudica os camarões.
“O siri bidu é vetor do vírus da mancha branca, que dava em camarões
criados em cativeiro. Hoje ele não causa impactos econômicos, mas podem
causar”, comentou o professor Pedro Carneiro.
Ainda segundo Pedro Carneiro, como os siris bidu não vivem em
manguezais, por isso não representa um risco para as populações de
caranguejos, que têm alto interesse econômico.
Camarões
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Camarão-tigre-gigante, encontrado no litoral do Piauí — Foto: Biota Amazônia Open Journal System - Ricardo Cezar Alves Vieira da Silva, Luiz Gonzaga Alves dos Santos Filho, Sidely Gil Alves Vieira dos Santos, Carlos Eduardo de Pádua Ribeiro |
Há três espécies de camarões estrangeiros vivendo no litoral do Piauí:
o camarão-da-malásia, o camarão-das-patas-brancas e o camarão
tigre-gigante. Eles também não trazem riscos aos humanos, mas competem por
recursos com as espécies nativas.
“Esses animais foram trazidos pelo interesse comercial, para criação,
mas não caiu no gosto e ficou sem mercado. Como eles, também é o camarão cinza,
trazido para criação, mas tem mercado, e ainda é criado em cativeiro”, explicou
o professor Pedro Carneiro.
Apesar de não fazer sucesso no mercado, alguns desses animais são
comercializados em menores quantidades, como o camarão tigre-gigante. “Diferente
do siri bidu, esses não chegam a ter uma população grande porque quando
proliferam, são pescados”, comentou.
Peixe-leão
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Peixe-leão — Foto: Fábio Borges/Acervo pessoal |
O mais recente habitante do litoral do Piauí é o peixe-leão. Indivíduos
da espécie começaram a ser encontrados em março de 2022, e também estão
sendo acompanhados pelos pesquisadores da UFDPar.
Natural da Ásia, o peixe-leão foi trazido para o Brasil como peixe
ornamental, e se soltou. Há ocorrências de aparição na costa do Pará, Fernando
de Noronha (PE), e no Ceará, o que tem deixado especialistas em alerta.
O peixe-leão é venenoso e representa um risco para os seres humanos,
por causa da toxina que possui nas pontas da sua escama, além de competir por
recursos com a fauna nativa. Eles também vive em ambientes rochosos, e foram localizados
em Luís Correia e em Cajueiro da Praia.
O que fazer?
Ainda de acordo com o professor Pedro Carneiro, como esses animais
estão há anos no litoral do Piauí (com exceção do peixe-leão), seria quase
impossível eliminá-los. Assim, o melhor a se fazer é aprender a lidar com eles.
"Você veja o exemplo do mosquito aedes aegypti, que é africano,
mais uma espécie invasora. E mesmo com todas as campanhas do governo e todo o
esforço, ainda assim estão no nosso ambiente", disse.
Com a chegada dos peixe-leão, os pesquisadores da UFPar têm feito
visitas à população que mora na região, em estabelecimentos e nas secretarias
de saúde e meio ambiente para passar informações sobre como lidar com o animal
Por Andrê Nascimento, g1 PI