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Lagoa do Portinho, na Parnaíba, norte do Piauí 
o meu ser piauiense tem rosto 
e sangue de Capivara
os Tremembé, os Tabajara, os Potiguara
todas as etnias extintas 
transpuseram léguas de Caatinga 
a roçar no Cerrado das Serras 
Confusões, Pradarias, Sete Cidades
até alcançarem o oceânico
Poti, Canindé, Longá
do mar do Piauí 
que se desmemoria
no Delta do Rio Parnaíba
em ilhas, dunas, guarás...
Igaraçu
paisagem barrenta                     
alma de lama
dos caranguejos 
e exílio da noite 
dos siris...
O Rio Parnaíba 
em seu curso
de peregrino
caminha em estirão 
por dentro 
da Mata de Cocais 
e suas águas sibilinas 
com braços fecundos 
de espanto 
são outros retratos
Atalaia, Arrombado, Peito de Moça
Coqueiro, Macapá, Maramar,
Barra Grande, Barrinha
espelhados 
no olhar abismado
e celestial das xananas
Oeiras, Teresina,
Parnaíba... 
cajuína 
cajueiros e cajus                
os bodes as éguas
os vaqueiros 
os horizontes 
de carnaúbas
e os carnaubais 
no assobio
desse vento Nordeste
que atravessa também
a existência das cousas
campos verdes, chapadas,
lagos e lagoas
terra dos piaus 
terra dos piagas
Piauí... meia 
geográfica brasileira
que calça 
o meu sentido
de pertencimento
e não peço novo nome 
para a minha origem,
sou daqui!
Poema de Diego Mendes Sousa
Fotografia de Juscel Reis 
Lagoa do Portinho, na Parnaíba, norte do Piauí
 
 
 
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