terça-feira, janeiro 20, 2015

O conhecimento científico deve ser incentivado pelos pais nas férias

Nas férias, sempre é possível criar excelentes oportunidades de convivência familiar entre os adultos e as crianças ou jovens. Para especialistas, nessas ocasiões, o conhecimento científico está presente e se desenvolve, mas de forma não acadêmica, incorporado à cultura da família; portanto, sem o rigor que a escola exige. Um passeio em local onde há vegetação nativa conservada ou em que ali foi plantada, uma caminhada em trilha próxima à praia ou em chácara, sítio, são excelentes oportunidades para apreciar e se maravilhar com as manifestações da vida. De acordo com Maria Teresinha Figueiredo, especialista Formadora de Ciências do Instituto Qualidade no Ensino (IQE), nessas circunstâncias, trocam-se conhecimentos ao se observar vários tipos de árvores, muitos animais que por ali vivem e adaptações curiosas ao clima, à iluminação e à umidade do lugar.

“Junto a um pequeno tronco que se decompõe no solo podem ser vistos vários tipos de abrigos e ninhos; quando esse tronco é cuidadosamente levantado, outros animais que se desenvolvem abaixo dele são observados. O que se deve levar dessas incursões ao coração da natureza são apenas fotos, deixando o ambiente o mais parecido possível ao encontrado. À noite, em locais distantes da iluminação das cidades, deitar-se sobre a grama para observar um céu estrelado, a Via Láctea ou a Lua Cheia pode ser, inclusive, emocionante”, afirma.

A especialista aponta ainda que nas áreas mais urbanas das cidades, uma visita a um museu ou a uma exposição pode provocar muitos comentários e troca de impressões sobre aquilo que se vê. “Ao ler os vários tipos de escritos próprios desses locais, há a satisfação de aprender, o desejo de tirar dúvidas que surgem ali e de realizar comparações com o que já se sabe ou com o que já foi visto em outras ocasiões. E como final de ano enseja presentear, uma alternativa aos objetos pessoais ou brinquedos, ou seja, um bom presente de férias, são livros não escolares, com fotos e ilustrações encantadoras de animais, plantas, alimentos, corpo humano, Universo, máquinas, petróleo, plásticos, metais, minerais”, acrescentou a formadora Maria Figueiredo.

Ela acrescenta que por meio dos livros, adultos e jovens podem trocar ideias e informações, manifestar opiniões sobre vários temas que aparecem nessas obras. “São discussões diferentes das que ocorrem no dia a dia, descobertas inusitadas; as crianças e os jovens vão se percebendo mais ‘sabidos’”, frisou. Segundo a especialista do IQE, ao propor que os jovens assistam a um documentário sobre aspectos de uma floresta ou da vida marinha, por exemplo, com o objetivo de comentá-lo, pode incentivá-los a relacionar esse conteúdo com o que aprenderam e com o que já sabem. “Essa sessão ficará ainda mais divertida se uma gincana for sugerida”, completou.

Maria Figueiredo lembra ainda que fazer brincadeiras usando brinquedos ou objetos que já existem na casa, como improvisar rampas com diferentes inclinações e ver até onde uma bolinha solta no alto da rampa se move; observar as cores da chama de uma vela no escuro; produzir sombras com uma lanterna; medir a distância máxima que o cheiro de um perfume alcança, estimulam a observação cuidadosa, além de proporcionar o prazer de brincar junto, tanto para os jovens como para os adultos.
“Atividades realizadas, em geral, quando os mais jovens estão na escola, podem entrar na cena familiar de forma agradável. Consertar uma luminária; fazer pão que se transforma fora e dentro do forno; usar produtos diferentes para lavar roupas encardidas; ler rótulos desses produtos e de diferentes alimentos para escolher os que podem alimentar tanto os mais novos como os mais velhos; escolher a melhor ração para o gato, são atividades corriqueiras. Mas ficam muito interessantes quando sugeridas como desafios conjuntos e com disponibilidade dos adultos para ouvirem e acatarem boas sugestões dos mais jovens. O desenvolvimento da argumentação oral é uma consequência muito positiva desses momentos”, acrescentar a formadora de Ciências do IQE.

Maria Figueiredo destaca que e bem comum pessoas relatarem eventos semelhantes que nunca esqueceram, apesar de, às vezes, terem se passado há muito tempo, mas que ainda evocam recordações afetivas, pois em qualquer um desses exemplos, cria-se um diálogo inusitado entre gerações e um saber familiar possibilitado pela troca de informações e o reconhecimento daquilo que cada um, à sua maneira e ao seu tempo, sabe.

“Mas, muito além dos conhecimentos que são elaborados - que não são nada desprezíveis - o mais importante, nessas ocasiões, é o valor do conhecimento em si que é reconhecido, renovado e compartilhado de forma verdadeira, em cada uma delas. As famílias, assim, cumprem um papel mais eficaz para ressaltar a importância da cultura científica, muito mais efetivo do que ‘martelar’ na cabeça dos jovens, durante o ano letivo, que ‘é preciso estudar’”, finalizou Maria Teresinha Figueiredo.

Da redação do Jornal da Parnaíba
Por: Mayara Bastos

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