Nas férias, sempre é possível criar excelentes
oportunidades de convivência familiar entre os adultos e as crianças ou jovens.
Para especialistas, nessas ocasiões, o conhecimento científico está presente e
se desenvolve, mas de forma não acadêmica, incorporado à cultura da família;
portanto, sem o rigor que a escola exige. Um passeio em local onde há vegetação
nativa conservada ou em que ali foi plantada, uma caminhada em trilha próxima à
praia ou em chácara, sítio, são excelentes oportunidades para apreciar e se
maravilhar com as manifestações da vida. De acordo com Maria Teresinha
Figueiredo, especialista Formadora de Ciências do Instituto Qualidade no Ensino
(IQE), nessas circunstâncias, trocam-se conhecimentos ao se observar vários
tipos de árvores, muitos animais que por ali vivem e adaptações curiosas ao
clima, à iluminação e à umidade do lugar.
“Junto a um pequeno tronco que se decompõe no solo
podem ser vistos vários tipos de abrigos e ninhos; quando esse tronco é
cuidadosamente levantado, outros animais que se desenvolvem abaixo dele são
observados. O que se deve levar dessas incursões ao coração da natureza são
apenas fotos, deixando o ambiente o mais parecido possível ao encontrado. À
noite, em locais distantes da iluminação das cidades, deitar-se sobre a grama
para observar um céu estrelado, a Via Láctea ou a Lua Cheia pode ser,
inclusive, emocionante”, afirma.
A especialista aponta ainda que nas áreas mais
urbanas das cidades, uma visita a um museu ou a uma exposição pode provocar
muitos comentários e troca de impressões sobre aquilo que se vê. “Ao ler os
vários tipos de escritos próprios desses locais, há a satisfação de aprender, o
desejo de tirar dúvidas que surgem ali e de realizar comparações com o que já
se sabe ou com o que já foi visto em outras ocasiões. E como final de ano
enseja presentear, uma alternativa aos objetos pessoais ou brinquedos, ou seja,
um bom presente de férias, são livros não escolares, com fotos e ilustrações
encantadoras de animais, plantas, alimentos, corpo humano, Universo, máquinas,
petróleo, plásticos, metais, minerais”, acrescentou a formadora Maria
Figueiredo.
Maria Figueiredo lembra ainda que fazer
brincadeiras usando brinquedos ou objetos que já existem na casa, como
improvisar rampas com diferentes inclinações e ver até onde uma bolinha solta
no alto da rampa se move; observar as cores da chama de uma vela no escuro;
produzir sombras com uma lanterna; medir a distância máxima que o cheiro de um
perfume alcança, estimulam a observação cuidadosa, além de proporcionar o
prazer de brincar junto, tanto para os jovens como para os adultos.
“Atividades realizadas, em geral, quando os mais
jovens estão na escola, podem entrar na cena familiar de forma agradável.
Consertar uma luminária; fazer pão que se transforma fora e dentro do forno;
usar produtos diferentes para lavar roupas encardidas; ler rótulos desses
produtos e de diferentes alimentos para escolher os que podem alimentar tanto
os mais novos como os mais velhos; escolher a melhor ração para o gato, são
atividades corriqueiras. Mas ficam muito interessantes quando sugeridas como
desafios conjuntos e com disponibilidade dos adultos para ouvirem e acatarem
boas sugestões dos mais jovens. O desenvolvimento da argumentação oral é uma
consequência muito positiva desses momentos”, acrescentar a formadora de
Ciências do IQE.
Maria Figueiredo destaca que e bem comum pessoas
relatarem eventos semelhantes que nunca esqueceram, apesar de, às vezes, terem
se passado há muito tempo, mas que ainda evocam recordações afetivas, pois em
qualquer um desses exemplos, cria-se um diálogo inusitado entre gerações e um
saber familiar possibilitado pela troca de informações e o reconhecimento
daquilo que cada um, à sua maneira e ao seu tempo, sabe.
“Mas, muito além dos conhecimentos que são
elaborados - que não são nada desprezíveis - o mais importante, nessas
ocasiões, é o valor do conhecimento em si que é reconhecido, renovado e
compartilhado de forma verdadeira, em cada uma delas. As famílias, assim,
cumprem um papel mais eficaz para ressaltar a importância da cultura
científica, muito mais efetivo do que ‘martelar’ na cabeça dos jovens, durante
o ano letivo, que ‘é preciso estudar’”, finalizou Maria Teresinha Figueiredo.
Da redação do Jornal da
Parnaíba
Por: Mayara Bastos
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