Lagoa está praticamente seca e a visitação no local
diminui a cada dia. Bióloga reconhece problema e diz que é preciso 'rezar para
chover'.
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Lagoa está secando devido a seca e ao desrespeito ambiental (Foto: Joselma Cordeiro/Arquivo Pessoal) |
Um dos mais belos cartões postais do Litoral do
Piauí e ponto bastante visitado pelos turistas vem sofrendo um processo
progressivo de assoreamento. A Lagoa do Portinho, situada na cidade de Parnaíba,
a 318 km de Teresina, está praticamente seca e com o futuro ameaçado. Sem
chover regularmente na região há quatro anos, a lagoa que foi um dos maiores
símbolos de beleza da região, passou a atrair olhares melancólicos, além dos
prejuízos tanto para visitantes como para quem trabalha no local.
Além do problema da seca, lixo ainda é despejado na
lagoa (Foto: Joselma Cordeiro/Arquivo Pessoal)
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Passarela servia para os visitantes observar observar a lagoa Foto: Darklise Albuquerque/Arquivo pessoal) |
De acordo com o comerciante Aluísio Soares dos
Santos, dono de um restaurante há quase 30 anos, as vendas diminuíram cerca de
50% nos últimos anos. “A situação é
calamitosa na região dos bares, pois a lagoa está seca e só tem lama. O negócio
está tão triste que quando chego lá eu dou as costas para a lagoa”, disse.
O comerciante cita a falta de chuvas regulares nos últimos anos como o maior
problema, mas conta que existem suspeitas de pessoas represando água na região.
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Turistas na passarela quando ainda existia água no local |
“Temos
notícia de algumas pessoas represando água. Já procuramos o Ibama, mas disseram
que deveríamos entrar com denúncia no Ministério Público”, falou. Segundo
ele, a situação da lagoa foi comunicada ao governo do estado no início do
mandato do atual governador Zé Filho (PMDB), no entanto nunca houve resposta. A
situação faz os visitantes deixarem de ir a lagoa e os prejuízos só aumentam. “A cada dia está diminuindo mais. Tem gente
que ainda vem só para ver a situação precária da lagoa”, falou.
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Animais pastando na beira da lagoa sem que seja tomadanenhuma providência pelo poder público Foto: Darklise Albuquerque/Arquivo pessoal |
Com a seca na região, outro problema agrava a
situação. O vento comum nessa época do ano aumenta os deslocamentos de dunas
que interditam estradas e causam prejuízos na área. Revoltados com a situação,
estudantes do campus da Universidade Federal do Piauí em Parnaíba estão se
mobilizando para realizar um ato público em defesa da Lagoa do Portinho. Eles
denunciam o descaso das autoridades com a área e cobram medidas urgentes para
salvar a lagoa.
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Imagem feita no ano passado mostra a beleza da lagoa antes do assoreamento (Foto: Gustavo Pereira) |
De acordo com a líder do movimento, a estudante de
turismo Joselma Cordeiro, 29 anos, a
situação é vergonhosa. Ela afirma que o governo é negligente e diz que ninguém
toma atitude para amenizar o problema. “A
gente sabe que não chove há alguns anos na região, mas o problema não é só
esse. Tem gente desviando água, jogando lixo lá, enfim, uma série de
desrespeitos ao meio ambiente”, contou. A iniciativa dos alunos conta com o
apoio de professores e a comunidade também será mobilizada para participar.
Segundo Joselma, o objetivo é chamar a atenção do
governo. “Isso surgiu de um trabalho da
universidade que fiz com a Lagoa do Portinho. Após perceber a situação, veio a
ideia de fazer uma intervenção para chamar a atenção do governo, pois a lagoa
não pode esperar”, explicou. Cerca de 50 estudantes participam da
articulação do movimento.
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Roseane Araújo Galeno, Chefe o escritório do Meio Ambiente em Parnaíba (SEMAR) |
Procurada pela reportagem, a chefe do escritório da
Secretaria Estadual do Meio Ambiente em Parnaíba (Semar), bióloga Roseane DE Araújo Galeno, reconheceu a situação e
disse que é preciso “rezar para chover”.
Segundo ela, a realidade se agravou devido os quatro anos sem um bom inverno na
área e diz que a última vez que a lagoa ficou cheia foi em 2009. Roseane disse
que são realizados trabalhos na região, tanto para a revitalização quanto para
contenção de dunas, mas muitas das atividades esbarram na falta de recursos.
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A Lagoa do Portinho já foi antes um cartão postal |
“Foi feito um
trabalho de revitalização, mas certamente era para ter tido continuidade no
monitoramento, o que não ocorreu por falta de recursos. A gente vem tentando
buscar recursos para voltar a dar continuidade a esse plano de monitoramento”,
disse. Segundo ela, a equipe do escritório da Semar em Parnaíba é muito
reduzida e isso dificulta o trabalho na região. Sem chuvas e com muito vento,
ela afirma que o trabalho de contenção das dunas apenas retarda o avanço.
A expectativa da bióloga para o próximo ano é a
criação de unidades de conservação que restringiriam o uso da lagoa e organizaria
a visitação quando ela voltar a ficar cheia. Apesar de reconhecer os problemas,
ela falou ainda que a dinâmica da região também influencia bastante para a
atual realidade. “A dinâmica da nossa
região é diferenciada e produz sedimentos de forma intensa. Grande parte da
água da lagoa é oriunda da chuva e os anos de seca agravaram a situação”, disse.
Edição Jornal da Parnaíba
Fonte: G1 PI
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