Operação da PF prende Bacharel em Direito mentor de
golpes contra o INSS e DPVAT. Veja como agia a quadrilha no Piauí.
| Luiz Uirajá Gaspar Pontes, bacharel em direito e apontado como mentor dos golpes |
A superintendência da Polícia Federal confirmou, em
entrevista coletiva na tarde de hoje (04), a prisão de três pessoas acusadas de
envolvimento com fraudes no seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos
Automotores de Via Terrestre) e ao INSS (Instituto Nacional de Seguridade
Social). Luiz Uirajá Gaspar Pontes, Francinele da Mota Silva (cunhada) e Maria de Nazaré da Mota Silva (esposa de Luiz Uirajá) foram levados à sede da PF, prestaram
depoimento e serão encaminhados à regional de Parnaíba e ficarão presos na
Penitenciária Mista de Parnaíba.
São um homem e duas mulheres. Ele é bacharel em
Direito e uma das mulheres é enfermeira. Os três pertencem a mesma
família.
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| Luis Uirajá Gaspar Pontes chegando a carceragem da PF |
Entre o material apreendido, a polícia encontrou,
na casa do bacharel, diversos bilhetes da Mega-Sena. Segundo o delegado, a
loteria era uma tentativa de lavar o dinheiro ganho com os golpes. "Tudo
era feito de maneira sutil. Eles não sustentavam um alto padrão de vida para
não levantar suspeitas. Dentro da casa encontramos muitos bilhetes da
Mega-Sena. Era assim que ele tentava tornar o dinheiro lícito", comentou o
delegado.
Os acusados foram presos dentro de uma casa na zona
leste de Teresina no início da manhã. Dentro da residência, foram encontrados
documentos referentes a benefícios. Segundo o delegado, foram contabilizados
mais de 100 benefícios fraudados.
Além disso, a polícia encontrou cópias de
documentos, cartões magnéticos, cédulas de identidade em branco e carimbos com
a assinatura do diretor do Instituto de Identificação.
Ao todo, eram três sacolas com carimbos de
cartórios e paróquias.
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| Foram usadas duas viaturas da PF para transportar os três acusados para a delegacia da PF de Parnaíba (PI) |
Como
funcionava o golpe
Segundo o delegado, os acusados pegavam documentos
de pessoas mortas, "faziam com que
elas renascessem" e forjavam casamentos.
"A
quadrilha pegava documentos muitas vezes de pessoas mortas, faziam essa pessoa
renascer, criavam vínculos empregatícios com empresas e casavam essas pessoas
com parentes, pessoas próximas e logo após forjavam um acidente para que
pudessem dar entrada na pensão por morte", explica o delegado.
Ainda segundo ele, os acusados aliciavam pessoas
humildes, que não sabiam que seus documentos poderiam dar direito a benefício.
Entre o material apreendido, a polícia encontrou um
papel que descrevia uma história que a vítima deveria contar diante do
funcionário do INSS. No papel continha ainda perguntas que poderiam ser feitas
à vítima em entrevista no instituto de seguridade.
A polícia investigará, por conta da apreensão das
cédulas de identidade em branco, se há participação de algum funcionário do
Instituto de Identificação na fraude.
O delegado classificou o bacharel em Direito como
"muito inteligente" e relatou que, pelas provas encontradas, tudo
indica que eles trabalhavam sozinhos.
A quadrilha atuava em Teresina, Parnaíba e Buriti
dos Lopes. Mas a polícia acredita e investigará se há atuação no Ceará.
Os acusados serão indiciados por fraude ao INSS,
falsificação de documentos, falsidade ideológica, formação de quadrilha e
estelionato.
A Polícia Federal não tem ideia de quanto seria o
prejuízo do INSS com os golpes. Os valores dos benefícios dependiam da
proximidade da pessoa com ele. Para os parentes mais próximos, o valor chegava
a R$ 3 mil, teto pago pelo instituto de seguridade. Os valores menores variavam
em torno de R$ 724, o salário mínimo. O bacharel recebia uma porcentagem em
cima de cada caso.
Com esse dinheiro, o bacharel comprou imóveis de
pequeno porte em Teresina. O veículo que ele usa é uma Hilux.
Edição do Jornal da
Parnaíba | Por Cida Cardoso e Leilane Nunes/Cidade Verde


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