Em agosto deste ano, o Estado liderou as exportações de mel com US$ 1,43 milhões, valor referente à comercialização de 498,33 toneladas. O preço médio de comercialização do produto foi de US$ 2,86/kg, representando 29,2% do equivalente financeiro e 29,5% da quantidade de mel exportado pelo Brasil.
O aumento das exportações, quando comparado ao mesmo período do ano passado, foi de 264% em valor e de 204% em peso. Em todo o Nordeste, as exportações de mel em agosto atingiram a cifra de U$ 2,52 milhões, o que representa 51,6% do valor total, US$ 4,88 milhões, exportado por todas as regiões do país.
O elevado índice de exportação do mel piauiense se deve a diversos fatores, mas dois possuem maior relevância. O primeiro é a certificação orgânica do produto, que faz com que ele tenha maior valor agregado e o segundo a certificação em Comércio Justo, que favorece a manutenção dos preços de venda do mel.
A Central de Cooperativas Apícolas do Semi-árido Brasileiro, Casa Apis, com sede em Picos, e a Cooperativa Mista de Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes, Comapi, ambas no sul do Piauí, foram algumas das entidades que mais produziram mel no país, ocupando posições de destaque no ranking nacional. A Casa Apis ficou em 12º lugar e a Comapi ocupou a 15ª posição. Essas cooperativas são atendidas pelo Projeto Apis Araripe, executado pelo Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas, Sebrae no Piauí.
“Investir na qualidade da produção e agregar valor ao produto foram fatores que colaboraram para esse excelente desempenho apresentado pelo Piauí no ranking de exportações. Com esse resultado, conseguiremos aumentar o valor de mercado do produto piauiense”, afirma o gerente da Unidade de Atendimento Coletivo Agronegócios do Sebrae no Piauí, Francisco Holanda.
Segundo o coordenador do Projeto Apis Nordeste, Robert Ferreira, várias ações estão sendo planejadas para aumentar ainda mais o volume de exportações. “Queremos envolver outros empreendimentos apícolas do Nordeste nessa grande ação de mercado. As exportações do mel piauiense foram elevadas, mas que esses números podem crescer ainda mais com a participação de apicultores de outros Estados nordestinos”, explica Ferreira.
De janeiro a agosto deste ano, as exportações do mel no Piauí atingiram mais de US$ 7,5 milhões, o equivalente a um volume exportado 2.676.628 quilos. Dezenove países importaram mel do Brasil no primeiro semestre deste ano. O principal destino das exportações brasileiras de mel foram os Estados Unidos. Até o mês passado o país já tinha importado cerca US$ 21,7 milhões de todas as exportações brasileiras. Além dos Estados Unidos, a Alemanha, o Reino Unido e o Canadá também importam o mel do país.
Os municípios piauienses que mais produzem mel são Picos, Pio IX, Itainópolis e Campo Grande do Piauí. Mas esse produto pode ser encontrado de norte a sul do Estado. O Sebrae executa três projetos junto a apicultores do Piauí: o Apis Araripe, na região de Picos; o Apis Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato; e o Apis da Região Norte, na região de Piripiri.
PREÇO DAS EXPOTAÇÕES ATINGEM O MAIOR VALOR NA HISTÓRIA
O Piauí já tem tradição na produção de mel e derivados, sendo reconhecido nacionalmente. A atividade de exportação é fundamental para que a apicultura tenha sustentabilidade e seja uma atividade rentável para os produtores. O preço obtido com a venda do mel é um fator determinante para a expansão da produção.
Com o crescimento das exportações, os produtores atingiram preços de venda nunca conseguidos. A média de preço por quilo do produto na exportação é de US$ 2,87, mas dependendo da negociação esse valor pode atingir até US$ 3,24, como é o caso da comercialização feita para o Canadá.
Os preços elevados dão mais garantias aos produtores. “O apicultor é bastante favorecido nesse processo, pois mesmo com os preços mais elevados, garantimos a venda de toda a produção. Os valores das exportações foram históricos e de fato muito atrativos para o investimento na produção”, relata o apicultor Edmilson Nunes da Costa, cooperado da Casa Apis.
Ele conta que a produção deste ano teve uma queda devida a falta de chuvas no início do ano, mas que mesmo com essa dificuldade, a comercialização do produto não foi prejudicada e a qualidade do mel não sofreu alteração. “A expectativa é que para o próximo ano a produção se regularize”, reitera o apicultor.
Nunes lembra ainda, que com a normalização da produção o volume de exportações deve crescer ainda mais. “Com a ampliação da produção e adesão de novos apicultores à Casa Apis, esses índices devem aumentar ainda mais”, comenta o produtor.
EQUENO APICULTOR É O MAIS FAVORECIDO
Os preços de exportação do mel brasileiro são bastante positivos, além de favorecerem os pequenos produtores, que não dependem mais dos atravessadores. Os valores do mel para exportação são também um atrativo para que outros apicultores passem a fazer parte das cooperativas.
Através das entidades representativas, existentes no Piauí, as quais envolvem cerca de 2500 produtores, os apicultores realizam o comércio de sua produção diretamente com os compradores sem precisarem vender a preços abaixo do mercado. Essa é uma forma de favorecer o pequeno apicultor que tem mais garantias e também um aumento na produção.
Outro ganho que esse produtor tem é na geração de renda. Com os altos preços do mel, a rentabilidade com a apicultura tem sido cada vez maior. Além das vendas para o mercado externo, os produtores de mel comercializam a produção através das compras governamentais, que também garantem a manutenção dos preços.
Um exemplo claro dessa garantia é a venda de mel feita para a Companhia Nacional de Abastecimento, Conab. Somente a Comapi comercializou trinta toneladas de mel para a instituição ligada ao governo federal. O preço médio da comercialização para a Conab, por meio do Plano de Aquisição de Alimentos foi R$ 8,45/kg.
“Essa é uma forma de garantir a produção e incentivar o consumo do mel pela população local, já que o produto é utilizado também na merenda escolar”, comenta o técnico da Comapi, João Batista Oliveira.
CONSUMO DE MEL DEVE CRESCER
O Piauí é um grande destaque na produção de mel em nível nacional. No entanto o aumento do consumo do produto ainda é um desafio para os apicultores do Estado e para as instituições que trabalham com esse ramo produtivo.
Uma campanha de incentivo ao consumo do mel deve ser lançada ainda este mês no Piauí. Com o tema “Meu dia pede mel”, a iniciativa pretende ampliar o consumo do produto e fomentar relações comerciais entre empresas e produtores.
Francisco Holanda afirma que o consumo do mel ainda é um desafio. “Nós temos excelentes índices de exportação, mas o consumo do mel dentro do Estado ainda é pequeno, por isso a campanha será muito importante para a população piauiense”, relata o gerente do Sebrae.
A campanha ressaltará as vantagens do produto para a saúde, potencializando o consumo de mel como um alimento e não como um remédio. “Isso vai permitir que os consumidores aprendam a utilizar o mel e a enxergá-lo como um alimento completo.”, conta o presidente da Câmara Setorial de Apicultura no Piauí, Antônio Leopoldino Dantas.
IDADES QUE MAIS PRODUZEM MEL NO PIAUÍ
CIDADES ------------PRODUÇÃO EM TONELADAS
Picos ------------------------------------------------ 469
Pio IX ----------------------------------------------- 298
Itainópolis ------------------------------------------- 270
Campo Grande do Piauí ----------------------------- 187
Edição: Jornal da Parnaíba
Fonte: Sebrae
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