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Delta do Paranaíba. Foto: Zig Koch / Banco de Imagens ANA |
A pesquisa analisou imagens de satélite e dados climáticos entre 1984 e 2021, focando em três rios principais: o São Francisco, o Jequitinhonha e o Parnaíba.
Os impactos da erosão nos deltas de rios do Nordeste
A pesquisa destacou que a erosão nas fozes dos rios está associada a
fatores naturais, como a variação das chuvas, e também à ação humana, como a
construção de barragens. Confira abaixo os principais achados do estudo:
O Caso do Rio São Francisco
O delta do São Francisco, o maior rio da região Nordeste, foi o
mais afetado pela erosão. O estudo mostrou que, ao longo de 37 anos, a foz do
rio perdeu entre 15 e 50 metros de solo por ano. Essa erosão severa está
diretamente ligada à construção da barragem de Xingó, localizada a 180 km
da foz.
A barragem reduziu o fluxo de sedimentos que chegavam ao litoral,
agravando o processo de erosão. Além disso, a perda de solo representa riscos
para as comunidades litorâneas, que podem ver suas casas e infraestruturas
ameaçadas.
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Foz do Rio São Francisco. Foto: UFS |
O Rio Jequitinhonha e a Erosão Moderada
Já o delta do Jequitinhonha, na Bahia, apresentou uma erosão mais
moderada, com perdas de cerca de 10 metros de solo por ano. Ao todo,
foram 990 metros de solo perdidos em 37 anos. Assim como no São
Francisco, a construção da barragem de Itapebi, a 90 km da foz, contribuiu
para a redução do transporte de sedimentos, agravando a erosão. Esse processo
também impacta a biodiversidade local, já que os sedimentos são essenciais para
manter o equilíbrio dos ecossistemas costeiros.
O Rio Parnaíba e o Acúmulo de Sedimentos
Em contraste com os outros dois rios, o delta do Parnaíba,
localizado entre o Maranhão e o Piauí, acumulou sedimentos ao longo do período
estudado. O ganho foi de 500 metros em uma área de nove quilômetros
de litoral. Esse acúmulo foi influenciado pelos picos de chuvas entre 1991
e 2005, mas também pela ação humana, como a construção de diques e outras
intervenções. Apesar disso, o rio Parnaíba também registrou erosão em alguns
trechos, com perdas de até 15 metros de solo por ano.
A erosão nas fozes dos rios não é apenas um problema ambiental, mas
também social. As comunidades litorâneas que dependem desses ecossistemas estão
cada vez mais vulneráveis. A perda de solo pode levar ao deslocamento de
populações, à destruição de infraestruturas e à redução da disponibilidade de
recursos naturais, como peixes e crustáceos.
Além disso, a diminuição de sedimentos afeta a qualidade da água e a
saúde dos ecossistemas costeiros.
A Necessidade de Ações Urgentes
O estudo da UFRN alerta para a necessidade de políticas
públicas que abordem tanto as causas quanto as consequências da erosão nas
fozes dos rios. A construção de barragens, embora importante para o
abastecimento de água e geração de energia, precisa ser planejada de forma a
minimizar os impactos ambientais.
Assim, é essencial investir em medidas de proteção costeira, como a
restauração de manguezais e a criação de zonas de amortecimento.
As mudanças no litoral do Nordeste são um reflexo da complexa interação
entre natureza e ação humana. Enquanto o acúmulo de sedimentos no Parnaíba traz
esperança, a erosão severa no São Francisco e no Jequitinhonha serve como um
alerta para a urgência de ações coordenadas e sustentáveis.
Pesquisa da UFRN | ne9
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