No Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção ao suicídio, o Sindicato
dos Médicos do Piauí (Simepi) trabalha uma série de ações de conscientização
sobre o tema. Em parceria com alunos de medicina da Universidade Federal do
Delta do Parnaíba (UFDPar), por exemplo, a entidade de classe desenvolve
atividades com a população de comunidades rurais e de instituições
filantrópicas do litoral piauiense.
Em entrevista ao Jornal do Piauí, nesta quinta-feira (21), o
vice-presidente do Simepi, Samuel Rêgo, explicou um pouco mais sobre a
campanha, que tem como slogan a frase: “Escute com atenção! Fale se
necessário!”. Médico especialista em psiquiatria e distúrbios do sono, Rêgo
destacou a importância em discutir esse assunto com base em estudos científicos
e sem estigmatização dos sintomas.
![]() |
Vice-presidente do Simepi, Samuel Rêgo - Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com |
"Nós falamos da valorização da vida. Esse é o ponto mais importante. Sabemos, com base em estudos, que pessoas com ideação de morte não querem morrer, querem se livrar uma dor. Muitas vezes, ela não foi ensinada a falar dessa dor, receber um aconselhamento. Então, de forma intuitiva e errada, ela vê a morte como única solução para aquele problema. Estamos com esse trabalhado sensibilizando a população para que ela desconstrua essa ideia errada e aprenda a falar sobre seus problemas, emoções, sentimentos, conflitos e encontrar solução que possam lhe ajudar a enfrentar essas dificuldades de uma forma mais saudável, positiva", pontuou o médico.
Projeto no litoral
Acadêmico de medicina da UFDPar, Igor Santos, falou sobre o projeto de
extensão de saúde mental e prevenção ao suicídio desenvolvido com a comunidade
da Lagoa do Portinho e da Casa das Samaritanas, que atende mulheres em situação
de vulnerabilidade social e dependência química. Entre as atividades está o
“Bingo da Saúde Mental”, que trabalha elementos relacionados ao tema de forma
lúdica.
“É uma atividade bem interativa, aplicamos ela em um grupo de escolha e acolhimento na sede de moradores da comunidade da Lagoa do Portinho. Elaboramos esse sistema de pontuação para ser um momento de reflexão para a população. É uma metodologia que pode ser aplicada em qualquer local", relatou.
“Conseguímos trabalhar essas temáticas diretamente com a população, por meio de oficinas e atividades lúdicas e dinâmicas, como o bingo da saúde mental. É uma metodologia que pode ser aplicada em qualquer local. Acho que precisamos primeiro a manter essas discussões. Infelizmente esse tema ainda é muito estigmatizado na nossa sociedade, muitos tabus e preconceitos relacionados a isso”, disse o estudante.
“Precisamos compreender o que tem mudado na sociedade em tao pouco tempo que tem levado as pessoas a adotarem comportamentos extremos. Conseguimos ver algumas mudanças sociais e culturais, especialmente em relação ao que a gente chama hoje a cultura do selfie, do eu, onde as pessoas têm se voltando muito para o seu individual, sua liberdade pessoal e esquecido de viver em comunidade”, concluiu Samuel Rêgo.
Por Breno Moreno | cidadeverde.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário