Manoel
Severino fez 4 peças para um filme que está sendo gravado em Pernambuco com
tingimento natural.
A
natureza é uma fonte de inspiração para vários artistas plásticos do Brasil e
do mundo, mas o piauiense Manoel Severino recorreu a ela não apenas como
estímulo, mas também como suporte para suas obras de arte. Ele cria tingimento
natural em roupas usando casca de folhas, flores e raízes de algumas plantas do
cerrado como aroeira, murici, jatobá, açafrão da terra, entre várias outros.
Ele usa também a Insulina vegetal, planta que tem uma coloração
diversificada e consegue extrair várias tonalidades.
Severino,
que é natural de Altos, apesar de já trabalhar com estamparia usando tingimento
artificial, nunca havia utilizado esse tipo de material para fins de produção.
"Eu comecei a trabalhar com estamparia com tintura normal depois aprendi a
extrair o corante natural sozinho. Sou artesão, mas venho me dedicando a
estamparia com uso natural porque crio coisa natural e que não está ainda no
mercado", explica. Hoje, o artista produz camisetas, tecidos, vestidos,
blusas, lenços. "Não tem essa questão de peça, trabalho com qualquer
material de tecido", frisa.
O
trabalho de Manoel é 100% ecológico e ele mesmo faz a coleta das plantas. Por
esta razão, há alguns anos, o altoense fez surgir a ideia da extração natural.
"O meu trabalho é bem alternativo, voltado para a sustentabilidade e
respeito ao meio ambiente, uso os mais diferentes tipos de materiais
encontrados na própria natureza, as plantas, mas uso outros elementos, como:
lâminas de vidro, esponjas, maisena, sal grosso, cone de linha, linhas
diversas, pentes e sucatas em geral", revela.
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Artista prioriza espécies nativas |
Para
produzir as peças, o artista utiliza, principalmente, as plantas distribuídas
na região onde vive, priorizando espécies nativas e em períodos reprodutivo.
Alguns exemplos são a Aroeira (Schinus terebinthifolius), Jatobá (Hymenaea
sp.), Açafrão da terra (Zingiberaceae), Angico (Magnoliopsida), Insulina
vegetal, cor de vinho e roxo, que tem uma coloração diversificada e consegue
extrair várias tonalidades, Murici (Byrsonima), dentre outras. "Nesse
período, as cascas têm cinco a seis vezes mais tintas que em outros
períodos".
Para
chegar ao resultado que se vê nas imagens, ele aperfeiçoou um método. "Tem
um processo em que faço o desenho e a tinta daquelas folhas passam para o seu
tecido, você pensa que é serigrafia, mas não é. Deixo as folhas durante um
processo de oito dias no tecido. Eu faço o experimento com uma lavagem para
saber se a tinta vai sair", explica. Também há peças que são misturadas,
prensadas de forma firme e compactadas com as plantas em cozimento. Deste modo,
elas não perdem a coloração.
Dentre
os desenhos e formas estão folhas em blocos, cones, espirais, e o universo
feminino. Para criar, ele se inspira na natureza, nas diferentes manifestações
da vida, na diversidade de formas e cores das plantas. O sucesso das peças vem
crescendo cada dia e já conquistou o maquiador Marco de Biaggi. Manoel fez
4 peças para um filme que está sendo gravado em Aliança, Pernambuco, com
tingimento natural.
Fonte: Meio Norte / Edição: Jornal da Parnaíba
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