"O Estado se tornou, lamentavelmente, exemplo de desserviço para
com a sua população beneficiária do SUS e muitos dos seus problemas decorrem da
irregularidade de repasses da Secretaria", afirmou Eny.
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Promotor Eny Marcos Vieira Pontes - Foto: Lucas Dias/GP1 |
O Ministério Público do Estado do Piauí, por meio do promotor Eny
Marcos Vieira Pontes, ingressou contra o Governo do Piauí e o secretário
estadual de Saúde, Florentino Neto, com uma Ação Civil Pública com Preceito
Cominatório de Obrigação de Fazer e Pedido e Tutela Antecipada. A ação foi
protocolada no dia 10 de maio na 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de
Teresina.
O promotor Eny Marcos destaca na ação a situação crítica dos hospitais
públicos do Estado do Piauí que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que
estão sendo prejudicados devido a irregularidade de repasses de valores que são
realizados pela Secretaria Estadual de Saúde do Piauí (Sesapi). Segundo o
promotor, o governo tem prestado um desserviço para a população.
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Maternidade Evangelina Rosa - Foto: Lucas Dias |
“A saúde, no contexto brasileiro, é reflexo direto da tomada de
responsabilidades por parte do Estado, especialmente a partir da criação do
Sistema Único de Saúde. Os entes federativos têm como dever a promoção da saúde
em suas mais variadas vertentes. No entanto, o mesmo Estado que deveria atuar
como agente principal na defesa dos direitos sociais, muitas vezes se torna um
óbice à sua efetiva promoção. O Estado do Piauí se tornou, lamentavelmente,
exemplo de desserviço para com a sua população beneficiária do SUS e muitos dos
seus problemas decorrem da irregularidade de repasses de valores da Secretaria
Estadual de Saúde para os hospitais, bem como a notória falta de planejamento
na execução orçamentária”, afirmou o promotor.
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Secretário de Saúde, Florentino Neto - Foto: José Maria Barros |
Eny Marcos explicou que antes de ingressar com a ação civil, havia instaurado
um inquérito civil no dia 4 de maio e que por um ano fez diligências e coletou
provas sobre a situação. Vários hospitais afetados tiveram que deixar de
prestar alguns serviços devido à falta de recursos.
Outro exemplo é a Maternidade Evangelina Rosa que passa por uma grande
crise. Em novembro de 2018 chegou a passar por uma interdição ética realizada
pelo Conselho Regional de Medicina (CRM). Segundo o Ministério Público, o
diretor Francisco Macêdo comprovou a irregularidade nos repasses, apontando,
por exemplo, que os valores que deveria ter recebido em maio de 2018 só foram
transferidos no dia 25 de julho.
A mesma situação passa o Hospital Regional Chagas Rodrigues, em
Piripiri. “A Direção deste hospital não soube informar os débitos referentes ao
ano de 2018, pois já se encontrava sob a gerência da FEPISERH. No entanto,
comunicou, aos onze dias do mês de setembro, que existiam atrasos referentes
aos meses de novembro e dezembro de 2017, ou seja, débitos da Sesapi há 10
meses, gerando dívidas não liquidadas com fornecedores”, destacou o promotor.
Ao todo, 9 hospitais estaduais investigados informaram sobre problemas.
Prejuízos financeiros
O promotor cita ainda documentos expedidos pela então presidente da
Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares (FEPISERH), Natália de Sena
Monteiro, onde no ano de 2018 pediu para a Sesapi que o repasse dos recursos
fossem realizados. No caso do Ofício de nº 155/2018, ela informava sobre
atrasos à fundação referentes ao período de janeiro a maio de R$ 4.376.363,70
milhões e R$ 18.237.582,24 milhões, bem assim destaca que o atraso acarreta
prejuízo para cumprimento das metas do contrato de gestão.
“A gravidade desta situação é tamanha que a presidente da FEPISERH à
época, Natália de Sena Monteiro, expediu ofício ao secretário de Saúde em que
não apenas relata o pagamento em atraso de prestadores de serviço das unidades
hospitalares, devido à falta de regularidade dos repasses de recursos feitos
pela Sesapi, como também destaca que a situação incorre em prejuízos
financeiros, tendo em vista o pagamento de multas e juros dos encargos de
direito no valor total de R$ 1.775.165,00 milhão”, explicou.
Pedidos O promotor Eny Marcos pede o deferimento da tutela liminar para
determinar a regularização imediata de todos os repasses em atraso devidos pelo
Fundo Estadual de Saúde aos hospitais estaduais, bem como a apresentação de
estudo técnico para dimensionamento dos recursos necessários para o regular
atendimento aos usuários do SUS que se dirigem aos nosocômios do Estado do
Piauí.
Pede ainda que o secretário Florentino Neto seja intimado para tomar
ciência da decisão e que seja aplicada multa em caso de descumprimento.
“O comprometimento dos repasses em saúde por sua irregularidade submete
a prestação dos serviços de saúde ao iminente risco de colapso e paralisação,
acarretando riscos à saúde e à vida dos piauienses. Na seara da saúde, a não
resolução dos problemas, em hipótese alguma, pode ser admitida como realidade
imutável e despida de consequências. O direito à saúde e seu efetivo atendimento
são impostergáveis, inderrogáveis e urgentes, porque deles dependem a
Confirmação de Florentino Neto na Saúde é derrota de Assis Carvalho Leia o
artigo a seguir 20/05/2019 Promotor denuncia Florentino Neto existência humana
com dignidade. Dessa forma, no caso em apreço, verifica-se o inquestionável
direito que justifica o pleito, através da robusta documentação comprobatória,
e o receio de dano irreparável ou de difícil reparação, em face do
funcionamento dos hospitais do Estado do Piauí sempre comprimidos pela falta de
suporte financeiro tempestivo proveniente da Sesapi”, destacou o promotor na
ação.
Intimação
No dia 13 de maio o juiz Aderson Antônio Brito Nogueira, da 1ª Vara da
Fazenda Pública da Comarca de Teresina, expediu um mandado determinando a
intimação do Governo do Piauí para que no prazo de cinco dias apresente
manifestação acerca dos repasses das verbas do Fundo Estadual de Saúde aos
hospitais estaduais.
Outro lado
Procurada pelo GP1, a assessoria de Comunicação da Sescretaria Estadual
de Saúde ficou de se manifestar sobre o assunto, o que não aconteceu até o
fechamento dessa matéria.
Por: Bárbara Rodrigues/GP1/Edição: Jornal da Parnaíba
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