Sinpolpi fecha Central de Flagrantes e delegados
suspendem operações no Piauí. A medida foi tomada devido à superlotação da
Central de Flagrantes, que atualmente possui mais de 70 presos.
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"Policial não é agente penitenciário, delegacia não é penitenciária", afirma delegada Andrea Magalhães. (Foto: Arquivo O Dia) |
O Sindicato dos Policiais Civis do Piauí informou
na tarde de hoje (13) que a partir desta quinta-feira (14) a Central de
Flagrantes será fechada e não receberá mais presos em Teresina. De acordo com o
diretor jurídico do Sinpolpi, Constantino Júnior, a decisão foi tomada após os
agentes penitenciários, que estão em greve, se negarem a receber os presos
na Casa de Custódia. Atualmente, a Central de Flagrantes possui mais 70 presos,
sendo que a capacidade do local é para apenas 15 detidos.
Ainda de acordo com o diretor jurídico, a Central
de Flagrantes de Parnaíba também está em situação caótica, com cerca de 50
presos. “As centrais estão superlotadas, tanto em Teresina quanto em Parnaíba,
não cabe mais ninguém. Em Parnaíba são 53 presos em um prédio antigo, sem a
mínima condição de funcionamento”, relata Constantino Júnior.
Desde o início da greve dos agentes penitenciários,
na última segunda-feira (11), as penitenciárias do estado não estão mais
recebendo presos. Por conta disso, em apenas dois dias, o número de detidos
acumulados nas celas da Central de Flagrantes chegou a mais de 70. Com
apenas três celas e uma sala de triagem, os presos tiveram que ser
colocados no corredor, separados do restante da delegacia por uma grade. Em um
vídeo divulgado pelo Sinpolpi é possível ver a situação caótica da Central, com
presos amontoados no chão e outros colocados algemados às cadeiras da sala onde
é feita a autuação do flagrante.
Em Parnaíba, a central de flagrantes já conta com
50 presos provisórios da justiça e poderá também ser fechada, anunciou Robinson
Castilho. Um policial disse agora pouco que alguns presos vivem de fazer
ameaças contra os agentes plantonistas desta distrital.
Delegados suspendem operações
As operações da Polícia Civil também estão
suspensas no Piauí. Segundo a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia
Civil do Piauí (Sindepol), a delegada Andrea Magalhães, as operações foram
suspensas em todo o estado, em protesto à “situação caótica” em que se encontra
a Polícia Civil do Piauí.
“Não é só por conta da greve, a greve foi o
estopim. Estamos suspendendo as operações por conta da péssima estrutura da
Polícia. Não temos efetivo suficiente, não temos estrutura, temos um delegado
atendendo por 14 municípios, viaturas sem a mínima condição de funcionamento,
entre diversos outros fatores”, enfatiza a delegada.
A delegada esclarece ainda que as autuações em
flagrante continuarão sendo realizadas, no entanto, as prisões ficarão a cargo
do Governo do Estado. “O Governo deverá ceder um local para colocar esses
presos. Policial não é agente penitenciário, delegacia não é penitenciária”,
afirma.
Contraponto
O secretário Estadual de Segurança do Piauí, Fábio
Abreu, informou que as operações e as prisões continuarão sendo feitas
normalmente no estado. Questionado sobre a situação da Central de Flagrantes, o
secretário argumentou que a superlotação não existe e que as transferências
para os presídios do estado estão sendo feitas dentro do previsto.
A Secretaria de Justiça do Estado informou em nota
que está dialogando com os agentes penitenciários e a equipe financeira do
Governo do Estado, de modo a se chegar a um entendimento pelo fim do movimento
paredista o que resultará no retorno à normalidade das atividades no sistema
prisional, incluindo o recebimento, nos presídios, de presos da Central de
Flagrantes de Teresina. A Secretaria de Justiça destaca ainda que se reuniu, nesta
quarta-feira (13), com a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil do
Estado, para buscar soluções para a questão da Central.
Por: Nathalia Amaral/O Dia | Edição: Jornal da Parnaíba
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