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Embarque da Chapecoense no voo da LaMia |
Passada a comoção nacional sobre o acidente e morte
dos jogadores, comissão técnica, diretoria e jornalistas que acompanhavam o
time do Chapecó, na Colômbia no final de novembro, ocorre partir agora pra uma situação
que a gente bem que não gostaria de criticar, mas que infelizmente não se pode,
como se diz, deixar passar batido, a clandestinidade com que certas empresas de
aviação trabalham naquela região de fronteira do Brasil com outros países da
América do Sul.
Quem conhece bem aquela região ou acompanha de
perto seus problemas, sabe muito bem que, juntando Paraguai, Bolívia, Colômbia,
Peru e a Venezuela, são países onde a lei passa bem longe quando o assunto é a
segurança. É uma região inteira dominada por facções criminosas, ligadas aos
grandes traficantes de drogas que por sua vez são acobertados por políticos que
vivem, se perpetuam no poder e fazem carreiras e fortuna com a corrupção e a
violência.
Quem algum dia foi ao Paraguai naquele tempo que
era negócio comprar artigos importados deve lembrar sobre a falta de segurança,
imundície, sobressaltos, riscos de extorsões que corriam as pessoas que se
aventuravam a sair do Brasil com algumas centenas de dólares na burra pra
trazer quinquilharias eletrônicas, roupas, perfumes e outras miudezas. Pois
essa região inteira de fronteira está infestada de todo tipo de corrupção e
esperteza.
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Destroços da aeronave da LaMia que conduzia a equipe da Chapecoense |
O que aconteceu com aquela fatídica viagem de avião
do Chapecoense já deve ter acontecido com outras empresas, pessoas e empresas
sem que causasse comoção igual a esta mais recente. Porque naquela região o que
mais existe é empresa de aviação com o perfil da Lâmia. Todos os indícios até
agora levam à responsabilidade do piloto e dono da empresa, que, pelo que se
deve imaginar, era também o cobrador de bilhetes, recepcionista, guarda do
estacionamento do aeroporto, o entregador de pizza, o motorista de taxi em
Medellín.
Eu me transporto agora pra nossa região, o Brasil,
o Nordeste e mais aqui pertinho, Parnaíba. A situação agora não é mais avião,
mas ônibus clandestinos. Quantas empresas de ônibus interestaduais estão neste
exato momento viajando pra região de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás,
Brasília, Belém, Paraguai, Colômbia, Peru, Chile, sem registro ou com registro
falso no RNTC, o Registro Nacional de Transporte de Cargas ou na EMBRATUR?
Eu conheço gente que saiu daqui de Parnaíba pra São
Paulo, Brasília, Minas Gerais, numa dessas empresas clandestinas, sem qualquer
condição de segurança e conforto e passou poucas e boas pelo caminho! Pelo
relato delas, o ônibus fez toda a viagem, como por exemplo, Parnaíba a São
Paulo, dentro de uma semana, quando o tempo normal seria três dias pela
Itapemirim. Segundo uma dessas pessoas a viagem foi feita na sua maioria
trafegando por estradas clandestinas para desviar da fiscalização da Polícia
Rodoviária Federal. De vez em quando a ge te só fica sabendo de tragédia com
esse tipo de transporte. Mas aí alguém poderia perguntar, mas o que o acidente
da Lâmia tem a ver com isso? Muita, mas muita coisa e semelhança. Na América do
Sul nossa chamada fronteira seca, a interna, continental, é um problema crucial
para as autoridades como a Polícia Federal, Receita Federal e as unidades do
Exército e da Aeronáutica e até em alguns casos, da Marinha. Todo mundo sabe
disso. Pelo visto a tal empresa, Lâmia era uma gambiarra.
Por Antônio de Pádua | Jornal da Parnaíba
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