Neste momento em que se celebra em todo o mundo a
semana do meio ambiente e se discute os problemas advindos de um modelo de
desenvolvimento concentrador e excludente pergunta-se: o que Parnaíba discute
ou constrói na perspectiva da sustentabilidade? Qual a política municipal de
meio ambiente? Que esforços socioeducativos estão sendo disseminados em nosso
ambiente escolar?
A Constituição Federal de 1988 em seu art. 225
consagra como direito fundamental da pessoa humana: o “direito de todos ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, impondo tanto ao Estado quanto à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”.
A lei pressupõe que deveria o município executar e
fazer cumprir a Política Nacional do Meio Ambiente; exercer a gestão dos
recursos ambientais no âmbito de suas atribuições; articular a cooperação
técnica, científica e financeira, em apoio à Política Nacional do Meio
Ambiente; promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à
proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; definir
espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos; promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de
ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente; controlar
a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.
A única competência incorporada pela Prefeitura
Municipal de Parnaíba foi a de promover o licenciamento ambiental, em 2014.
Pois, licenciar gera receita aos cofres públicos. Não se tem notícia de nenhuma
ação socioeducativa correspondente às taxas geradas por esta fabulosa fonte de
arrecadação.
Já que a municipalidade tem dificuldades em se
apegar à Constituição, deveriam os gestores ao menos ler e seguir oParágrafo
16º da encíclica sobre o meio ambiente do Papa Francisco "A relação
íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta, a convicção de que tudo está
estreitamente interligado no mundo, a crítica do paradigma que deriva da
tecnologia, a busca de outras maneiras de entender a economia e o progresso, o
valor próprio de cada criatura, o sentido humano da ecologia, a grave
responsabilidade da política, a cultura do descartável e a proposta de um novo
estilo de vida” são os eixos do documento. Proclamada há exatamente um ano, a
encíclica Laudato Si (Louvado seja) - sobre o cuidado da casa comum,
intitulada “encíclica verde”, inspirada no Cântico das Criaturas, de São
Francisco de Assis, que, em 1979, o papa João Paulo II proclamou Padroeiro dos
Ecologistas.
Voltando à Parnaíba. Voltando no tempo. Em 2009,
por Projeto de Lei Complementar foi criada a Secretaria Municipal de Meio
Ambiente, à época vinculada ao Turismo. Tal ato considerado um avanço, não
passou de mais uma “boa intenção”. Sem quadro técnico e sem uma política clara
de atuação em conformidade com as demandas e desafios locais, foi se
confirmando como mais uma pasta a figurar no rol dos geradores de cargos
comissionados para apadrinhados. Naquela oportunidade, como vereador, eu chamei
a atenção da importância de se criar a Secretaria de Meio Ambiente, mas
sobretudo que se estabelecessem as condições técnicas, operacionais e
financeiras para que a política pública se efetivasse no município. Parece que
pressentia que a pasta não teria o desempenho desejado!
O descaso para com o meio ambiente tem ícones na
cidade: degradação das lagoas do Portinho, Bebedouro e Prata; arborização
urbana ignorada; o descumprimento da “Lei do Silêncio”; lixões, etc.
Para o município avançar nessa questão ainda
carecemos de instrumentos básicos que não conseguimos consolidar: o código
ambiental que dorme em uma gaveta na Câmara Municipal há 7 anos; o Conselho de
Meio Ambiente já criado, mas que não funciona e precisa ser um efetivo espaço
independente de cidadania; o Fundo Municipal de Meio Ambiente que deve ser
administrado conforme preconiza a lei; e, por fim, que seja aberto concurso
público para os cargos de técnico e analista ambiental com vista a formação de
equipe multidisciplinar para conduzir a gestão ambiental municipal.
Com tal base, poder-se-ia pensar em desenhar uma
política local para o setor. Sem isso, toda prosperidade é falsa! Pois, as
causas ambientais cada vez mais se confundem com seu espelho social e ético.
Hoje procura-se soluções socioambientais, não só ambientais. Fala-se em justiça
ambiental, como parte intrínseca da justiça social. A qualidade de vida é
direito humano, assim como a saúde, a educação, a habitação. E se acumulam as
evidências de que a atividade econômica não precisa ser predadora. É desejável,
viável e factível o caminho do desenvolvimento sustentável!!!
Por Fernando Gomes | Jornal da Parnaíba
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