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Deputado Tiririca (PR-SP) |
Para o deputado Tiririca (PR-SP), "O trabalho
no circo era mais organizado que os primeiros meses na Casa Legislativa".
"É doido. Nos primeiros três meses foi difícil, você vem de outra escola,
você chega aqui [na Câmara] e assusta. Você vem de uma coisa toda organizada.
Circo é uma coisa toda organizadinha, você tem hora para entrar, hora para
sair. Aí você chega aqui o cara tá discursando e neguinho não tá nem aí. Até
você entender que funciona assim [é complicado]" (1/1/15). Indagaram ao
deputado se iria fazer seu primeiro discurso na Câmara neste segundo mandato?
"Vamos sim, claro que não, vamos sim". É fácil perceber que o
Tiririca também faz parte do processo de aceleração destrutiva (PAD) do Brasil.
Esse modelo de organização política e social que foi inventado para nosso País
está falido. Algo virá em seu lugar (espera-se que para melhor). O que se
lamenta é que ninguém sabe a data nem a forma.
Tiririca faz parte de um "negócio". Os
partidos conquistam seus espaços eleitorais por meio do voto. Quanto mais o
partido é votado, mais parlamentares elege. Quanto mais parlamentares, mais
verba recebe do fundo de participação partidária. A política, sobretudo nas
mãos das deploráveis lideranças nacionais (há poucas exceções), virou
puro negócio. Os candidatos não são escolhidos (normalmente) pela
competência ou pelas suas ideias, sim, pela perspectiva de votos que
representa. Por força das coligações (outra aberração da política nacional!),
um deputado bem votado leva dois, três ou mais deputados juntos. No final,
candidato com 100 mil votos fica fora do Parlamento, enquanto outro com 20 mil
é eleito (em razão das cotas partidárias obtidas nas urnas).
Distritão ou distrital? De aberração em
aberração o Processo de Aceleração Destrutiva (PAD) vai se incrementando no
Brasil "abestado". Com a redemocratização (1985) conseguimos uma
democracia eleitoral, mas extremamente defeituosa, que está muito longe de
ser uma democracia cidadã (como a dos países escandinavos, por exemplo). A
reforma política urgente deve, pelo menos, corrigir os piores vícios da nossa
democracia (só) eleitoral. Hoje a eleição para a Câmara segue o voto
proporcional (cada partido, conforme seus votos, elege uma cota de
deputados). Os três caminhos para a mudança desse sistema são: (a) voto
distrital puro (divide cada Estado em distritos e cada distrito elege o
seu deputado); (b) voto distrital misto (metade das cadeiras seguiria
o voto proporcional e outra metade o distrital); (c) voto
"distritão" (são eleitos os mais votados em cada Estado,
independentemente do partido e sem se levar em conta os votos dados aos
partidos).
Vantagens do "distritão". Essa
terceira forma é muito interessante porque elimina automaticamente as coligações na
eleição para deputados. Outra vantagem: pode reduzir o número de partidos com
assento na Câmara. Isso dispensa acláusula de barreira e reforça a fidelidade do
eleito ao seu partido. Mais um detalhe: por esse sistema, cada partido
lançaria poucos candidatos (os mais viáveis eleitoralmente), porque o
que importa é a concentração dos votos em cada candidato, não a dispersão (como
é hoje). Atualmente cada partido busca a maior quantidade de votos possível,
para fazer mais deputados. Por isso lança muitos candidatos. No
"distritão", que elege os mais votados, quanto mais concentração de
votos nos candidatos, melhor. A pulverização é pior. Com poucos candidatos, o
uso do horário gratuito será mais racional. No sistema que estamos
aqui cuidando, o Tiririca (só para exemplificar, pois espero sinceramente que
ele deixe a política), mesmo eleito com um milhão de votos, não levaria mais
ninguém junto com ele. Seria apenas um dos eleitos. Com isso se decreta o fim
do voto proporcional assim como o fim das coligações na eleição para deputados.
O "distritão" para ser uma boa alternativa, mas deve vir acompanhado
de muitas outras mudanças como (a) fim do financiamento privado
empresarial (ficando o atual financiamento público assim como o
financiamento privado particular, limitado) e (b) limitação dos gastos de cada
candidato.
Por Thamirys Viana para o Jornal da
Parnaíba
Por Luiz Flávio Gomes
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