Certas pessoas passam a vida ou parte dela achando
bonito e correto tudo do bom e do melhor na casa do vizinho, mas relutam a vida
toda em permanecerem as mesmas por ignorância, desleixo ou por acomodação, o
que em outras palavras quer dizer, preguiça de mudar. É o que anda acontecendo
lá pros lados da praia da Pedra do Sal, Ilha Grande de Santa Isabel, nesta
região do litoral do Piauí.
Moradores
daquela região, algumas dessas entidades ambientalistas estiveram no início
deste mês reunidos com executivos de uma empresa multinacional do setor de
hotelaria para discutir a construção de um resort na praia da Pedra do Sal,
aquela mesma que nunca recebeu um melhoramento seja lá de quem poderia ser e
permanece afugentando todo e qualquer turista pela falta de estrutura.
Pelo que se sabe até agora da tal audiência pública
foi de que não houve muito avanço nas conversações. Mais pareceu, dizem algumas
testemunhas, uma dessas reuniões de condomínio lá no Alto de Santa Maria, entre
membros de escola de samba do bairro São José escolhendo samba enredo ou, pior
ainda, escalação de time de subúrbio, lá pros lados do Campo da Burra. Muita
gente falando ao mesmo tempo, bate-boca e uma montanha de exigências absurdas.
A coisa ficou tão quente que houve até princípio de incêndio.
Os ambientalistas foram pra esta reunião armados
até os dentes, cheios de argumentos sobre os danos sociais e econômicos dessa
pretensa obra. E meteram na cabeça de alguns moradores essas e outras
exigências pra serem levadas à mesa de negociações. Então pelo que se sabe até
agora é de que a coisa não andou muito. Ao que parece ainda vai ter muita
conversa séria e conversa fiada pelo meio e a partida corre o risco de ficar no
um a um.
Faz tempo que grupos empresariais vivem tentando
dar uma cara nova naquele fim de mundo. Porque me perdoem alguns amigos, mas a
praia da Pedra do Sal realmente, pela mentalidade de alguns interessados, é a
materialização do atraso. Faz tempo que esses grupos empresariais estão
grelando os olhos nesta parte minúscula do litoral nordestino. E eles estão
certos. Não se pode e nem se deve imaginar o Piauí, lanterninha no Nordeste
quando se fala em turismo de praias, com uma mentalidade dessas.
Um litoral pequenininho de 66 quilômetros em meio a
grandes investimentos no Ceará e no Maranhão, nossos vizinhos, e cantando
aquela velha cantiga do atraso de “só deixo o meu Cariri...”. Muita gente que
estava naquela reunião não sabe por ignorância ou não sabe por pura birra que
esta região do Piauí tem neste momento apenas uma saída pra o desenvolvimento,
o fortalecimento e a oferta do turismo de qualidade. Nossos vizinhos já estão
na deles e agora é a nossa vez.
É preciso meter na cabeça dura de pedra dessa gente
que o desenvolvimento econômico dessa região do Piauí passa forçosamente pela
oferta do turismo de qualidade. E não é turismo de restaurante embaixo de palhoça
com cadeira velha quebrada, copo sujo e de banheiro sem descarga ou feito de
caixa de papelão como eu vi na Pedra do Sal! A vocação industrial em grande
escala dessa região está descartada. A grande ou média indústria de bens de
consumo é algo nada atraente pra investidores, sejam eles nacionais ou
estrangeiros, porque demanda situações e estrutura difíceis da gente obter
neste momento. O mais viável é o turismo.
Então me aparecem investidores internacionais e até
nacionais estendendo a mão com capital, oferta de trabalho, estrutura e
expectativa de crescimento econômico e aí me aparecem umas entidades
ambientalistas criando dificuldades e doutrinando os moradores a dizerem um não
atrás do outro. Empresário nenhum gosta desse tipo de pressão e de chantagem. Eu só queria saber o que estas entidades e
seus catequistas oferecem de real e seguro pra aquela gente, uma gente pobre,
sem expectativa de vida com todos estes equipamentos da vida moderna.
Mas toda essa situação de dificuldades por uma
resposta, criada nessa reunião e envolvendo grupos nativos vem de uma
mentalidade reinante nessa região piauiense: o desconhecimento de como trabalha
e se diversifica a iniciativa privada. Por aqui se acredita sempre que é o
governo que pode e deve tomar iniciativas e não promover e dar condições pra
que esta iniciativa privada se instale, cresça e crie investimentos.
Estão mal acostumados todos a verem governos, seja
federal, estadual ou municipal se envolvendo ou tocando obras e fazendo papel
da iniciativa privada. Obras que eles mesmos sabem não terão finalidade. E
tocam essas obras sem qualquer know how embora morrendo de acreditar nelas e
achando que todo mundo é besta. E aqui no caso é o turismo. Toda essa
intromissão indevida tem fim eleitoreiro.
Mas essa história mal resolvida com a praia da
Pedra do Sal é coisa que vem de longe, desde quando foi prefeito o Zé Filho. Os
barraqueiros fizeram empréstimos pra arranjarem os pontos de vendas e depois a
coisa não foi pra frente. Vou dar como exemplos dois casos recentes e próximos
e que não deu em coisa nenhuma: promessa de construção de barracas padronizadas
e até uma espécie de aquário gigante nessa praia da Pedra do Sal, época do
prefeito Zé Hamilton e as barracas da praia de Atalaia em Luiz Correia, obra inacabada
do governador Wilson Martins.
Por Antonio de Pádua Marques
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