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Fernando Gomes |
A população de Parnaíba-PI é essencialmente urbana.
Mesmo o reduzido contingente rural possui hábitos urbanos, usando a cidade como
local de lazer, negócios, estudos, prática religiosa, residência, transitando
com veículos que se juntam aos da cidade comprometendo o já conspurcado meio ambiente.
O que pode melhorar o ambiente urbano? Árvores, sim
árvores!
As árvores são essenciais, inclusive à vida dos
seres urbanos. Isso porque, por exemplo: a) reduzem a poluição do ar, provocada
principalmente pela queima de combustíveis dos veículos automotores e
indústrias; b) minimizam a poluição sonora; c) equilibram a temperatura da
cidade; d) amenizam a força do vento; e) servem de habitat para os pássaros que
enfeitam nosso cotidiano; f) protegem o lençol freático; g) evitam o
ressecamento do ar através da transpiração; h) fornecem sombra para automóveis
e pessoas; i) embelezam a paisagem. Nas sábias palavras do Professor Alexandre
Barnewitz, "se o asfalto e o concreto embrutecem, a árvore humaniza".
Nos últimos dez anos a Prefeitura de Parnaíba não
conseguiu desenvolver um programa de arborização urbana. Pela necessidade e
importância do tema, em 2010, como vereador eu apresentei o Projeto de Lei que
tratava da questão: “Fica criado o Programa Municipal de Arborização Urbana de
Parnaíba - PI, destinado a desenvolver ações para implantação, gestão e
conservação das áreas verdes urbanas, visando à ampliação da cobertura vegetal
urbana” (Art. 1º). A Lei está por aí em alguma gaveta, como tantas outras
importantes e que não são cumpridas pelo Executivo. Seria negligência?!
O Plano de Governo do prefeito Florentino Neto (PT)
dedicou atenção especial à arborização. No capítulo “Gestão Ambiental”, traz
textualmente: “Implantação do Programa Municipal de Arborização e
Ajardinamento; Implantação de um Viveiro Municipal”. Parece que do plano restou
apenas a criação da pomposa Superintendência de Parques, Praças e Jardins, com
status de secretaria.
Aqui, a falta de cuidado com as áreas verdes
existentes é flagrante. Em dois anos de mandato, registra-se apenas um arremedo
de reforma realizado na Praça da Graça, reforma da Praça Santa Izabel, e a
retirada dos ambulantes da Praça da Santa Casa (festejada como a obra do
século), em contrapartida estão se ocupando (eliminando) duas praças
importantes da cidade: a do bairro Piauí, em que se constroem unidades de saúde
e quadra de esportes; e a Praça do Chico Berto, igualmente usada para
construção de outros equipamentos públicos. As obras são importantes, mas não
teria outra área?!
Uma cidade que já cuida mal das suas praças,
eliminar as existentes me parece uma insanidade!
O tema assume importância, igualmente, quando
atentamos para o fato de ser o espaço urbano o alvo das mais radicais
transformações em relação ao mundo natural, cujas consequências, por si só,
atingem sensivelmente o equilíbrio ambiental, o que significa aviltamento da
nossa qualidade de vida.
A sorte é que alguns bons parnaibanos criam e cuidam
de determinados espaços verdes.
Esses merecem o reconhecimento público. Também no
meu mandato, em 2010, propus e foi aprovado unanimemente uma simbólica
homenagem a alguns abnegados cidadãos que cuidam, com esforço próprio e às suas
expensas, de pequenos trechos do canteiro central da Avenida São Sebastião. Eles
não esperaram passivamente que a Prefeitura fizesse a sua parte de cuidar da
cidade. Parabéns!!!
A Prefeitura observando isso lançou um programa chamando
a população para compartilhar o cuidado com as praças, o que é interessante. A
gestão compartilhada é uma estratégia criativa que estimula a participação da
população na valorização do patrimônio público. Mas em dois anos foram 6 praças
reformadas e Parnaíba tem 55, nesse ritmo, quando vão ser reformadas as outras
49?
Ter uma cidade com belos jardins, daqueles de
encher os olhos, com praças e canteiros floridos é o sonho do parnaibano. Vendo
fotografias da Praça da Graça e da Santo Antonio, no passado, quanta beleza. Porém,
não há, hoje, nenhuma praça que possa ser comparada a esses antigos postais da
cidade.
Para não dizer que não falei das flores, sobram sugestões:
realizar inventário da arborização da cidade; recuperar o plano existente;
exigir no licenciamento dos loteamentos a obrigatoriedade de aprovação de um
plano de arborização; nas escolas, estimular o cuidado com o verde; arborizar o
canteiro central das avenidas (e cuidar); realizar podas em árvores que possuem
galhos secos, lascados ou podres, reprimindo a poda radical; extrair árvores
que oferecem risco de queda ou têm problemas fitossanitários.
“Eu estou só. O gato está só. As árvores estão sós.
Mas não o só da solidão: o só da solistência” (João Guimarães
Rosa ).
Por Fernando Gomes, sociólogo, cidadão, eleitor e
contribuinte parnaibano.
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