No meu livro, O Libertador de Cuba, ainda não
publicado e como qual se Deus quiser pretendo ainda ganhar muito dinheiro, os
personagens, Bião, Franzé, Domingos, Lino e Burro Preto, todos eles das bandas
da Guarita e dos Tucuns, depois de fazerem de um tudo pra chegarem até Cuba e
tirar a ilha das mãos de Fidel Castro, acabam presos e levados pra delegacia na
Nova Parnaíba aonde depois de levarem um cagaço daqueles do delegado de plantão
saem já de madrugada tirando onda da cara dos motoristas de taxi que ficam ali
no balão construído pelo Zé Hamilton. Molecagem e tanto.
E não é que esses quatro sujeitos, o vagabundo
Domingos, Bião, o mecânico de bicicletas, o desempregado e idealista Lino, Franzé,
o descrente de tudo e Burro Preto, o estivador negro e brigão das bandas da
Munguba, vinham sendo arregimentados com aquela ideia de que a ilha infestada
de tubarões no Caribe precisava e urgente ser libertada das mãos criminosas e ensanguentadas
dos irmãos Castro. Aquela ferida comunista não podia ficar incomodando a
democracia no meio do continente americano e provocando o sofrimento de
milhares de irmãos latinos, doidos pra entrarem nos Estados Unidos.
Mas fiz de propósito um arrodeio desses pra chegar
ao assunto das eleições da semana passada. Acabou a guerra. Agora é a volta pra casa dos
pracinhas de 2014, daqueles que saíram de suas casas e de seus domínios à
procura de mudarem alguma coisa no mundo em que vivemos. Uns conseguiram pelo
convencimento e propostas atingir seus objetivos e a vitória a que desejavam, o
voto, a confiança do eleitor. Outros não foram assim tão felizes nos seus
propósitos. Voltam pra casa de cabeça baixa e decepcionados com a guerra mais
fria e apaixonante, que é pra alguns, a campanha política. Outros voltam mais
maduros, experientes, certos de que cumpriram o dever da consciência.
Mas como em todas as guerras, a política é a mais
fascinantes das passagens humanas porque é a luta sem violência pelo domínio
das gentes pela ideologia. E muitos soldados nesta guerra de 2014 voltaram ou
ainda estão voltando dessa guerra estropiados, sujos, maltrapilhos,
desconfiados com tudo e com todos. Muitos estão chegando no portão de suas
casas olhando pra um lado e pra outro. Muitos estão chegando endividados.
Outros vem chegando só as tiras, cheios de vícios morais como a inveja, a
bajulação, a falta de caráter, a dissimulação, orgulho e tantos outros.
Mas há aqueles que embora sonolentos pelas noites
mal dormidas e ainda tendo de vez em quando divagações pelo horror e o
sofrimento no campo de batalha da campanha agora podem olhar de frente pra
família e pros amigos que aqui de fora ficaram com a confiança de que fizeram o
melhor que puderam. Levaram pra campanha propostas, rasgos de sabedoria,
humildade, paciência, sinceridade. Outros não ousaram e nem usaram a corrupção
pelo dinheiro, por objetos ou o favorecimento de vantagens neste ou naquele
expediente se prevalecendo de condição profissional ou de fortuna.
Vai levar bastante tempo pra alguns assimilarem a
derrota. Mas faz parte do teatro da guerra na política. Bem melhor do que a
guerra pela força onde tem feridos e mortos, destruição de cidades e de nações,
desagregação das famílias e dos costumes, culturas e das ciências. No fim tudo
deve acabar mesmo é com muita confraternização regada a cerveja e cachaça,
caldinho de carne, manjuba frita, churrasquinho com baião de dois no azeite de
coco, tira gosto de limão, cajá umbu ou caju azedo. Dentro de mais alguns dias,
coisa de, no outro final de semana, os mais renomados cientistas políticos da
Parnaíba estarão debruçados discutindo e analisando sobre este momento de
vitórias pra uns e derrotas pra outros.
Estarão no Bar Carnaúba, na praça da Graça, Zé do
Santos, no Mercado de Fátima, Lanchonete
do Farias, na Duque de Caxias, Vera Coutinho, no Pindorama, Bar do Barriga, da João
Cândido, no Nova Parnaíba. Se a gente ficar enumerando pontos de discussão
sobre este momento que acaba de passar não acaba nunca. Certo mesmo é ter
certeza de que a guerra de campanha política acabou e os pracinhas, os subalternos, estão
de volta com o matulão nas costas. Uns com o sorriso de orelha a orelha
enquanto outros com o rabinho entre as pernas e olhando pros cantos. E os
políticos profissionais, os maiores protagonistas e interessados desta guerra
de 2014 nem hão de se lembrar do
ocorrido daqui pra mais uns dias.
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Por Antônio de Pádua para o Jornal da Parnaíba
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