Seja lá quem seja eleito presidente no final deste
mês, a presidente Dilma Rousseff ou o Aécio Neves, o Collor mineiro, deve estar
preparado pra aguentar um dos piores momentos da política brasileira no setor
de investimentos. É que a atual ocupante do Palácio do Planalto meteu os pés
pelas mãos ao iniciar e tocar obras de longo alcance como a Ferrovia
Transnordestina, a hidrelétrica de Belo Monte no Pará e a transposição do rio
São Francisco, tudo embrulhado num pacote conhecido por PAC.
Mas a presidente Dilma Rousseff não imaginou as
várias conjunturas, aquelas conhecidas nuvens no horizonte que vão ficando de
branca pra cinza depois cinza chumbo, grafite e por fim, negras, tipo asa de um
xexéu que havia na casa de meu irmão e que cantava aquela música da Daniela
Mercury que diz que o sol dessa cidade sou eu. O Governo Federal, pelos seus
técnicos, ignorou um grupo de situações que estariam se vislumbrando, mas como
é próprio de governos novos, não enxerga perigos e dificuldades.
Trazendo o que até agora tratei pra nossa realidade
a Ferrovia Transnordestina, que no papel começa lá nos confins do Maranhão e
termina lá no caixa-pregos pra uma banda é ao que se parece um dos maiores
elefantes brancos que a história da engenharia e de estatal brasileira já
pariu. Tão pesado de carregar e de guiar pra alguma direção que fica mais fácil
deixar pelo caminho. Dentro de mais alguns anos vai servir pra casa de morcego
e esconderijo de tudo em quanto não presta. Certamente que os trilhos estarão sendo
arrancados aos poucos e virando nalguma fundição panela de ferro ou grelha pra
churrasco.
A transposição do rio São Francisco é outro
elefante que os dias de incerteza política vão deixar desgarrado pelo meio do
caminho. No papel é obra faraônica, só vista igual no Canal do Panamá. A ideia
original era, digo no tempo passado, alimentar pra algumas regiões do semiárido
volume de água suficiente pra abastecimento dessas populações isoladas e
satisfazendo necessidades da agricultura e da pecuária. Mas parece que por
birra ou sacanagem, porque não foi consultado, o rio São Francisco achou de uma
hora pra outra de secar a nascente. Deixou o Governo Federal falando sozinho e
passando por mentiroso.
Mas agora mesmo estou aqui é com pena dos paulistas
e paulistanos. Estão de bico aberto por falta de água nas torneiras. Na capital
está um calor de 36° ali no Largo de Santa Ifigênia ou lá pro Largo da Batata,
em Pinheiros. Temperatura que nós aqui no Nordeste tiramos de letra. Mas
falando sério, este problema de falta de água em toda a região Sudeste, São
Paulo, Rio e Minas Gerais, principalmente, deve servir de alerta pra uma
situação muito grave: empurrar de lá, pra sabe Deus onde se encontre água,
muita gente e muitas indústrias. Dá pra entender o futuro. Tem crise vindo e da
brava bem ali na cumeeira da casa.
Por Antônio de Pádua
Edição do Jornal da
Parnaíba
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