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| Fernando Gomes |
A Fundação Getúlio Vargas (2001) adotando como
critério uma renda de R$ 60,00 per capita como definidor da Linha de Pobreza,
calcula que 35% da população brasileira vivem em extrema pobreza, equivalendo
57,7 milhões de pessoas, sendo as Regiões Norte e Nordeste as de maior
concentração da pobreza extrema, abrigando 13,8 milhões de pessoas nessa
situação.
É neste cenário que surgem os programas de
transferência de renda. O presidente Fernando Henrique Cardoso lançou em seu
governo uma série de benefícios que visavam dar proteção social aos mais
pobres: vale alimentação, vale gás e bolsa escola.
Na oposição, Luis Inácio Lula da Silva dizia que
esse programa era humilhante, mantinha a dependência econômica financeira e
social. “Lamentavelmente uma grande parte da população brasileira é conduzida a
pensar pelo estômago e não pela cabeça, é por isso que se distribui tanta
esmola por que isso na verdade é uma peça de troca em época de eleição. E assim
você despolitiza o processo eleitoral, você trata o povo mais pobre da mesma
forma com que Cabral tratou os índios quando chegou ao Brasil”.
Possui três eixos principais: a transferência de
renda promove o alívio imediato da pobreza; as condicionalidades reforçam o
acesso a direitos sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência
social; e as ações e programas complementares objetivam o desenvolvimento das
famílias, de modo que os beneficiários consigam superar a situação de
vulnerabilidade.
Ocorre que nestes quase 12 anos de poder o PT focou
apenas o primeiro eixo. Dos iniciais 5 milhões de famílias beneficiárias do governo FHC,
hoje, cerca de 45,8 milhões de pessoas recebem o benefício do Bolsa Família,
algo em torno de 25% da população brasileira. Garganteado como feito histórico!
Interessante é que o PT que questionou e denunciou
essa forma de enganação, hoje, vê a mascarada política de assistência social
sob a ideia de que está tirando as pessoas da miséria, como estratégia maior do
seu projeto de permanência no poder. Vide os esforços para reeleição de Dilma
Rousseff.
Ninguém discute a importância de se distribuir
renda, especialmente na cruel situação de extrema pobreza em que boa parcela da
sociedade ainda vive. As pessoas precisam comer. Mas só comida? Ou a gente quer
diversão e arte? Ou a gente quer ser um cidadão? (música “Comida” dos Titãs).
A lógica incorporada pelos “companheiros” é manter
a política de dominação que é secular no Brasil. Como já cantava Luiz Gonzaga
há mais de 60 anos passado: “uma esmola a um homem que é são ou lhe mata de
vergonha ou vicia o cidadão”. Lula cantava isso também, mas agora...
Tirando o prato de comida que chega à mesa de
milhares de pessoas Brasil afora, o que fica? O atual formato do Bolsa Família
não emancipa, é preciso que os beneficiários produzam sua própria renda, sem
depender do poder público nem correr o risco de retornar à miséria. Esta era a
lógica do programa. Mas, o seu terceiro eixo não foi levado a sério. O governo
deveria estar promovendo ações que permitissem aos beneficiários superar a
situação de vulnerabilidade. Onde o PT quer chegar com tanta dissimulação?
Frei Betto, ex-coordenador do Fome Zero – que
deixou o governo Lula em 2004, por não concordar com os rumos da política
petista na época – afirma que o PT, ao manter o benefício do Bolsa Família por
tempo indeterminado, garante a fidelidade dos mais pobres que retribuem o
benefício por meio do voto.
Qual a cultura que se pretende promover à
sociedade? Dar migalhas? Humilhar as pessoas? Depois discursar dizendo que foi
o “pai” ou a “mãe” do programa social que deu comida a quem tinha fome? A
verdade é que o atual governo não tem promovido a dignidade humana. A educação
não tem sido prioridade, nem tampouco a saúde. Somente se investe em programas
sociais que permitem a dependência.
Lamenta-se que o PT conduz de forma vil um
importante programa social. Usa-o de forma eleitoreira. Sim, eleitoreira! Pois
o Bolsa Família é incompleto, imperfeito, insuficiente e assistencialista.
Perdeu-se o caráter emancipatório da sua concepção inicial para o caráter
compensatório, em função de um projeto político, que não é a emancipação
brasileira, mas a permanência no poder, na medida em que esses beneficiários são
aterrorizados a votar em candidatos petistas sob pena de perder o benefício, é
o que diz os pobres beneficiados: “se for outro candidato (não petista) vai
acabar o Bolsa Família”. Coitados!!!
A forma dissimulada de aprisionar o voto que tanto
o PT combateu, está fortalecida na ideia do Bolsa Família, que nada mais é do
que uma forma sofisticada de manter encabrestado um povo que não tem quem lhe
defenda e que não tem a menor ideia do que está por trás desta política
perversa. Oh povo maldoso! Alma e lama têm as mesmas letras, porém significados
diferentes!!!
Edição Jornal da
Parnaíba
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Por Fernando
Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte e parnaibano.

2 comentários:
Tem gente quer não precisar de bolsa família, tem quer fiscalizar.
Esse bolsa família se fosse pra quer precisa tudo bem, mais tem muita gente quer não precisar e pegar, tinha quer tem fiscalização pra dar só para as pessoas bem pobre.
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