quarta-feira, outubro 22, 2014

Bolsa Família: uma estratégia de poder que aprisiona e humilha!

Fernando Gomes
A Fundação Getúlio Vargas (2001) adotando como critério uma renda de R$ 60,00 per capita como definidor da Linha de Pobreza, calcula que 35% da população brasileira vivem em extrema pobreza, equivalendo 57,7 milhões de pessoas, sendo as Regiões Norte e Nordeste as de maior concentração da pobreza extrema, abrigando 13,8 milhões de pessoas nessa situação.

É neste cenário que surgem os programas de transferência de renda. O presidente Fernando Henrique Cardoso lançou em seu governo uma série de benefícios que visavam dar proteção social aos mais pobres: vale alimentação, vale gás e bolsa escola.

Na oposição, Luis Inácio Lula da Silva dizia que esse programa era humilhante, mantinha a dependência econômica financeira e social. “Lamentavelmente uma grande parte da população brasileira é conduzida a pensar pelo estômago e não pela cabeça, é por isso que se distribui tanta esmola por que isso na verdade é uma peça de troca em época de eleição. E assim você despolitiza o processo eleitoral, você trata o povo mais pobre da mesma forma com que Cabral tratou os índios quando chegou ao Brasil”.

No entanto, Lula ao assumir a presidência em 2003, implantou o Fome Zero, unificou os programas de FHC e transformou-os no conhecido hoje “Bolsa Família”.

Possui três eixos principais: a transferência de renda promove o alívio imediato da pobreza; as condicionalidades reforçam o acesso a direitos sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social; e as ações e programas complementares objetivam o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade.

Ocorre que nestes quase 12 anos de poder o PT focou apenas o primeiro eixo. Dos iniciais 5 milhões de famílias beneficiárias do governo FHC, hoje, cerca de 45,8 milhões de pessoas recebem o benefício do Bolsa Família, algo em torno de 25% da população brasileira. Garganteado como feito histórico!

Interessante é que o PT que questionou e denunciou essa forma de enganação, hoje, vê a mascarada política de assistência social sob a ideia de que está tirando as pessoas da miséria, como estratégia maior do seu projeto de permanência no poder. Vide os esforços para reeleição de Dilma Rousseff.

Ninguém discute a importância de se distribuir renda, especialmente na cruel situação de extrema pobreza em que boa parcela da sociedade ainda vive. As pessoas precisam comer. Mas só comida? Ou a gente quer diversão e arte? Ou a gente quer ser um cidadão? (música “Comida” dos Titãs).

A lógica incorporada pelos “companheiros” é manter a política de dominação que é secular no Brasil. Como já cantava Luiz Gonzaga há mais de 60 anos passado: “uma esmola a um homem que é são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”. Lula cantava isso também, mas agora...

Tirando o prato de comida que chega à mesa de milhares de pessoas Brasil afora, o que fica? O atual formato do Bolsa Família não emancipa, é preciso que os beneficiários produzam sua própria renda, sem depender do poder público nem correr o risco de retornar à miséria. Esta era a lógica do programa. Mas, o seu terceiro eixo não foi levado a sério. O governo deveria estar promovendo ações que permitissem aos beneficiários superar a situação de vulnerabilidade. Onde o PT quer chegar com tanta dissimulação?

Frei Betto, ex-coordenador do Fome Zero – que deixou o governo Lula em 2004, por não concordar com os rumos da política petista na época – afirma que o PT, ao manter o benefício do Bolsa Família por tempo indeterminado, garante a fidelidade dos mais pobres que retribuem o benefício por meio do voto.

Qual a cultura que se pretende promover à sociedade? Dar migalhas? Humilhar as pessoas? Depois discursar dizendo que foi o “pai” ou a “mãe” do programa social que deu comida a quem tinha fome? A verdade é que o atual governo não tem promovido a dignidade humana. A educação não tem sido prioridade, nem tampouco a saúde. Somente se investe em programas sociais que permitem a dependência.

Lamenta-se que o PT conduz de forma vil um importante programa social. Usa-o de forma eleitoreira. Sim, eleitoreira! Pois o Bolsa Família é incompleto, imperfeito, insuficiente e assistencialista. Perdeu-se o caráter emancipatório da sua concepção inicial para o caráter compensatório, em função de um projeto político, que não é a emancipação brasileira, mas a permanência no poder, na medida em que esses beneficiários são aterrorizados a votar em candidatos petistas sob pena de perder o benefício, é o que diz os pobres beneficiados: “se for outro candidato (não petista) vai acabar o Bolsa Família”. Coitados!!!

A forma dissimulada de aprisionar o voto que tanto o PT combateu, está fortalecida na ideia do Bolsa Família, que nada mais é do que uma forma sofisticada de manter encabrestado um povo que não tem quem lhe defenda e que não tem a menor ideia do que está por trás desta política perversa. Oh povo maldoso! Alma e lama têm as mesmas letras, porém significados diferentes!!!

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 Por Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte e parnaibano.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tem gente quer não precisar de bolsa família, tem quer fiscalizar.

Anônimo disse...

Esse bolsa família se fosse pra quer precisa tudo bem, mais tem muita gente quer não precisar e pegar, tinha quer tem fiscalização pra dar só para as pessoas bem pobre.