O Brasil não carece somente de reformas, sim, de
reconstrução (que deveria se iniciar pela revolução educativa). Nossa sociedade
não foi construída, foi instalada. Nossas cidades não foram planejadas, foram
plantadas (ao acaso). Nossos interesses nunca foram coletivos, fundados na
razão objetiva demarcadora do Ocidente (de tradição helênica e judaico-cristã).
Ao contrário, sempre fomos individualistas, adeptos da razão subjetiva ou
instrumental (tal qual delineada a posteriori pelo Iluminismo).
Desde o princípio, portanto, o Brasil é um
enorme Titanic: afunda cada vez mais no oceano dos seus vícios e das suas
incongruências, mas a orquestra continua tocando. A quase totalidade das
pessoas, no entanto, desgraçadamente, percebem exclusivamente o som da orquestra
(o carnaval, a superfície, o vulgar), sem notar o naufrágio em curso (a grande
tragédia, há muito tempo anunciada). Seguem 10 indicadores desse naufrágio. O
Brasil é:
2) o 12º país mais violento do planeta, com a taxa
aberrante de 29 assassinatos para cada 100 mil pessoas, se considerarmos os
países com dados para 2012; é o 13º se todos os países com dados disponíveis na
ONU forem incluídos na lista (UNODC; Datasus; IBGE);
3) campeão mundial no item "cidades mais violentas
em 2013", de acordo com o Conselho Cidadão para a Segurança e Justiça
Penal AC: das 50 mais homicidas do planeta, 16 estão no Brasil (Maceió,
Fortaleza, João Pessoa, Natal, Salvador, Vitória, São Luís, Belém, Campina
Grande, Goiânia, Cuiabá, Manaus, Recife, Macapá, Belo Horizonte, Aracaju);
4) o terceiro país no ranking prisional em 2014:
conta com 711 mil presos (computando os domiciliares), segundo dados do
Conselho Nacional de Justiça (maio de 2014), ficando atrás apenas dos Estados
Unidos (2.228.424) e China (1.701.344). Já ultrapassamos a Rússia (com 676 mil
presos) (veja dados do Centro Internacional de Estudos Penitenciários - ICPS,
na sigla em inglês - da Universidade de Essex, no Reino Unido);
5) campeão mundial em violência contra professores,
de acordo com estudo desenvolvido pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE); 12,5% dos professores ouvidos no Brasil
disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo
menos uma vez por semana. É o índice mais alto entre os 34 países pesquisados -
a média entre eles é de 3,4%. Depois do Brasil, vem a Estônia, com 11%, e a
Austrália com 9,7%. Na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o índice é
zero;
6) o território onde acontecem mais 10% de todos os
homicídios do planeta (UNODC); de 1980 até 2014 foram 1.360.000 mortes
intencionais; somente em 2012 aconteceram 101.149 mortes violentas (somando-se
as mortes intencionais e as do trânsito);
7) o 79º país no IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano); computando-se a desigualdade, 95º (PNUD) (a desigualdade, a miséria e
a pobreza significam violência institucionalizada);
8) um dos últimos colocados em todos os rankings
internacionais sobre educação (PISA, por exemplo); dentre 65 países, o Brasil está em 55º no ranking de leitura, 58º no de matemática
e 59º no de ciências; um dos piores colocados em termos de escolaridade
média da população: 7,2 (igual Zimbábue) (PNUD);
9) o 8º país em analfabetismo - cerca de 13 milhões
de brasileiros são completamente analfabetos (UNESCO);
10) um dos países com maior número de analfabetos
funcionais: ¾ da população entre 15 e 64 anos não conseguem ler e escrever de
modo satisfatório (nem compreendem o que lê nem fazem operações matemáticas
simples) (Instituto Paulo Montenegro, Inaf e IBGE);
Os indicadores que acabam de ser enumerados mostram
que ainda é enorme nosso desprezo pela vida humana. Qualquer pessoa dotada de
bom senso diria: diante de tanta violência e mortes, com certeza o Brasil deve
estar executando um dos programas mais desenvolvidos do planeta de prevenção da
violência e da criminalidade. Decepção: isso não está ocorrendo no nosso país.
O programa preventivo lançado pelo governo Lula (Pronasci) foi substituído por
outro (da presidenta Dilma), chamado "Brasil Mais Seguro", em 2012. O
primeiro morreu e o segundo não gerou os efeitos positivos esperados (os
índices de mortes continuam aumentando).
Edição do Jornal da
Parnaíba
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Por LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista e
diretor-presidente do Instituto Avante Brasil.
Estou no professorLFG.com.br e no twitter: @professorlfg
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Um comentário:
O Brasil tem seus dias contados para findar.
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