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| Papa Francisco |
Um padre argentino morreu. Era confessor dos outros
padres, incluindo na época o papa Francisco que, no velório, furtou uma cruz.
"De repente, aquele ladrão que todos temos dentro de nós veio à minha
mente. Enquanto espalhava as flores, peguei a cruz que estava sobre o rosário
e, com um pouco de força, desprendi-a". O papa contou essa história quando
falava para párocos e seu propósito foi destacar a importância da misericórdia,
da compaixão, do perdão. Por quê? Porque todos somos pecadores ou até mesmo criminosos.
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Os humanos que se julgam "do bem" (os que fecham os olhos para os seus próprios
atos, especialmente os poderosos, que sempre desfrutaram de muita impunidade)
são os que mais pedem leis rigorosas "para
os outros". Beccaria (no seu livro Dos delitos e das penas) dizia que "o cidadão honesto se sente induzido
por seu egoísmo mais a desejar que a temer as leis crueis, porque as acredita
feitas para os outros e não para ele". Nossa tendência é nos julgarmos
acima de qualquer suspeita. Sempre achamos que os outros delinquem, que os
outros são desonestos etc.
A Universidade Federal de Minas Gerais, em parceria
com o Instituto Vox Populi (veja Eudes Quintino de Oliveira Júnior - http://atualidadesdodireito.com.br/eudesquintino/2012/11/07/atos-ilicitos-praticados-no-dia-a-dia-do-brasileiro/),
realizou interessante pesquisa para avaliar como as atitudes ilícitas se desenvolvem
e se enraízam na sociedade brasileira:
"Uma
determinada conduta que carrega carga ilícita ou um desvirtuamento ético, pela
sua reiterada prática, passa a se incorporar na tábula social e ali se aloja
como uma postura normal, fazendo parte do cotidiano." Assim é que, de
acordo com a pesquisa, "não emitir
nota fiscal, não declarar Imposto de Renda ou declarar a menor, tentar subornar
o policial de trânsito para evitar multa, falsificar carteira de estudante,
dar/aceitar troco errado, subtrair energia de TV a cabo, furar fila, comprar
produtos falsificados, bater ponto para o colega de trabalho, falsificar
assinaturas são atos indicativos de transgressão, mas contam com a aprovação
popular, por ser a conduta plenamente justificável e receber a concordância
quase que unânime."
Fazemos muito mais coisas erradas: baixamos músicas
na internet sem pagar, copiamos livros inteiros violando direitos autorais,
violamos regras do trânsito, paramos nosso carro no lugar reservado aos
portadores de deficiência física, levamos divisas para fora do país além dos
limites legais sem declarar ao fisco, trazemos mercadorias do exterior além do
limite e não pagamos impostos, praticamos sonegação fiscal, burlamos
concorrências públicas, corrompemos juízes e fiscais, "engraxamos agentes públicos", vendemos bebidas para
menores, dirigimos carros enquanto menores etc. De acordo com o papa,
precisamos mesmo de muita compaixão, misericórdia e perdão. Cordeiro de Deus
que...
Por LUIZ FLÁVIO GOMES, 56, jurista e
diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Estou no professorLFG.com.br
Edição do Jornal da Parnaíba
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