sexta-feira, outubro 24, 2025

Mulheres da Ilha de Santa Isabel transformam palha de carnaúba em sustento

Associação reúne 25 famílias em Parnaíba que vivem do artesanato feito com palha e fibras naturais

Mulheres da Ilha de Santa Isabel transformam palha de carnaúba em sustento | Foto: Conecta Piauí / Heitor Carvalho
Na Ilha de Santa Isabel, em Parnaíba, o artesanato com palha de carnaúba é mais que uma tradição; é fonte de renda e identidade para dezenas de famílias. Entre elas está a artesã Francisca Maria, que aprendeu o ofício ainda criança e hoje mantém viva a técnica que atravessa gerações. “Eu comecei a trabalhar com 9 anos, em um grupo de oito mulheres do qual minha mãe fazia parte. Antes éramos só vizinhas unidas pelo trabalho, hoje somos uma associação reconhecida”, relata Francisca.

O grupo cresceu e, com o passar dos anos, deu origem à Associação de Artesãos e Trançados da Ilha Grande Santa Isabel, formalizada em 18 de abril de 2000. Atualmente, cerca de 25 famílias vivem do artesanato feito com a palha da carnaúba, confeccionando cestos, vassouras, redes e outras peças trançadas à mão. “Aqui na ilha, cada morador trabalha com a palha. Um faz cofra, outro faz vassoura, outro trabalha fazendo a rede de tucum. A associação nasceu dessa união e se tornou o sustento de muita gente”, explica Francisca.

Mulheres da Ilha de Santa Isabel transformam palha de carnaúba em sustento | Foto: Conecta Piauí

O processo de produção exige técnica, paciência e criatividade. As peças se destacam pelos detalhes e pelos trançados firmes, mas também há espaço para personalização. “Quando o cliente pede uma cor diferente, a gente faz o tingimento da palha. É um trabalho que leva de 20 a 30 minutos, com fogo e tintas especiais, até chegar na tonalidade desejada”, descreve Francisca, enquanto manuseia o tacho aquecido usado na pintura das fibras.

A mãe de Francisca, Dona Serrate, é uma das pioneiras na atividade. Mesmo já afastada da rotina intensa de produção, ela relembra os desafios e aprendizados de uma vida dedicada ao artesanato. “Eu faço artesanato há 44 anos. O tingimento é uma parte difícil, porque precisa saber a quantidade certa da anilina e o tempo da palha no fogo. Depois é colocar no sol até ficar no ponto”, conta a artesã, com a experiência de quem ajudou a construir a história da comunidade.

Mulheres da Ilha de Santa Isabel transformam palha de carnaúba em sustento 
Além da beleza, o trabalho é também símbolo de autonomia econômica. Cada artesã é remunerada conforme a própria produção. “Cada uma ganha pelo que faz. Quem produz mais, ganha mais”, acrescenta Francisca, destacando a importância do cooperativismo e do reconhecimento das mulheres da Ilha.

No fim da tarde, o grupo se organiza para preparar as peças que serão levadas à capital. Cestos, bolsas e outros itens seguem embalados com cuidado para a Feira da Agricultura Familiar, que acontece em Teresina. É lá que o talento das mulheres da Ilha de Santa Isabel ganha novos públicos e reforça o valor do artesanato piauiense como expressão de cultura, trabalho e resistência.

 Conecta Piauí

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