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| Fernando Gomes |
Parnaíba tem sido cantada em verso e prosa nos
últimos anos como a “Terra da Promissão”, graças à gestão competente que cuida
dos recursos públicos há cerca de 10 anos. Segundo os que participam desta
odisseia memorável, é sim a atual gestão, a grande responsável pelo momento de
explosão econômica por que passa o município. Vale a penar refletir...
Sem precedentes, assistimos nos últimos tempos um
debate político ignóbil. Uns poucos até
tentam inovar, mas a maioria mantêm estilos que aparentam diferenças da
politicagem sem, contudo trilhar o caminho ético e comprometido com a causa
pública. Estes escondem a verdade da mesma motivação dos grupos políticos tradicionais
que se alternaram no poder: manter-se no poder a qualquer custo.
Usam as mesmas ferramentas: perseguem, se apropriam
do público como privado, mantêm subservientes com recursos públicos, se afastam
dos interesses coletivos. Tudo em nome do poder, do seu poder. Oligarcas,
ditadores e pouco afeitos à transparência, participação e controle social, eles
vão se dando bem na vida. Esperar o que desses homens e mulheres??? Pobre
Parnaíba!
Os de hoje se arvoram melhores que os de outrora.
Fazem pouco achando estar “transformando” a Parnaíba numa “Filadélfia”. Fazem
mal. Põem a culpa nos outros pela sua própria incompetência.
O momento é propício para algumas reflexões e faço
à luz da observação dos fatos que estão presentes no cotidiano do parnaibano,
senão vejamos: primeiro, quem está se beneficiando deste “boom” que vive Parnaíba? Segundo, os indicadores
sócio-educativo-ambientais revelam que há uma, quase, completa ausência do
Poder Público no desenvolvimento de políticas que sejam inclusivas e de redução
das desigualdades sociais. Sustentabilidade em meio à tanta riqueza e
biodiversidade, passam longe...
Retirem do nosso meio as obras do governo federal e
os empreendimentos da iniciativa privada. Sobra o quê? Os cargos comissionados
que são dados a muitos “amigos” e que sequer produzem em favor da
municipalidade? Obras realizadas com a Fonte 100 (recursos próprios) são
inexpressivas diante do montante que o governo municipal arrecada e recebe em
transferências.
Neste mês de
março nos aproximamos de R$ 300 milhões recebidos somente na atual
gestão. Os “feitos” que se vangloriam condizem com os gastos aplicados? Nem
sabemos ao certo o quanto...
A verdade é que se fossem essa “coca-cola no
deserto” que se acham ser, estariam mais preocupados com a situação da cidade:
onde se registra um sistema de saúde precário com muitos postos sem o pleno
funcionamento da ação preventiva, sem equipamentos nem profissionais, em sua
maioria; praças e logradouros públicos desprezados; transporte coletivo de
péssima qualidade; obras inacabadas como exemplo o matadouro; mercados públicos
de Fátima e Caramuru abandonados; invasão de espaço público sem precedentes
(Praça da Santa Casa, São Sebastião, Caramuru, etc); escolas sem estrutura
adequada; falta de uma política para a juventude; pouca valorização do esporte
e da cultura...
Mas, para alguns está bom demais!!!
Comparo nossa cidade com um jovem que, em pleno
vigor físico e mental, embrenha-se pelo mundo alucinógeno das drogas. Por um
momento ele se acha que está na mais completa felicidade, distante de tudo que
pode causar angústia e dor. Ledo engano. Ao passar o efeito da droga, vem a
realidade.
Parnaíba precisa ser retirada desta “ilusão” de que
vive uma explosão econômica e passar a ser encarada de fato como uma terra de
oportunidades.
Uma cidade que não tem cuidado com suas crianças:
quantas estão em idade escolar e fora da sala de aula, quantas são exploradas
pelo trabalho infantil e sexual, quantas necessitam de educação inclusiva e não
têm, quantas precisam de tratamento médico especializado e são humilhadas num
atendimento que não garante um bom acompanhamento médico.
Os gestores que ocuparam e ocupam espaço político
nos últimos anos demonstram apego ao poder e usam estratégias nada
convencionais para conseguir o seu intento, arte da politicagem que dominam
muito bem. É a embriaguez do poder. O problema que a “ressaca” quem sente é o
povo!
Por Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e
contribuinte parnaibano.

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