quarta-feira, outubro 09, 2013

Tremembés – o gentio no litoral piauiense

O litoral compreendido do Delta do Parnaíba até o rio Acaraú
eram terras dominadas pelos Tremembés
O homem americano pré-histórico habitou o Piauí há mais de 65.000 anos e outros povos também passaram na região em tempos mais próximos  existindo até hoje marcas dessas  vivências, encontradas em diversos sítios arqueológicos espalhados por todo o estado.

Já no final  do século XV na região compreendida entre o atual litoral maranhense a partir do delta do Parnaíba  até a foz do rio Acaraú no Ceará, o domínio da terra era mantido pelos tapuias Tremembés. Esse povo ameríndio vivia da caça , pesca e do comércio com corsários europeus. Eram exímios nadadores e se movimentavam nos manguezais  com a mesma  facilidade dos animais e moluscos lá existentes que também  eram base de sua alimentação.


A mulheres Tremembés eram exímias fabricantes de
 objetos de barro cozido 
Usavam o arco e a flecha como instrumento de sobrevivência natural. Eram artífices na fabricação de canoas, objetos de barro cozido, macuque (machado), jequi, landuá e curral de peixe feito de  buriti,  instrumentos estes ainda hoje utilizados pelos seus descendentes. Plantavam para o sustento principalmente a mandioca.

Comiam em suas épocas de produção  o guajirú, o caju e o genipapo, sendo que desses dois últimos frutos silvestres  faziam o vinho azedo denominado  mocororó, o qual,  bebiam em dias de festas  trajados com suas vestimentas embelezados por conchas, búzios  e sementes silvestres como o mulungu. Os Arajós ou Araiós pertenciam a essa nação e habitaram o delta do rio Parnaíba, transferindo-se posteriormente para  as margens do rio Magu.


Os Tremembés fabricavam objetos de barro cozido
- a arte Tremembés
Bem perto de onde moravam, nas cercanias da Serra da Ibiapaba e nos vales dos rios que lá nascem, transitavam outras tribos como os Tabajaras, Carirís, Tacarijus e  Alongás, que  nas suas andanças chegavam  até o encontro dos rios com o mar, praticando o escambo com os valentes Tremembés que  detinham o poder de comercializar com corsários estrangeiros  a  madeira e outros produtos notáveis em uso na época pelos europeus.

Esse, era o ambiente no habitat dos Tremembés quando os portugueses Diogo Leite em 1531 visitou o Delta do Parnaíba,  Luiz de Melo  em 1554 e Nicolau de Rezende em 1574 naufragaram  na costa maranhense e percorreram o litoral piauiense passando pelas  barras dos rios Portinho e  Camurupim e indo até a foz dos rios Ubatuba e Timonha.

A respeito  de Nicolau de Rezende existem lendas que tratam  do seu tesouro perdido e de suas citações poéticas a respeito do delta,  quando teria se  expressado  “As águas são labirintos entre florestas intocadas e a vida acompanha o pulsar incessante das marés“ . E referindo-se ao porvir, continuou  “Quantos no futuro colherão as riquezas desse tesouro ... Esse Paraíso resistirá aos futuros desbravadores ?“

Da Série : Estórias a Respeito da História da Parnaíba
Phb. O8/10/2013  - Vic.
Por Vicente de Paula Araújo Silva “Potência” (foto ao lado)
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Da redação do Jornal da Parnaíba

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