Há falta de médicos no Brasil. Essa é apenas uma
das doenças da saúde pública brasileira (desgraçadamente, não a única). Pior
que faltar médicos no país é o médico que falta aos seus deveres morais, o que
ganha sem trabalhar, o que bate o ponto e vai embora, o que frauda o controle
digital, o que suga o dinheiro público parasitariamente. O trabalho escravo
constitui o exemplo mais evidente de parasitismo, que consiste em explorar o
esforço do escravo para se enriquecer ilicitamente. Isso configura uma das espécies
de parasitismo, o social (ainda frequente no Brasil). Sobre o parasitismo é
fundamental a leitura de M. Bomfim, A América Latina. Existem várias
outras formas de parasitismo. Ele, ao lado do teocratismo, ignorantismo e
selvagerismo, constitui o conjunto das raízes do Brasil atrasado, o
Brasil que deu errado.
Outros males constatáveis das nossas raízes
nefastas (que vão além das boas): incompetência, falta de preparo para a vida,
superstição, crendices. Putrefação passiva generalizada (especialmente frente à
televisão). Agitam-se interesses baixos, mesmo as altas categorias da
sociedade. Os conflitos de grupos são dominados por um utilitarismo estreito e
sórdido. Na internet tudo foi partidarizado e polarizado. Domínio do ódio. Os
mais astutos não sabem querer nem pensar. Inclinam-se a parasitar. O esforço
contínuo para ganhar a vida não é a regra. Muitos andam por aí gemendo quando
têm fome, grunhindo como bácoro quando estão fartos. Esse é o Brasil atrasado,
o Brasil que deu errado, que conta com raízes bem conhecidas. O parasitismo faz
parte da nossa formação cultural (e do caráter de muitos brasileiros). Raiz do
nosso atraso. Não única, mas é. Enquanto não eliminado ou drasticamente
reduzido estamos condenados à degeneração, às barbáries, em suma, à ausência de
civilização. Temos que construir uma nova sociedade, fundada na ética.
Por LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista e coeditor do portal
atualidades dodireito.com.br.
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