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Unidade de beneficiamento de marisqueiras de Luis Correia |
A pesca e o beneficiamento do marisco e do sururu
no litoral piauiense vão ganhar um novo impulso com a entrega da unidade
produtiva construída pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba (Codevasf) no município de Luís Correia, em fase final
de implantação. A ação vai beneficiar 50 marisqueiras e filetadeiras que
desenvolvem a atividade de coleta do marisco reunidas em uma associação criada
há quatro anos para lutar pela afirmação da categoria e por melhorias de
trabalho para estas mulheres.
O valor investido soma aproximadamente R$ 129,4
mil, adquiridos por meio de destaque orçamentário da Secretaria de Planejamento
e Ordenamento da Aquicultura, do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), e
envolve, além da construção da unidade produtiva de 50 m², a aquisição de
materiais como toucas e luvas descartáveis, sacos para embalagem, insumos da
produção e equipamentos - a exemplo de balança digital, fogão industrial e
freezer.
Entre os itens adquiridos pela Codevasf está ainda
um veículo que vai facilitar o deslocamento das marisqueiras ao manguezal para
a coleta do molusco e a volta para casa, quando precisam percorrer a distância
de cerca de 35 km dos locais de cata do marisco até a sede do município onde
moram.
Hoje, as marisqueiras ainda se deslocam para seu
local de trabalho em carrocerias de pequenas caminhonetes, sem as condições
adequadas de segurança. O veículo permitirá que elas se locomovam até o
manguezal em segurança e no horário certo das marés, além de diminuir o custo da
produção, porque, atualmente, elas têm que pagar aluguel pelo transporte, ao
custo de R$ 10 por pessoa.
O espaço está previsto para ser inaugurado ainda
este mês e, segundo a presidente da Associação das Marisqueiras e Filetadeiras
de Luís Correia, Fátima Paiva, será de grande importância para estas mulheres. "Nós vamos ter um espaço para vender a
produção. Recebemos balança, freezer, fogão industrial, forno, mesas. Então, a
gente vai fazer pizza, torta, lasanha pra vender em eventos durante o ano. Essa
é uma renda que vai entrar na conta das marisqueiras”, enumera Fátima.
Incremento
de produção e renda
Quanto à produção, Fátima Paiva explica que a
expectativa é que o trabalho cresça. “Hoje, nós pescamos um tambor de 200
quilos cheio que, depois de cozido, dá 25 quilos por pescaria. O dinheiro que a
gente ganha é pouco, só dá para pagar o carro que custa R$ 150,00. A partir de
agora nós queremos chegar aos 400 quilos, aí as marisqueiras vão ter uma
renda”, aposta a presidente.
Segundo o responsável pela fiscalização da obra,
Flávio Henrique Mizael, engenheiro de pesca da Codevasf, as melhorias advindas
com a estruturação da unidade de beneficiamento de Luís Correia vão representar
um aumento na qualidade de vida destas mulheres que vivem da cata dos moluscos.
"A unidade de beneficiamento traz um impacto
positivo sobre a comunidade local, porque passa a existir uma organização da
cadeia produtiva. Elas vão fazer um produto com melhor qualidade, com higiene e
atendendo a legislação que envolve saúde pública. Outro impacto é na questão
financeira, pois agrega valor ao produto, aumenta a fonte de receita, contribui
para melhoria de vida das marisqueiras, das suas famílias e da comunidade”,
observa o engenheiro.
De acordo com ele, há também expectativa de aumento
da produção, “porque a partir de agora
elas vão ter um estímulo maior para produzir”. “Nós vamos dar condições para
que eles se desloquem em segurança e com menor custo. Hoje, um fator que
dificulta a produção é a frequência das viagens, então elas viajam menos porque
o custo do deslocamento é grande. Com o carro e a carreta, elas vão poder ir
mais vezes aos locais de pesca e aumentar a produção”.
As 50 mulheres, na faixa etária entre 26 e 60 anos,
que antes desenvolviam esta atividade de forma individual ou ajudando os
maridos, catam mariscos em diversos pontos do litoral piauiense, como o
estuário do Macapá, a praia da Fortuna e Barra grande.
Unidade
homenageia servidor
A rotina das marisqueiras começa cedo. Às 7h da
manhã elas partem para a local de trabalho e lá permanecem até às 16h. Após a
cata, elas transportam os mariscos para sede do município, onde eles são
beneficiados. Antes, os mariscos eram beneficiados na casa da presidente da
associação, em instalações improvisadas.
A partir da inauguração da unidade, os mariscos vão
ser transportados em tambores plásticos de 200 litros sobre a carreta, que será
rebocada pelo mesmo veículo que transportará as marisqueiras. Ao chegar com o
produto na unidade de produção, outro grupo de mulheres irá beneficiar o
marisco de forma adequada, atendendo às exigências sanitárias.
Fátima França, 26 anos, mãe de 3 filhos, trabalha
há 3 anos como marisqueira. “Mudou muita
coisa na minha vida depois que comecei a trabalhar com coleta de marisco.
Aprendi a respeitar mais o meio ambiente. No começo a gente não sabia o tamanho
adequado de trazer o marisco. Hoje, a gente sabe diferenciar os tamanhos, para
na próxima pesca, o pequeno que a gente deixou, estar no tamanho certo para ser
coletado. Do lucro que a gente tem aqui, eu compro os mantimentos para minha
casa. O nosso marisco é diferenciado, não fica um grão de areia sequer, porque
a gente tem todo o trabalho, cuidado e higiene no beneficiamento”, explica
a marisqueira.
A Associação das Marisqueiras e Filetadeiras de
Luiz Correia é pioneira nesta atividade. A unidade de beneficiamento de
mariscos implantada pela Codevasf, com apoio do Ministério da Pesca e
Aquicultura, é a primeira do tipo no Piauí, e permitirá a que as mulheres sejam
referência para outros grupos que praticam essa atividade no litoral piauiense.
O prédio construído para a Associação das
Marisqueiras e Filetadeiras de Luís Correia tem o nome de “Unidade Produtiva Jackson César de Sousa Rosa”, em homenagem ao
ex-funcionário da Codevasf, falecido ano passado, que idealizou e iniciou os
trabalhos que estão se concretizando agora.
Jornal da Parnaíba | Fonte: ForçaTáticadeParnaíba
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