O dia em que o Porto exportador
acabou: Governo do Estado anunciou que o Porto de Luís Correia terá sua
vocação reduzida para “referência em navegação de cabotagem”, conforme quer o
Palácio do Planalto. Ou seja, servirá exclusivamente para escoar a
produção entre outros portos dentro do país. No início do mês a ministra do
Planejamento havia dito que era preciso “ver a lógica que nós [Governo Federal]
temos para este Porto”. Não demorou muito. Já acharam.
O Porto de Luís Correia já foi tema de inúmeras discussões, estudos e mentiras. Mas no atual governo seu destino começou realmente a ser selado no início deste mês, quando a bancada e o governador do Piauí, reunidos com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ouviram de uma das mulheres fortes do governo Dilma Rousseff que era preciso que a vocação do Porto piauiense fosse reavaliada. Na ocasião a ministra disse que a questão seria tratada em reunião com a própria presidente da República. Isso foi antes do anúncio do Plano do Governo Federal que destina R$ 54,2 bilhões para os portos brasileiros e nada para o do Piauí.
Segundo anunciou o próprio Governo do Estado, em release (acessar material) distribuído após a reunião entre o governador Wilson Martins (PSD) e o secretário nacional dos Portos, Leônidas Cristino, o Porto de Luís Correia agora passará a executar uma posição secundária. Não que tal função seja de nenhuma importância. Não. Pelo contrário. Mas é bem aquém do que se imaginava para o Porto em questão. O título do material distribuído para imprensa foi “Luís Correia: Porto será referência em navegação de cabotagem”. Com um verbo assim mesmo, num futuro que muitos já cansaram de acreditar.
Redução da vocação
A própria Secretaria Nacional dos Portos explica que com isso, o Porto de Luís Correia "servirá para transportar mercadorias entre os grandes portos do país", desafogará as estradas brasileiras e reduzirá os custos. A vocação alardeada pelo então governador Wellington Dias (PT), no entanto, parece que agora, foi enterrada de vez. Isso porque da forma que está desenhado, segundo a própria secretaria dos Portos, a importância do Porto o coloca em atuação dentro do próprio país somente.
As informações oficiais repassadas pelo próprio Governo do Estado em seu release procuram justificar a nova vocação do Porto de Luís Correia. “O novo projeto idealizado pela Setrans [Secretaria dos Transportes] dá uma dimensão diferente do antigo que rapidamente se tornaria obsoleto. Agora o porto de Luís Correia terá um maior calado (profundidade a que se encontra o ponto mais baixo da quilha de uma embarcação), o cais será ampliado e a área retroprotuária mais distribuída”, diz o texto.
O governador Wilson Martins disse durante a última reunião em Brasília que tem assegurado um montante de R$ 64 milhões, que serão destinados para a conclusão - frise-se - da ainda primeira etapa do Porto de Luís Correia. Essa primeira parte seria a ampliação e reconstrução do cais e a área do retroporto. No governo de Wellington Dias a promessa era a de que o Porto seria inaugurado no final do seu mandato. Em 2010. Não foi.
Impasse entre o Governo do Estado e o Governo Federal
Também segundo Wilson Martins, para a conclusão da obra devem ser investidos outros R$ 320 milhões, com recursos do Governo Federal e Estadual. Esse é um grande ponto de embate entre o Governo Estadual e o Governo Federal. A desconfiança sobre a necessidade de R$ 400 milhões para conclusão do Porto que agora teve sua vocação reduzida foi deixada bem clara pela ministra do Planejamento na reunião ocorrida início deste mês com os políticos piauienses.
“Eu preciso dizer que uma obra sair de R$ 40 milhões para quase R$ 400 milhões é ... entendeu?”, disse em tom de questionamento, deixando para os ouvintes a busca pelos adjetivos convenientes a cada um. “Temos que ver também qual é a lógica que nós temos para este porto”, acrescentou.
Da forma como está e se um dia sair do papel, o Porto de Luís Correia terá o tamanho da importância da sua classe política no cenário nacional.
Edição: Jornal da Parnaíba | Do Portal AZ Brasília
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