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Adam Lanza, autor do massacre de Newtown, Connecticut |
O mundo ficou chocado com mais um massacre coletivo
nos Estados Unidos (Newtown, Connecticut): 26 pessoas, incluindo vinte crianças
e a própria mãe do atirador (que pode ter feito a loucura que fez em razão de
“bullying” – vamos aguardar as investigações). Sabe-se que neste país qualquer
psicopata pode ter acesso (por meio de compra ou de simples apoderamento) a quantas
armas quiser, por força de uma ultrapassada Emenda Constitucional, amparada
pela Corte Suprema norte-americana. A Casa Branca disse (em 17.12.12.) que o
controle de armas faz parte da solução do problema, mas ainda não é a resposta
completa à violência, que extermina cerca de 15 mil pessoas por ano naquele
País.
Obama disse que buscaria "medidas mais duras"
para enfrentar a questão e isso passa pelo endurecimento da regulamentação das
armas de fogo. Estamos preparados para dizer que somos impotentes diante de tal
carnificina, perguntou Obama? Estamos prontos para ver a violência atingir
nossas crianças em nome da nossa liberdade [de portar armas de fogo
facilmente]? Os fabricantes e comerciantes do setor contam com o maior poder de
fogo ($) nas campanhas eleitorais e no Congresso nacional. É chegado o momento
de enfrentá-los?
De acordo com os dados de 2010 do DATASUS
(Banco de dados do Sistema Único de Saúde), o número de mortes causadas por
arma de fogo no Brasil foi de 36.792, ou seja, 70% do total de 52.260. Não
criamos ainda (nem no Brasil nem nos EUA) o tabu do sangue, que vigora na
Europa há alguns séculos, tendo resultado extraordinário: 2 a 3 mortes para
cada 100 mil pessoas, contra 27,3 do Brasil, em 2010.
No Brasil já fizemos várias campanhas de
desarmamento e temos uma lei mais ou menos rigorosa, que é a responsável por
26.380 presos, dos 549.577, que estão recolhidos no sistema prisional nacional
(dados de junho de 2012, conforme o Depen). Somente no primeiro semestre de
2012 houve aumento de 4,5% na população carcerária decorrente da posse ou porte
de arma de fogo, que faz parte do Top 9, isto é, dos nove crimes mais
encarceradores no Brasil. Em 2005, contávamos com 10.124 presos nessa área,
tendo havido aumento de 160% daí até junho de 2012.
Lei existe e está sendo cumprida, mas mesmo assim a
facilidade com que se compra uma arma de fogo no Brasil é impressionante. O
atirador do Realengo (que matou 12 crianças, em razão do “bullying”) adquiriu 2
armas de fogo, dias antes do massacre, com facilidade incrível. Contamos no
Brasil com cerca de 8 milhões de armas ilegais (segundo informações do próprio
governo).
Ainda há muito poder de fogo por aí, ou seja, temos
que continuar fabricando toneladas de lágrimas, para fazer frente a tanta dor e
sofrimento, tais como as que rolaram no rosto de Obama logo após a tragédia de
Newtown. Claro que é o ser humano que faz o disparo, mas sem as armas de fogo
(tal como se vive na Europa) teríamos muito menos mortos, porque delas abusa
diuturnamente esse ser com evolução ainda incompleta (chamado humano).
LUIZ FLÁVIO GOMES (@professorLFG)*
*LFG – Jurista e professor. Fundador da Rede de
Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil e coeditor do
atualidadesdodireito.com.br - Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de
Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Estou no professorlfg.com.br.
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