sexta-feira, dezembro 07, 2012

Cassado pela ditadura, piauiense Chagas Rodrigues terá mandato devolvido em memória

Brasília, 2003: Chagas Rodrigues em entrevista para
João Cláudio Moreno, ao completar 80 anosFoto: (Flávio Albuquerque)
Chagas Rodrigues morreu em 2009, mas será um dos homenageados nesta quinta-feira em Brasília.

O ex-senador Francisco das Chagas Caldas Rodrigues será homenageado, in memoriam, nesta quinta-feira (5) na Câmara dos Deputados. Falecido em 2009, ele foi um dos parlamentares eleitos nos anos 1960 que tiveram o mandato cassado pelo regime da Ditadura Militar. Dos 173 deputados federais impedidos de representar o povo que o elegeu, 28 ainda estão vivos e pelo menos 17 participarão da devolução simbólica de seus mandatos.

Advogado, natural de Parnaíba, Chagas Rodrigues era governador do Piauí foi eleito para a legislatura de 1967 a 1971, mas não pode exercer o mandato e teve os direitos políticos suspensos por 10 anos. Após a ditadura militar, foi eleito senador. 

Ficou marcado por ser o mais jovem governador do Estado, empossado aos 37 anos. Também foi um dos fundadores do PSDB no Piauí. 

Na política atual do Piauí, o nome de Chagas Rodrigues é lembrado pela presença sobrinho, o ex-vereador Chico Wilson (PSDB). A nova sede da Câmara Municipal de Teresina leva o nome do ex-senador.

Terezinha de Jesus, irmã de Chagas Rodrigues e mãe do
ex-vereador Chico Wilson, durante homenagem recebida
em 2009 após a morte do ex-senador
Devolução simbólica
A iniciativa de devolução dos mandatos é da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, presidida pela deputada Luiza Erundina (PSB-SP) e parte integrante da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. 

“A cassação é uma violência não só contra o detentor do mandato, mas contra o eleitor, que é soberano em uma democracia. (...) A devolução dos 173 mandatos tem um simbolismo muito forte, um sentido de reparação neste momento em que o Brasil está mobilizado na conclusão do processo de redemocratização, para trazer luz aos fatos e personagens do período”, diz Erundina.

“Significa restaurar pessoas que, por fidelidade ao seus mandatos e por manifestarem coerência a suas posições político-ideológicas, sofreram um ato de subversão total”, avalia o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Claudio Fonteles.

Os deputados vivos e parentes dos falecidos vão receber um documento em forma de diploma, com broche de uso parlamentar. A Câmara vai exibir um documentário sobre os impactos causados pelo fechamento do Congresso Nacional e a cassação dos mandatos na ditadura. Depois, todos inauguram a exposição "Parlamento Mutilado: Deputados Federais Cassados pela Ditadura de 1964". Um livro com o mesmo nome será lançado.

 
Edição do Jornal da Parnaíba com informações da Agência Câmara de Notícias
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