"Seria importante, ainda, um programa de
educação física aliado a um diagnóstico nutricional"
A ideia de viver em grandes cidades passa hoje
inevitavelmente pela ideia de cidadania, através do necessário concílio entre a
renúncia de alguns direitos individuais em favor de interesses coletivos e a
adoção do pensamento da função social da propriedade privada em todas as suas
dimensões, em especial, naquelas cidades não planejadas.
Uma cidade cidadã não admite cidadãos serem tração
humana de caixas de geladeiras servindo de voluntários para uma precária coleta
seletiva de lixo, ao invés de o poder público liderar e destinar os resíduos à
transformação energética ou para bens de capital. Faz-se ainda necessário um
Código Sanitário acompanhado de um diagnóstico das endemias e epidemias de sua
histórica, além da aceleração dos projetos de saneamento básico e de galerias
pluviais autônomas.
O fortalecimento do atendimento de saúde pública
também é um dos maiores desafios, instituindo triagens obrigatórias em todas as
emergências. Seria importante, ainda, um programa de educação física aliado a
um diagnóstico nutricional e a um programa de saúde mental multidisciplinar, em
especial, nas favelas.
Sobre a tão falada “mobilidade urbana”, são
importantes a abertura de vias e a adoção de transportes coletivos de massa,
numa cidade onde “aluga-se” permissão pública de táxis, explorando a mais valia
de centenas de motoristas. Faz-se necessária a mudança vetorial para que as
pessoas morem próximo ao trabalho e ao seu entretenimento, através de um pacto
liderado pelo prefeito com industriais, comerciantes e trabalhadores, após
censo laboral que possibilite o remanejamento das forças produtivas para mais
perto de suas casas.
No turismo e na cultura há um vácuo de identidade.
Carece uma política de tombamento do patrimônio material e imaterial para
preservar a sua memória, pautar o presente e resgatar o futuro. O orgulho da
história e de sua cultura, gastronomia, folclore, credos e ofício traria uma
política cultural e turística original.
São urgentes um inventário da flora e fauna da
Capital e a proliferação da prática da urbicultura familiar orgânica. A cidade
deve inverter a lógica da privatização dos espaços públicos, recuperando os
privatizados, e adotar o instituto jurídico do parcelamento compulsório em
grandes glebas para a reforma urbana que democratize o solo, o subsolo e o
espaço aéreo para se tornar, verdadeiramente, uma cidade cidadã, sem
planejamento retórico, mas com ações efetivas e resolutas.
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