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Complexo Cultural Porto das Barcas |
O Porto das Barcas é um conjunto arquitetônico
localizado na cidade de Parnaíba, litoral do Piauí, que nos séculos XVIII e XIX
manteve intensa movimentação fluvial (Parnaíba é banhada pelo rio Igaraçu, que
deságua no Atlântico para formar um dos únicos deltas em mar aberto do mundo).
De seus armazéns saíam e entravam mercadorias para o exterior e restante do
Brasil.
A imponência arquitetônica é notória, com algumas
construções erguidas em pedras assentadas por óleo de baleia. São colunas e
paredes espetaculares, que além de proporcionarem um charme especial ao espaço,
também refletem a suntuosidade de uma época promissora. Depois de abandonado
por muitos anos, o governo do Estado, em princípios da década de 90,
transformou o Porto das Barcas em espaço cultural, freqüentado por visitantes e
pela população local. Os seus armazéns foram transformados em restaurantes,
lojas de artesanato, sorveteria, agências de viagens, auditório e escritórios.
Em uma noite agradável de final de janeiro, estive
no Porto das Barcas para espairecer e jogar conversa fora com amigos e
familiares. Ainda era cedo da noite. Algumas mesas encontravam-se vazias e
poucas pessoas circulavam, mas havia no ar a impressão de que em pouco tempo o
lugar estaria cheio – afinal de contas, era sábado!
Observei que rondava as mesas um rapaz moreno,
aparentando ter entre 18 e 20 anos, cabelos curtos, trajando chinelos
desgastados, calção preto e camisa vermelha desbotada, surrada por assim dizer.
Parecia nervoso, pois se movimentava com impaciência. Abordava os visitantes,
exibia um ar de piedade, estendia a mão e pedia-lhes uma ajuda. Talvez por sua
aparência nada agradável, as respostas eram sempre negativas às suas
investidas. A minha mesa, por exemplo, ele abordou diversas vezes, como se não
lembrasse das feições dos clientes ou esquecesse que já recebera uma negativa.
O cliente da mesa ao lado ofereceu-lhe um
sanduíche. Seria natural que ele estivesse com fome. O rapaz ajoelhou-se em
agradecimento e subserviência. Pegou o guardanapo de papel, que estava sobre a
mesa, envolveu o sanduíche e dirigiu-se ao restaurante ao lado, onde pediu uma
sacola de plástico para acondicioná-lo. Passou, então, a abordar
transeuntes, oferecendo-lhes o sanduíche.
A comida não lhe apetecia, não atraía o desejo de
alimentar-se: ele queria dinheiro. Aquele comportamento demonstrou até onde a droga
leva o indivíduo. O desespero se manifesta, a angústia de não conseguir os
meios para chegar à droga vem à tona. O que esperar de seu final de noite?
Quais instintos se manifestarão para que alcance o seu objetivo?
Assim nascem as vítimas, na perseguição de vultos
sorrateiros que usam a covardia para espreitar e saltar sobre inocentes,
tirando-lhes os bens e muitas vezes a vida em troca de algumas moedas.
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Edição: Jornal da Parnaíba | Por Enéas Barros
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