![]() |
Refrigerador para dois cadáveres |
O descaso com a saúde pública de Parnaíba é realmente um caso de
polícia. É inadmissível que uma cidade do porte de Parnaíba não seja dotada de
um Instituto de Medicina Legal-IML com instalações adequadas para um simples exame pós-morte. Funcionários e pacientes do Hospital Dirceu ficam expostos a mau cheiro por falta de um armário para cadáveres.
Vejamos este fato ocorrido hoje (06). O corpo de Fábio Antonio Santos
Lima, 30 anos, mais conhecido como "Cosmo" foi encontrado já em
estado de putrefação no inicio da manhã desta segunda feira (06), por volta das
07:00 horas nos carnaubais por trás da Industria Irmarc na localidade
Fazendinha na Ilha Grande de Santa Isabel, em Parnaíba. Por volta das 11hs
foi encaminhado para o Hospital Estadual Dirceu Arcoverde-HEDA, onde permaneceu
até às 18hs. Como não temos IML em Parnaíba, em conseqüência também não existe uma
geladeira, o corpo passou todo este tempo na pedra do necrotério daquele
hospital, local onde deveriam ser colocados apenas os pacientes do HEDA que
viessem a óbito.
Ocorre que o mau cheiro exalado do corpo, que possivelmente já estava
morto há cinco dias, adentrava às outras dependências do hospital onde pacientes
com baixa imunidade eram obrigados a respirar, algumas dependências do hospital
tiveram que ser fechadas, as mais próximas do necrotério, por não ser possível
trabalhar naquelas condições. Faz-se necessário lembrar que ali ainda existe uma
cozinha, um refeitório e a parte burocrática do hospital. Todas as pessoas que
ali trabalham estão expostas a esta situação. "Não dá para fazer refeição nesta situação" disse um funcionário que não quis ter seu nome revelado.
Já houve casos em que o corpo foi
levado para o Hospital Estadual Dirceu Arcoverde, passar horas esperando por um
médico-legista para efetuar os procedimentos legais e ser liberado atendendo pedido
pessoal da família para que pudesse fazer o sepultamento. Pior é que por não
ter aparecido nenhum médico, não houve a possibilidade, sequer, de tirar a
certidão de óbito. Este fato está registrado nos anais da Câmara Municipal de Parnaíba.
Outro caso que chamou a atenção sobre a falta de um local adequado para
receber um corpo que precise de mais tempo para ser sepultado foi o episódio do
advogado Giancarlo Curcuruto, 67 anos, de nacionalidade Italiana, radicado
no Brasil e que se suicidou na Avenida São Sebastião. Por não existir IML em
Parnaíba, apenas um carro tumba, o corpo teve que seguir para o IML de
Teresina onde ficou a espera do pronunciamento do consulado italiano sobre o
traslado para seu país de origem.
Quanto custa um armário para armazenamento frio e congelamento de dois cadáveres,
produto essencial para que o hospital, ou sala de estar fúnebre, e o
departamento de exame pós-morte, no caso o IML? Os recursos da saúde não dão para comprar pelo
menos isso? Ou será mesmo descaso?
Redação: Jornal da Parnaíba
Nenhum comentário:
Postar um comentário