Arlindo Leão |
Na manhã de hoje, o secretário municipal do turismo de Parnaíba, Arlindo Leão (foto ao lado), esteve no auditório da Universidade Estadual do Piauí, participando do “I Fórum de Discussão sobre a Gestão Social da Água e dos resíduos Sólidos no Município de Parnaíba para o Desenvolvimento do Turismo Sustentável”. Na ocasião, o secretário, que deu início ao ciclo de palestras, ressaltou a importância da sustentabilidade para o crescimento turístico da cidade. Abaixo, confira o discurso na íntegra:
Gostaria de saudar todos aqui através da mesa composta e das demais autoridades.
Faço minhas as palavras do filósofo brasileiro Carlos Roberto Cirne-Lima que afirmou:
“Quem é bem pensante percebe que, para haver Justiça, a diferença entre ricos e pobres não pode ser aceita assim como de fato está. E os bem pensantes, os que são éticos e querem agir eticamente, identificam-se com os pobres. Se existem pobres, então também nós queremos ser pobres. Se existem pobres, queremos ser iguais a eles. Daí as sociedades comunitárias e igualitárias, desde os primeiros cristãos até os hippies da paz e do amor. Daí a forte identificação dos socialistas e comunistas com a classe dos trabalhadores. E assim está formada a confusão. Pois, como sabem os sábios e os malandros, só o intelectual metido a besta é que deseja ser pobre. Quem é pobre, pobre de verdade, quer mesmo é ficar rico. Estabelecer a igualdade por baixo, pela base, pelos miseráveis, significa transformar a pobreza em um grande valor ético. A pobreza não é valor nenhum, ela é um mal social que é resultado de ações eticamente perversas. A pobreza, isto é, a miséria, não é uma virtude, mas um mal a ser evitado. Os sábios e os malandros sabem disso. E não falam por quê? Os malandros não têm interesse em contar, os sábios muitas vezes não sabem se expressar. Ficamos, como se vê, sem solução prática e sem solução teórica”. Estas palavras, pontuadas por uma das maiores autoridades da filosofia contemporânea brasileira, Carlos Roberto Cirne-Lima, me servem de introdução a um raciocínio convergente, mesmo que de forma ligeira, a uma luz resolutiva à desigualdade existente entre aqueles de poder aquisitivo e aqueles que nem mesmo o possuem.
Nestes quase três meses em que assumi a Secretaria do Turismo pude, pelos olhos que a confiança e o empenho sempre me reservaram, abolir alguns dos tantos estratagemas que, como erva daninha, impregnava-me o pensamento, assim como o de muitos, um deles, senão o pior, dita que “Turismo é coisa para gente rica”. A realidade, porém, não é bem assim. Antes uma solução social, econômica e pátria, o turismo não é construído apenas com boas intenções de uma minoria empresarial, ele reserva, em seu conjunto de fatores, uma gama imensa de alternativas viáveis cuja base deste sustentáculo está tanto a beleza natural quanto a força empreendedora de um povo que preserva, em seu seio, a sua via de acesso artística, identitária e ambiental. O turismo, portanto, não é coisa para gente rica, ele é, antes, coisa para uma população culturalmente ativa, sabedora de suas raízes, que sabe empreender, como saída sustentável, este viés de oportunidades e respeito ao meio ambiente.
O poder público, por exemplo, é fundamental e de maior relevância neste processo, já que é a partir dele que estas incandescências culturais e sustentáveis são potencializadas, desequilibrando, naturalmente, este disparate entre ricos e pobres dos quais citamos através das palavras do filósofo brasileiro no início deste pronunciamento. A propósito, a meu ver, esta diferença material que impregna nossas mentes pouco ou nada importa quando nos preocupamos, na realidade, com a riqueza espiritual de um povo que produz, respeita, conserva e muito orgulha, por sua arte e engenho, a vibração ativa e hospitaleira de uma dada população, refiro-me, pois, a cada pai de família que tem na arte o seu ganha-pão, cada artesão, escultor ou artista plástico, ator, poeta, empresário, professor, estudante, trabalhador... enfim, cada cidadão que mantém viva, às vezes sem apoio, sem carreira, a chama acesa de sua identidade, sua história, seu meio, sua alegria e, acima de tudo, perseverança.
Necessária é a alusão desta passagem em prol de todos que como beija-flores, cumprindo a sua parte, contribuem decisivamente para o nosso progresso, e nós, do poder público, que nada mais somos do que um elo estratégico entre todos, sabemos de suas importâncias para o turismo de uma cidade tão rica como Parnaíba. Esta terra a qual fazemos parte não pode, nem deve, sobreviver apenas da bênção dada por Deus, que é a Natureza. Antes de seu agraciamento pleno, devemos, com o empenho e a imaginação artística que possuímos, saber aproveitá-la através do dom que a inspiração nos concede transformar, de forma sustentável e construtiva a matéria-prima natural em algo que encanta o mundo e atrai povos dos mais distantes confins, admirados pela sabedoria popular parnaibana. As perspectivas, portanto, devem primar por uma sustentabilidade que integre tanto a formulação de estratégias práticas e viáveis como, de igual intensidade, a manutenção dos processos ecológicos essenciais, a conservação de nossa cultura e biodiversidade, e é aqui que acrescentamos neste rol, a água, já que ela, hoje, é temática forte deste evento. Entendemos, assim, como correta a investidura do presente que pensa no porvir e atua de uma maneira que faça com que estas bases citadas se fixem em um equilíbrio ecológico-social de forma duradoura, e em longo prazo, e sirva, que é um dos nossos principais objetivos, para as gerações que nos sucederem.
Como todos nós sabemos, o turismo é uma das saídas para o desenvolvimento desta cidade, que no século passado assistiu a decadência inevitável do seu comércio com a desvalorização das principais fontes financeiras, como a cera da carnaúba. Através desta nova fase, que retomará e impulsionará as forças comerciais parnaibanas, é quase impossível não admitir que já estejamos vivendo uma nova realidade construída de forma positiva, cuja marcha inexorável, como diria o saudoso Monsenhor Sampaio, reflete aquele que será, nos próximos anos, e por todo a nossa geração, o Terceiro Grande Ciclo Econômico da história de Parnaíba.
É importante que entendamos que esta não é uma realidade isolada do resto do mundo. Parnaíba, como bem os senhores sabem, caminha a par e passo de uma conjuntura internacional que observa no turismo, na sustentabilidade, na energia limpa e no respeito ao meio ambiente, o impulso que rege o nascimento de um novo mundo, uma nova geração de princípios políticos menos agressivos ao meio, capazes de combinar inteligência, praticidade, agilidade e eficiência. Com isso, e por todos os anos seguintes, as ações pró-turismo devem ser a nossa bandeira, assim como o é nos países de primeiro mundo como Espanha, Itália e França, que tentam explorá-lo de forma intensiva e elaborada. É dentro deste roteiro que, a meu ver, se impõem três palavras-chaves: Planejamento, desenvolvimento e sustentabilidade; e é o que nos traz hoje até aqui. Torno a repetir: É inadmissível a exclusão de políticas públicas que viabilizem o processo produtivo e sustentável de um povo, de uma região. Por estarmos envolvidos nestas correntes de pensamento, é que enxergo uma nova Parnaíba nascer nos últimos tempos. Nossos concidadãos, cada vez mais confiantes, e outros mais de outras partes do País e do mundo, têm sentido todos os processos desenvolvimentistas que nos cercam de forma inevitável, repito: Inevitável; e empreendem um ritmo de aproveitamento das potencialidades e recursos territoriais para o desenvolvimento de ideias acessíveis ao incremento do turismo regional de forma sustentável e ativa, porque esta é a nova ordem de lei do mundo civilizado, cada vez mais harmonizado com o meio ambiente. Com isso, quero ressalvar a prova de minhas palavras, transgredidas em duas grandes associações que se organizaram e levantaram, de forma bastante louvável, a bandeira deste setor e têm corroborado para o desenvolvimento regional, falo da Associação das Empresas Turísticas da Rota das Emoções e da Agência do Desenvolvimento Regional Sustentável.
Poder Público nenhum do mundo desenvolve um setor de forma isolada, esta utopia deve ser vencida pelo administrador do século XXI que sabe enxergar e conduzir ações empreendedoras de sua gente a serviço de sua gente. A grande receita administrativa do século é dar as mãos, de forma verdadeira, com todos os agentes empenhados numa mesma realidade e objetivo. A administração pública deve enxergar com bons olhos as propostas e as iniciativas privadas que tentam empreender e ampliar seus negócios de forma sustentável e ativa, pois isso gera emprego, renda e a auto-estima para o povo, tanto de forma direta como indireta. E todos nós sabemos que o trabalho dignifica o homem, este é um princípio universal e bastante antigo. Em se tratando de turismo, o setor que mais cresce no mundo, ou melhor, o turismo ecológico, todos os olhos devem contemplar um horizonte benéfico, já que o desenvolvimento regional sustentável, a qualidade no atendimento, a preservação e manutenção cultural são apenas umas das metas de todos que trabalham neste setor, elas, por si, já respondem pelas necessidades elementares de uma dada população. Uma cidade cujas raízes culturais são indeléveis, cujo povo é acolhedor e a natureza é uma das mais dignificantes do mundo, não pode deixar de se desenvolver de forma harmoniosa e turística.
Esta é a Parnaíba que devemos investir e acreditar. Os recursos territoriais que possuímos para o grande processo sustentável envolvem um conjunto de realidades, todavia, gostaria de citar aqui quatro que, embora abstratas, são, para o campo da concretude, os alicerces principais da roda historicista da criação e sustentabilidade humana: Vontade, criatividade, empenho e perseverança. Estas quatro bases, acredito eu, sozinhas, respondem pela formação da identidade e moral do nosso povo.
A secretaria do turismo, mais do que nunca, está aberta a ideias, sugestões, projetos e parcerias, porque como diz o ditado: “A união faz a força”; ao que acrescento: e da força desta união nasce o desenvolvimento, e o desenvolvimento que seguimos responde por uma só palavra: Sustentável.
Muito obrigado!
Edição: Jornal da Parnaíba
Fonte: Setur-Parnaíba
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