sexta-feira, dezembro 10, 2010

Correia Lima dormiu só três vezes no presídio após início do regime semiaberto

Ex-Coronel Correia Lima
Homens e mulheres foram condenados por crimes graves, como tráfico de drogas, assaltos e até assassinatos. Cumpriram parte da pena na cadeia e, agora, foram beneficiados pela lei e podem passar períodos fora da prisão, desde que seja para trabalhar. Trata-se do regime semiaberto, onde 301 detentos, dos 2.591 que compõem a população carcerária do Piauí, estão nesta condição.

Entretanto, muitos dos presos que conseguem o benefício aproveitam para cometer novos crimes, fugir ou até mesmo resolver problemas pessoais. Tudo, sob alegação que vão trabalhar. O presidiário piauiense mais famoso nesta condição é o ex-coronel da Polícia Militar José Viriato Correia Lima, acusado de chefiar o crime organizado no Estado. Ele entrou no novo regime dia 26 de novembro. Porém, até hoje só voltou para dormir na cadeira três dias.

Correi Lima está preso há 11 anos e cumpre pena de 41 anos referentes a quatro condenações. Ele conseguiu a progressão do regime, concedido pelo juiz José Ribamar Oliveira e Silva, da 1º Vara Criminal de Parnaíba, sob alegações de bom comportamento e prazo de detenção. Mas, logo no primeiro dia de mudança de regime, ele não retornou a Penitenciária Mista de Parnaíba. A justificativa era que ele tinha o direito de dormir com a família.

Nos três dias seguintes, o ex-coronel saia da penitenciária para trabalhar, na Pousada do Sol, em Parnaíba, durante o dia e retornava à noite para dormir. Mas, mediante duas licenças médicas, também concedidas pelo mesmo magistrado, Correia Lima não mais retornou ao presídio. “As duas licenças foram solicitadas pela defesa do réu para tratamento médico”, disse o juiz José Ribamar, não falando mais nada. “Estou numa audiência agora, ligue depois”.

As licenças foram confirmadas pelo diretor da Penitenciária Mista de Parnaíba, capitão Gerson Reis. Segundo o oficial, a primeira terminou dia cinco e a segunda tem prazo de validade até o dia 16 de dezembro, data que o ex-coronel Correia Lima volta ao banco dos réus, sob acusado de duplo assassinato. “Por causa das licenças, ele (Correia Lima) está dispensado de dormir aqui até o júri popular em Teresina”, afirmou o diretor.

Porém, durante todos esses dias em que o ex-coronel encontra-se de licença médica, ninguém o viu se tratando em Parnaíba ou até mesmo em Teresina. Ainda quando estava preso em Teresina, Correia Lima chegou a ser consultado e avaliado em clinicamente em hospital particular da capital piauiense. Além da idade, acima dos 60 anos, ele apresenta problemas cardíacos e de pressão.

Informações relatam que os dias de licença médica Correia Lima foram tirados em Fortaleza (CE), onde maior parte dos familiares do ex-coronel reside, e Recife (PE). Aliás, é na capital pernambucana que o ex-oficial da PM do Piauí estaria no momento. O advogado de defesa de Correia Lima foi procurado para comentar sobre o assunto. No entanto, ele preferiu não falar muito sobre o assunto, limitando-se apenas em confirmar as licenças médicas para tratamento de saúde.

“A família do coronel não me autorizou para oferecer mais detalhes, mas ele encontra-se de licença para tratamento médico e retornará dia 16 deste mês, para ser julgado em Teresina”, apontou Leôncio Coelho, advogado do ex-militar, acrescentando que o Correia Lima já tem uma certa idade e sofre de problemas de pressão.

Sobre o trabalho do preso, Leôncio disse que Correia Lima está prestando serviço na igreja da qual faz parte. “Não sei qual a igreja, mas está trabalhando”, enfatizou, não sabendo dizer nada sobre um possível trabalho na Pousada do Sol. “Não sei disso, por isso não posso falar”, relatou. A reportagem tentou ligar para a pousada, através de um número fornecido por site de busca na internet, mas ninguém atendeu.

Correi Lima estava preso, em regime fechado, há 11 anos e cumpre pena de 41 anos referentes a quatro condenações. Conforme nota do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a lei prevê que ele deve ter alguma atividade, ou trabalho ou estudo para mudança de regime. Em alguns casos, ambos. Ele vai buscar um empregador. Esse empregador vai atestar que ele está trabalhando em determinado período e ele se recolhe ao estabelecimento prisional, durante a noite.

Segundo o Ministério da Justiça, nos próximos meses, um decreto vai regulamentar o uso do monitoramento eletrônico em todo o Brasil. Já no próximo dia 16, Correia Lima retorna ao banco dos réus do Tribunal Popular do Juri, para ser julgado pelas mortes de Hélio Araújo Silva e Einaldo Liberal Xavier Júnior, ocorrido ainda no final da década de 90, na zona Sudeste de Teresina, no crime que ficou conhecido como “Caso dos Queimados”.

Edição: Jornal da Parnaíba
Fonte: PortalAZ

Nenhum comentário: