segunda-feira, setembro 13, 2010

Piauí lidera ranking de trabalho infantil, segundo PNAD

O Piauí tem o maior percentual de crianças de 5 a 14 anos trabalhando, de acordo com levantamento realizado pelo G1 com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)- a mesma pesquisa em que o governo do Estado comemorou o avanços no ensino médio- divulgada no último dia 8 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Da população nesta faixa etária no estado, 11% trabalha.Depois do Piauí, aparecem na segunda colocação no ranking três estados com 10% das crianças entre 5 e 14 anos ocupadas: Ceará, Rondônia e Tocantins.

O G1 considerou os dados de 5 a 14 anos porque, dentro desta faixa etária, o trabalho é proibido no Brasil. Com 14 e 15 anos, é permitido o trabalho no país como aprendiz. A partir dos 16 anos, a legislação autoriza o trabalho mediante carteira assinada.

Em todo o Brasil, 5% das crianças entre 5 e 14 anos trabalham, conforme os dados do IBGE: 1,637 milhão do total de mais de 33 milhões. O percentual é metade da média para a América Latina e Caribe (10%), segundo a edição 2010 da pesquisa anual “Estado das Crianças do Mundo”, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Para Rosângela Lucena, responsável pelo combate ao trabalho infantil no Piauí, o estado "vem somando esforços para sair do ranking dos estados com mais trabalho infantil" -- no ano passado, o G1 publicou ranking de estados com mais trabalho infantil entre 5 e 17 anos e o Piauí foi o segundo colocado.

"Na verdade, o papel do estado dentro da política de assistência social é a capacitação e o monitoramento do trabalho infantil. A atuação é dos municípios. Alguns municípios têm inovado, criado programas para envolver jovens em outras atividades, como campeonatos de dança e de futebol. Não tem para onde correr, é preciso superar essa problemática com educação e atividades socioculturais."

Rosângela diz que 33 mil crianças são atendidas pelo Peti no estado. "O que a gente ouve dos municípios é que não conseguem localizar essa grande demanda que o IBGE traz como dado. Fizemos levantamentos no estado para identificar como são feitas as perguntas e em qual período é feito o levantamento. Porque temos cultura de agricultura familiar, que em período de colheita, toda a família se envolve."

Para ela, a questão cultural é o principal motivo de o estado estar no topo do ranking. "O Piauí é um estado em que 95% das cidades são de pequeno porte. Quanto menor o município, mais enraizada é a cultura. Muitos ainda acham que se pode superar a pobreza com o trabalho, e não com a educação. Isso vai mudando à medida em que a sociedade vai se apoderando, educacionalmente falando. É uma luta de formiguinha e o resultado não tem muita visibilidade, porque não é rápido."

Edição: Jornal da Parnaíba
Fonte: G1

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