terça-feira, agosto 10, 2010

Produção de biodisel, Sonho de Alberto Silva, fracassa no Piauí

Presidente Lula na cerimônia de
inauguração da Brasil Ecodiesel
Projeto fracassa e Piauí deixa de produzir biodiesel. Seis anos após a implantação do projeto de biodiesel no Piauí, o estado agora somente produz a matéria prima para a transformação no óleo. A fábrica inaugurada no município de Floriano, em 2007, voltada exclusivamente para criar biodiesel através da mamona produzida no assentamento Santa Clara, nos municípios de Canto do Buriti e Eliseu Martins, encerrou as atividades no final do ano passado.

Segundo Manoel Simão, diretor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Piauí (Fetag), vários fatores contribuíram para o fracasso do projeto iniciado em 2004 por meio de parceria entre o Governo do Estado e a empresa Brasil Ecodiesel. Um deles, para Simão, foi a falta de um planejamento melhor sobre o tipo de cultura a ser utilizado no assentamento.

“A terra não era muito boa para mamona, o que afetou diretamente a produtividade. Além do mais, colocaram 17 hectares para cada família cuidar, o que é muita terra para pouca gente trabalhar. Uma família consegue dar conta de, no máximo, dois hectares”, disse Manoel.

Com o tempo, a empresa, que também era proprietária da fábrica de Floriano, viu que a produção da mamona era muito pequena para gerar lucratividade necessária. Então, a fábrica desistiu de utilizar a mamona para fazer biodiesel.

"Por isso, companheiros,eu estou aqui. Estou aqui, orgulhosamente, vendo mais uma fábrica de biodiesel ser inaugurada, ver os trabalhadores ali. Antigamente, mamona valia tão pouco que a gente dizia: “quer vender alguma coisa? Quanto custa? É preço de mamona, é preço de banana”. Agora, não. Agora, isso aqui vale dinheiro para muita gente que não ganhava nada. Vale garantia de que as pessoas terão um trocadinho no final do mês para levar comida para casa". Lula da Silva, na cerimônia de inauguração da Usina de Biodiesel da Brasil Ecodiesel.
Como alternativa, as cerca de 700 famílias do assentamento passaram a plantar outras culturas, como feijão, por exemplo, e vendendo a produção para o Governo do Estado e também para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, a produção de mamona e outras culturas voltadas para o biodiesel no Piauí não acabou.

O Governo Federal, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário, implantou dois projetos voltados para a agricultura familiar na região de São Raimundo Nonato, no Semiárido e no entorno de Esperantina, na região Norte.

Em São Raimundo Nonato, as 700 famílias plantam mamona com uma produtividade média de 500 kg por hectare. Elas estão lá desde 2007 e atualmente já estão preparando a terceira safra. A produção toda é comprada pela Petrobras, que utiliza a matéria prima para transformar em biodiesel na fábrica que possui na Bahia.

Já em Esperantina, outras 700 famílias começaram a plantar este ano girassol, também com fins para transformação em biodiesel. A Petrobras também é parceira desse projeto e está comprometida a compra da produção e levar para o beneficiamento na mesma fábrica da Bahia.

Segundo o delegado do MDA no Piauí, Adalberto Pereira, a tendência é a produção aumentar, já que a Petrobras tem interesse em ficar adquirindo a mamona e o girassol.

Edição: Jornal da Parnaíba
Fonte: Robert Pedrosa e Tamires Coelho / Jornal O Dia

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