sábado, junho 27, 2009

Correia Lima será julgado em agosto, afirma Juiz

O ex-tenente-coronel Correia Lima, atualmente recolhido na Penitenciária Fontes Ibiapina, em Parnaíba, a 310 quilômetros ao Norte de Teresina, como acusado de liderar as ações do crime organizado no Estado, sentará no banco dos réus em Agosto, mais uma vez, desta feita como acusado de envolvimento no assassinato do sargento Honório Barros, cujo corpo foi encontrado na avenida Maranhão, no bairro Tabuleta, na zona Sul de Teresina.Na mesma oportunidade, também serão julgados o seu primo José Enilson Couras, o “Courinhas”(preso no Insituto Paulo Salazart, em Fortaleza - CE) e os soldados José Correia Braga Neto e Francisco Moreira do Nascimento (recolhidos em uma das unidades da Polícia Militar.
Segundo o juiz Antônio Reis de Jesus Noleto, eles ainda não foram julgados porque o processo estava em grau de recurso para o Tribunal de Justiça, mas aquela corte confirmou a sentença de pronúncia e determinou que os mesmos fossem levados à julgamento pelo Tribunal Popular do Júri.

Quem é Correia Lima

José Viriato Correia Lima (nascido em 1952) é um policial, oficial da Polícia Militar do Estado do Piauí. Foi acusado de chefiar o crime organizado no estado, até ser denunciado e preso, em 1999.

Vida criminosa
Nascido no interior do Ceará, ingressou na Polícia Militar e logo se envolveu em atividades criminosas no estado vizinho, o Piauí. Em 1979, com 27 anos, já chefiava o crime organizado no Estado, estendendo, nos vinte anos seguintes, sua influência junto a políticos, policiais, empresários, juízes e promotores públicos. Mesmo depois de reformado, continuou a desfrutar de enorme poder e comandava de fato a Polícia Militar. Teve estreitas ligações com dois governadores – Alberto Silva e Francisco de Assis de Moraes Souza, o Mão Santa – embora não tenha sido apurado o envolvimento destes nos crimes de Correia Lima.
O grande filão da quadrilha comandada por Correia Lima surgiu com a municipalização das despesas federais com saúde e educação, o que carreou grande quantidade de verbas públicas para municípios do Piauí, Valendo-se de empresas de fachada, que emitiam notas frias relativas a despesas falsas de fornecimentos e serviços, a quadrilha desviou pelo menos cem milhões de reais, que se destinavam à compra de merenda escolar e a serviços comunitários, de 40 prefeituras do Piauí. Todo esse dinheiro era arrecadado por uma empresa de cobrança de propriedade de Correia Lima. A quadrilha também atuava nos Estados do Maranhão e do Ceará.
Os prefeitos que se negassem a participar do esquema eram pressionados e, se resistissem, assassinados. Nove tiveram esse destino.num período de dez anos. Chegou a ser criada no Piauí uma inusitada União das Viúvas de Prefeitos Assassinados, entidade criada para denunciar o descaso do Poder Judiciário piauiense em solucionar os processos referentes a esses homicídios.
Em 1997, o promotor público Afonso Gil Castelo Branco denunciou a existência de uma máfia, formada por policiais civis e militares, que agia em seu Estado. Nessa época, ele investigou 61 policiais de Teresina por crimes como abuso de autoridade, lesão corporal e homicídio. Durante os interrogatórios, descobriu que boa parte dos acusados trabalhava para o escritório do coronel Correia Lima. Denunciou 25 policiais à Justiça, mas apenas um foi condenado. Ameaçado de morte, Castelo Branco passou a viver recluso e andar armado.
As denúncias do promotor só foram adiante em 1999 quando o crime organizado passou a ser objeto de atenção de uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso Nacional e as investigações passaram a ser orientadas pela Polícia Federal. A PF grampeou uma dúzia de telefones dos principais suspeitos de integrar o crime organizado no Estado. E obteve 700 horas de gravação, registradas em 350 fitas que, somadas, contêm 2.500 conversas.
Foram reunidas provas que indicavam a ocorrência de pelo menos dez assassinatos cometidos pela quadrilha. Uma das vítimas, o policial civil Leandro Bernardi, era o namorado da filha do coronel. Outra, Arias Costa Filho, era o delegado de polícia que investigava o caso. Uma terceira foi assassinada porque ameaçou denunciar a quadrilha. E, em pelo menos dois casos, os mortos, um motorista e um caseiro de Correia Lima, tinham seguro de vida, feitos pelo próprio coronel, cujos beneficiados eram sua mulher e sua filha.
O então governador Mão Santa Solicitou a prisão administrativa de Correia Lima que seguida foi preso e recolhido a um quartel da Polícia Militar. Junto com ele foram detidos o delegado de polícia José Wilson Torres, ex-presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil, o irmão do coronel, Augusto Correia Lima, um empresário e três soldados da PM. Os irmãos Valdílio e Odival Falcão. respectivamente comandante da PM e chefe da Casa Militar do governador Mão Santa, foram afastados de seus cargos, por suspeita de envolvimento com a quadrilha.
Mesmo na prisão, o coronel continuou no comando de sua quadrilha, pois dispunha de celulares e recebia visitas livremente. Chegou a ordenar assaltos a bancos e o espancamento de um jornalista que o criticava. Por causa disso, esteve durante algum tempo preso no Maranhão.
Julgado e condenado por alguns de seus crimes, em 2007 cumpre pena de 23 anos e 9 meses num quartel da PM do Piauí. Para que pudesse ser transferido para uma penitenciária, o Ministério Público estadual entrou com processo para que Correia Lima perca sua patente de coronel. Atualmente encontra-se preso na Penitenciária Mista Fontes Ibiapiana em Parnaíba.
Diario do Povo/PI e Wikipédia

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