
Em meio a destruição e ao sofrimento de milhares de famílias, surgem os aproveitadores. Mal as águas das enchentes se dispersaram e a população toma consciência real dos seus prejuízos, uma teia silenciosa de contravenção inicia sua articulação em Parnaíba, litoral do Piauí, formando o que o prefeito José Hamilton chama de “indústria da calamidade”.
Semelhante a tão conhecida “indústria da seca”, a “da calamidade” toma corpo com pessoas que não foram atingidas pelas enchentes usufruindo do atendimento emergencial dispensado às reais vítimas.
Para isso existem os agenciadores. Eles são os responsáveis por levar pessoas que não foram atingidas pelas águas, para as áreas afetadas. Misturadas aos homens, mulheres e crianças que realmente amargaram prejuízos com as enchentes, as falsas vítimas barganham os produtos do atendimento emergencial, como cestas básicas e colchões. O prefeito José Hamilton explica que os tais agenciadores recebem percentuais pelos benefícios conseguidos. “É mais ou menos o que acontece em Teresina, no pólo de saúde, onde existem os agenciadores que levam os pacientes para as clínicas e pensões”, compara.E o que acontece no litoral piauiense não é fato isolado. De acordo com o gestor municipal, “indústrias” desse tipo existem em todo o país. “Nesse mundo existe gente pra tudo...”, lamenta Hamilton.Segundo ele, a atuação dos aproveitadores e das falsas vítimas apenas reforça a necessidade de uma atuação mais planejada e cautelosa no atendimento aos alagados, para que as verbas e projetos não sejam direcionados para as pessoas erradas.
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