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Prédio da Eletrobras em Parnaíba |
Eletrobrás Piauí pode ser privatizada, diz Valor
Econômico. Segundo reportagem do Jornal Valor Econômico, administração de Di
lma
é mais favorável à privatização.
O Jornal Valor Econômico, prestigiada
publicação de circulação nacional, publicou reportagem nesta segunda-feira (22)
afirmando que a Eletrobrás Piauí, juntamente como as outras cinco
distribuidoras de energia federalizadas, poderão ser privatizadas. Segundo a
reportagem, embora ainda não haja um estudo sobre isso, a possibilidade delas
serem vendidas à iniciativa privada, como aconteceu com diversos outros
estados, é grande. Confira a íntegra da reportagem abaixo:
Governo discute privatização de federalizadas
A possibilidade de privatização de alguns ativos do setor elétrico começa a se
tornar uma opção viável e a ser estudada dentro do governo federal. O alto
escalão já considera essa a melhor alternativa para as distribuidoras
federalizadas que atuam em seis Estados do Norte e Nordeste do país, que estão
hoje sob o guarda-chuva da Eletrobras. Mesmo petistas de carteirinha, em cargos
estratégicos no setor elétrico, já aceitam a ideia e inclusive a defendem.
O Valor esteve com seis fontes importantes na Eletrobras, na Agência Nacional
de Energia Elétrica e no Ministério de Minas e Energia. Todos dizem a
mesma coisa: "sim, a privatização é possível". Esse, admitem, seria o
caminho para melhorar a qualidade do serviço prestado pelas distribuidoras
Amazonas Energia, Boa Vista Energia, Eletroacre, Ceron (Rondônia), Cepisa
(Piauí) e Ceal (Alagoas).
A pecha da "privatização" é o maior obstáculo - por ser político - a
ser superado e por isso ainda nenhum estudo formal foi solicitado. Mas se no
governo de Luiz Inácio Lula da Silva qualquer discussão sobre o assunto era
terminantemente proibida, desde que a presidente Dilma Rousseff apoiou e determinou
o programa de concessão dos aeroportos a postura entre os colaboradores da
presidente no setor elétrico mudou.
A ideia circula por várias instâncias e conversas com executivos de importantes
fundos de pensão já foram travadas
Diversas soluções estão sendo vislumbradas para se fugir dessa questão
política. Entre elas, uma das preferidas é a de tratar a privatização como uma
"parceria público e privada", ou seja, vender o controle mas deixar a
Eletrobras como sócia - a exemplo do modelo dos aeroportos em que a estatal
Infraero será sócia dos investidores privados.
A ideia circula por várias instâncias e até conversas informais com executivos
de importantes fundos de pensão já foram travadas para se saber o interesse
nesse tipo de negócio. Os fundos se interessam, mas o modelo de negócios a ser
definido seria fundamental, pois eventualmente envolveria a abertura de capital
dessas empresas. Fora dos fundos de pensão, há também interesse. Comprar
empresas como a Cepisa, que atua no Piauí, sempre foi um desejo declarado, por
exemplo, da Equatorial Energia, que hoje é dona da Cemar (Maranhão), vizinha à
Cepisa, e que ainda não conseguiu expandir sua atuação no setor elétrico.
Se a decisão for levada adiante e, principalmente, aceita politicamente, a
expectativa do setor privado é de que a privatização comece a ser aceita também
dentro de governos estaduais que têm hoje distribuidoras de energia com sérias
dificuldades econômico-financeiras ou problemas com qualidade do serviço. Entre
os exemplos estão a CEB, que enfrenta os problemas de anos sem investimentos
que culminaram com queda na qualidade dos serviços.
A Celg, que atua em Goiás, também enfrenta problemas e busca um sócio para
capitalizar a empresa que está altamente endividada, mas tem sido difícil
conseguir sócios sem entregar o controle. A empresa de distribuição de Goiás
precisa apresentar um plano de recuperação para a Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) e evitar um processo de caducidade da concessão, em que o
Estado poderia perder o direito de operar a companhia. As eleições em Goiás,
entretanto, foram marcadas pelas promessas de não se privatizar ativos.
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O fim das concessões a partir de 2015 também pode ser usado como caminho para
se buscar uma alternativa à privatização. Em entrevista publicada na semana
passada pelo Valor, o diretor da Aneel, Julião Coelho, propôs que o governo
permita a possibilidade de prorrogação desde que a agência tenha a prerrogativa
de analisar, com base em critérios objetivos de qualidade e capacidade
financeira, aqueles que podem permanecer com a concessão. Com isso, as empresas
em dificuldades poderiam ter seus controladores alterados em novos processos de
licitação e os atuais donos receberiam indenização pelos investimentos que
realizaram e não foram amortizados.
Toda essa discussão em torno de privatização começou a se fazer necessária
depois que a administração da Eletrobras começou a perceber que seus esforços
para melhorar a qualidade de suas distribuidoras não surtiram efeitos. São seis
as concessionárias que há anos sangram o caixa da empresa. Desde 2008, só em
conversão de dívidas em capital, as distribuidoras já consumiram cerca de R$ 5
bilhões da estatal, sem contar volume parecido que foi investido ao longo dos
últimos dez anos. Mesmo assim, os prejuízos têm sido constantes e os índices de
qualidade e perdas não estão a contento. A mais problemática é a Amazonas
Energia, que tem sob seu atendimento toda a indústria da Zona Franca de Manaus.
Apesar das injeções de capital em anos anteriores nas distribuidoras, os
balanços publicados em 2011 pela Eletrobras apresentaram um dado preocupante.
Até o primeiro trimestre, o passivo de curto prazo estava a descoberto em R$
750 milhões. Situação que levou os auditores privados da empresa a descreverem,
pela primeira vez em suas notas de balanço, que há dúvidas sobre a continuidade
operacional dessas companhias. O então diretor presidente das distribuidoras,
Pedro Hosken, quando esse passivo se apresentou pela primeira vez, afirmou que,
sendo essas empresas públicas, só no longo prazo seria possível resolver o
problema. Mas a Eletrobras já administra a situação dessas companhias há mais
de dez anos.
O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, diz que a empresa está
empenhada em fazer investimentos para melhorar a qualidade dos serviços. Neste
ano, vai investir R$ 897 milhões nas empresas e, entre 2012 e 2014, mais de R$
1,1 bilhão.
Jornal da Parnaíba