EVOCAÇÃO DA PARNAÍBA

Porto das Barcas, Rio Igaraçu, Parnaíba, Norte do Brasil - Foto: Jairo Nunes Leocádio

Parnaíba!
Sim a Cartago, Fenícia de Berilo Neves
Sim à Civilização do rio Igaraçu e dos altos comerciantes e exportadores
do Norte do Brasil continental para a Europa e para a América
Sim à Parnaíba dos Vareiros e do Porto das Barcas
Também a Parnaíba que percebi ao desejar bem depois de tudo, viver
plenamente no azul da minha infância
Parnaíba da Proclamação da Independência,
do poeta Leonardo,
a Metrópole das Províncias do Norte,
Parnaíba do Simplício Dias da Silva, do Evandro Cavalcanti Lins e Silva,
do Francisco Cláudio de Almeida Santos e do Reginaldo Santos Furtado
A processão duradoura de Humberto de Campos,
a renovação arquitetônica do Valdeci Cavalcante
e a procedência inesquecível de Benjamim Santos

Pátria da origem das histórias de Assis Brasil,
Renato Castelo Branco e Everaldo Moreira Véras,
os meus prepostos fantasistas
Parnaíba sempre amada e louvada

A minha amabilíssima avó Maria José Ferreira Sousa
dizia baixinho, somente para mim:
não há rosas sem espinhos
nem amores sem ciúmes

Vovó sabia muito e conhecia tudo
e complementava:
segredo de dois, segredo de Deus;
segredo de três, o diabo o fez

Parnaíba, leito do menino perdido
na beira do cais,
marujo embarcado no mar e no sol
da praia da Pedra do Sal,
muito além das outras paragens revividas
e sentidas nos olhos sinceros
da inocência

Pequena, tão pequena lembrança
da minha terra aparente de muitas dores,
meu o coração à deriva,
permanente, afogado no silêncio

Parnaíba!
A noite avança,
o frio abrasa a minha existência
Ao longe, atravesso os tempos do antes
e quase nada esqueço,
visto que a planta dos meus pés calejados de tanto flanar
por casas antigas, por praças bonitas,
por moradas novas,
por ruas e avenidas parnaibanas
esmagou o meu chão luzidio do nascimento

Ai! e ai! e ai! e ai!
são os clamores do vento Nordeste
a galgarem de agosto a outubro
na Parnaíba do meu passado,
da minha completa saudade

• Brasília, Capital da República, 2025.
• Poema de Diego Mendes Sousa
• Fotografia de Jairo Nunes Leocádio
• Porto das Barcas, Rio Igaraçu, Parnaíba, Norte do Brasil