Homem morreu em 2024 com sintomas semelhantes aos das 4 vítimas que foram a óbito neste ano após comer baião-de-dois envenenado.
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Família morreu no Piauí após comer baião-de-dois envenenado • Reprodução |
O ex-marido de Francisca morreu em 2024, após apresentar sintomas como
náuseas e vômitos. O diretor-geral do Departamento de Polícia Científica,
Antônio Nunes, confirmou à CNN nesta segunda-feira (14) que os
indícios apontam para a possibilidade de que o homem também tenha sido vítima
de envenenamento.
A suspeita é que Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos,
possa ser o responsável pela morte. Ele foi preso na última quarta-feira
(8) em Parnaíba, no litoral do Piauí, após ser apontado como o principal
suspeito de envenenar nove pessoas de sua própria família, incluindo ele mesmo.
Segundo a Polícia Civil, a prisão preventiva foi solicitada devido ao “total desprezo” demonstrado por Francisco em relação aos filhos da enteada Francisca Maria, que morreu por envenenamento, além das contradições em versões sobre o caso durante os depoimentos prestados.
O envenenamento ocorreu durante o almoço do dia 1º de janeiro, quando
nove pessoas de uma mesma família apresentaram sintomas de intoxicação – o que
resultou na morte de quatro pessoas. A prisão foi determinada para assegurar o
andamento da investigação.
Contexto familiar
Em entrevista coletiva realizada na última quarta-feira (8), o delegado
Abimael Silva, responsável pelo caso, explicou o contexto da moradia e
convivência da família.
“Francisco de Assis Pereira da Costa é um dos moradores da residência
onde ocorreu o crime. Ele é companheiro de Maria dos Aflitos, mãe de oito
filhos, sendo que seis moram na casa. Entre eles, estava a senhora Francisca
Maria, a última vítima adulta, e que também tinha três filhos que residiam no
local. Então, era uma casa pequena, que acomodava 11 pessoas. Era um espaço
insuficiente”, esclareceu Abimael.
Segundo o delegado, com base nas investigações e no material coletado
até o momento, todos os indicativos apontam para Francisco como o responsável
pelo crime. No entanto, Abimael reforçou que a investigação continua em
andamento, com um prazo de 30 dias para a conclusão do inquérito policial,
podendo ser prorrogado –mesmo prazo da prisão temporária de Francisco.
Para chegar ao suspeito, foi necessário fazer uma breve cronologia do
crime. De acordo com as investigações, na noite anterior, no dia 31, a família
preparou o baião-de-dois em uma panela grande, deixada em cima do fogão. Todos
se serviram do alimento, inclusive as crianças, e ninguém passou mal naquele
momento.
“O veneno utilizado, o terbufós, tem uma característica peculiar: seus
sintomas começam a aparecer entre 30 minutos e uma hora após o consumo, e
atingem o pico entre uma e quatro horas. O preparo do alimento ocorreu na noite
anterior à festa, que terminou por volta das 3h ou 4h da manhã, quando
Francisco de Assis, responsável por fechar a casa, revelou que se deitou e foi
o último a trancar a residência. Não houve relatos de pessoas estranhas
entrando no local”, explicou o delegado.
Segundo a polícia, durante os depoimentos, Francisco se mostrou
contraditório em relação ao seu envolvimento com o preparo do alimento
envenenado, além de demonstrar um histórico de hostilidade e ressentimento em
relação à vítima Francisca Maria e sua família.
“Ele deu mais de três versões do que aconteceu nesse intervalo. (…)
Além de ter um desprezo completo pelos filhos da dona Francisca, aos quais ele
chamou de primatas, viviam como uma tribo de índios, pessoas não higiênicas,
pessoas que ele não queria conviver, mas suportava. Em específico para a dona
Francisca Maria, ele disse que ela era uma criatura que tinha a mente boba,
tola, matuta, morta de preguiça, não serve para nada, praticamente quase
inútil”, reportou o delegado sobre o depoimento de Francisco.
Por: Gabriela Bento | cnnbrasil
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